Incêndios afetaram mais de 16.000 alunos em Portugal em 2024

Mais de 16.000 estudantes foram afetados por interrupções escolares em Portugal devido a incêndios florestais em 2024, indica um relatório da Unicef sobre os riscos climáticos e o ensino divulgado hoje, Dia Internacional da Educação.

© LUSA/PAULO CUNHA

“Aprendizagem interrompida: panorama global das interrupções escolares relacionadas com o clima em 2024” é o título do documento que, segundo um comunicado do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), “apresenta, pela primeira vez, uma análise dos riscos climáticos que causaram o encerramento de escolas ou interrupções significativas nos calendários escolares” e o seu impacto nas crianças, do pré-escolar ao ensino secundário.

Em Portugal foram afetados 16.093 estudantes devido aos incêndios, cujos impactos vão “desde a destruição de infraestruturas escolares até à suspensão de aulas por razões de segurança”.

Estes impactos, além de limitarem o acesso à educação, afetam o bem-estar físico e emocional das crianças, acentuando desigualdades já existentes e ameaçando o futuro dos alunos.

Mas os fenómenos climáticos extremos, como ondas de calor, ciclones tropicais, tempestades, inundações e secas, prejudicaram no ano passado o ensino de pelo menos 242 milhões de estudantes em 85 países.

“Estes fenómenos intensificaram ainda mais os desafios já existentes no setor da educação”, assinala a análise.

Neste contexto, a Unicef pede aos líderes globais e ao setor privado medidas urgentes “que protejam as crianças dos crescentes efeitos das alterações climáticas”, incluindo “integrar, explicitamente, a educação para as alterações climáticas nos currículos educativos e abordar os impactos das alterações climáticas na educação nas políticas e planos nacionais”.

A agência da ONU quer também que aumente o financiamento para melhorar a resiliência climática do setor da educação e que se reforce a recolha de dados sobre os impactos dos fenómenos climáticos na educação.

“A educação é um dos serviços mais afetados pelas perturbações causadas por fenómenos climáticos, mas é frequentemente ignorada nos debates políticos, apesar do seu papel essencial na preparação das crianças para se adaptarem às alterações climáticas”, disse a diretora executiva da UNICEF, Catherine Russell, citada no comunicado.

“O futuro das crianças deve estar no centro de qualquer planeamento e ação climática”.

O relatório identifica as ondas de calor como o principal risco climático a nível mundial, em 2024, assinalando que mais de 118 milhões de estudantes foram afetados pelo fenómeno, nomeadamente devido ao encerramento de escolas, apenas no mês de abril.

“Nesse período, o Bangladesh e as Filipinas enfrentaram encerramentos generalizados de escolas, enquanto no Camboja os horários escolares foram reduzidos em duas horas diárias”.

A análise aponta ainda temperaturas superiores a 47°C em algumas áreas da Ásia do Sul em maio, mês em que inundações destruíram mais de 110 escolas no Afeganistão.

“O sul da Ásia foi a região mais afetada pelas interrupções na educação relacionadas com o clima, com 128 milhões de estudantes impactados, enquanto 50 milhões de estudantes em toda a Ásia Oriental sofreram perturbações semelhantes”.

O Fundo da ONU para a Infância refere trabalhar em parceria com governos e aliados para apoiar a adaptação climática e a construção de infraestruturas escolares resilientes que protejam as crianças contra fenómenos meteorológicos extremos, dando o exemplo de Moçambique, onde os ciclones são recorrentes e mais de 150.000 estudantes foram afetados nos últimos dois meses.

“Em resposta, a UNICEF apoiou a construção de mais de 1.150 salas de aula resistentes ao clima em cerca de 230 escolas”, adianta o comunicado.

Últimas do País

A Cloudfare anunciou esta terça-feira estar a investigar uma falha na sua rede global que provocou a 'queda' de vários clientes, como a rede social X, o 'chatbot' ChatGPT e o videojogo 'League of Legends'.
A Polícia Judiciária deteve no aeroporto de Lisboa, em três ações distintas, três mulheres estrangeiras, entre os 20 e os 39 anos, suspeitas do crime de tráfico de droga, indicou esta terça-feira a PJ.
Nos primeiros 10 meses de 2025, foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ) 269 suspeitos de crimes sexuais, mais do que em todo o ano de 2024, quando foram detidos 251, revelou hoje o diretor da instituição.
O antigo governante e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara foi detido na segunda-feira pela PSP, em Lisboa, para cumprir os dois anos e meio da prisão que restam devido aos processos Face Oculta e Operação Marquês.
O consumo global de antibióticos em Portugal aumentou 8% entre 2019 e 2024, quatro vezes mais do que a média de 2% registada nos países da União Europeia, revelou hoje o Infarmed no Dia Europeu do Antibiótico.
Mais de 35 mil pessoas morrem anualmente devido a infeções resistentes aos antibióticos, estimou hoje o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), alertando que a resistência antimicrobiana continua a aumentar na Europa.
Quase 11.900 mil médicos aderiram ao regime de dedicação plena no SNS, num investimento superior a 300 milhões de euros, segundo dados oficiais avançados à Lusa, que indicam haver maior concentração nas grandes unidades hospitalares e universitárias.
As urgências do SNS registaram quase 16 milhões de atendimentos entre 2022 e junho de 2024, uma procura elevada que é mais do dobro da média verificada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Mais de 43.000 idosos que vivem sozinhos ou em situação de vulnerabilidade foram sinalizados este ano pela GNR e os distritos de Guarda e Vila Real são aqueles onde mais foram detetados, informou a corporação.
O Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) instaurou desde setembro 11 processos contraordenacionais por incumprimento Regime Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC) em empresas e já tem inteligência artificial a ajudar no trabalho de fiscalização.