AS MALOGRADAS CONDECORAÇÕES DA PRESIDENCIA DA REPÚBLICA

Está envolto em polémica a condecoração a António de Spínola a título póstumo, não por ter sido o primeiro Presidente da Républica pós 25 de Abril, mas por ter sido membro da Junta de Salvação Nacional.
Entretanto passaram pela presidência, antes de Marcelo Rebelo de Sousa, em mandatos de 10 anos cada um, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva. Soares condecorou 2500 personalidades, Sampaio mais de 2300 e Cavaco Silva cerca de 1500.

Foram condecorados terroristas como Otelo Sarava de Carvalho (por Ramalho Eanes, numa altura que já se sabia que era este o cabecilha das FP 25 de Abril) e não se ouviu a esquerda a se insurgir. Camilo Mortágua, outro terrorista responsável por assalto a bancos, desvio de aviões, sequestro de navios de inocentes passageiros, entre outros crimes, condecorado pelo Presidente da República Jorge Sampaio que lhe atribuiu a condecoração de Grande Oficial da Ordem da Liberdade a 10 de junho de 2005. Não se ouviu a esquerda a se insurgir.
Mário Soares, durante a sua magistratura como Presidente da República, quis distinguir Palma Inácio com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, mas o Conselho das Ordens opôs-se. Palma Inácio, que conjuntamente com Camilo Mortágua, assaltou bancos, desviou aviões, assassinou inocentes no ataque ao navio Santa Maria. A 10 de maio de 2000, Jorge Sampaio, sucessor de Mário Soares na Presidência da República, atribuiu-lhe pela mão de Manuel Alegre, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Isabel do Carmo, outra terrorista, responsável por atentados bombistas das Brigadas Revolucionárias, foi julgada e condenada no tribunal da Boa-Hora, em Abril de 1980, a 11 anos de prisão, por cumplicidade e encobrimento nos assaltos e atentados à bomba das BR. Foi amnistiada e em 2004 foi condecorada pelo presidente Jorge Sampaio com o grau de grande oficial da Ordem da Liberdade. Comendadora!
Entre outros condecorados estão Valentim Loureiro, Carlos Cruz, Armando Vara e até José Sócrates.

Mas o caso mais aberrante é o de Rolão Preto, fascista assumido que em fevereiro de 1933 o Movimento Nacional-Sindicalista, à semelhança do Partido Nacional-socialista de Adolf Hitler, personagem que admirava chegando ao ponto de até o bigode copiar. O Movimento Nacional-Sindicalista era conhecido pela designação camisas-azuis, que usavam como uniforme, à semelhança dos camisas castanhas nazis. Sendo um movimento de inspiração cristã, usavam uma braçadeira com a Cruz de Cristo, seu símbolo máximo. Fizeram comícios uniformizados, durante os quais utilizavam a farda nazi em voga nas organizações nacionalistas da época, conseguindo forte apoio nas universidades e na oficialidade mais jovem do Exército português.

Em 29 de Julho o nacional-sindicalismo é proibido por meio de uma nota oficiosa de Salazar, que afirma que o movimento se inspirava «em certos modelos estrangeiros», nomeadamente o fascismo italiano. E o fascista era Salazar!

É condecorado por Mário Soares (enquanto Presidente da República), em 10 de Fevereiro de 1994, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a título póstumo. O anti fascista condecorou um fascista. Faz sentido?
Marcelo Rebelo de Sousa já condecorou 1500 personalidades. Lula da Silva, um corrupto acusado, julgado e condenado à prisão no âmbito da Operação Lava Jato. Em 2014, com o início da Operação Lava Jato, investigadores passaram a apurar desvios bilionários ocorridos na Petrobras durante os governos Lula e Dilma. O esquema, intitulado “Petrolão”, envolvia a cobrança de propina das empreiteiras, assim como lavagem de dinheiro e superfaturamentos de obras públicas, como meio de financiar políticos, funcionários, partidos e campanhas eleitorais.

Em 2019, foi liberto com base em decisão do Supremo Tribunal Federal, que anulou paulatinamente suas condenações, apesar da prova incontestada. Condecorado por Marcelo que atribuiu a Lula o Grande Colar da Ordem de Camões e à mulher, Janja, a Grande Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique. Tristeza!

Teófilo Braga, Alexandre Herculano, Fernando Pessoa e, notem bem, Pedro Passos Coelho foram das poucas personalidades que recusaram distinções honoríficas em Portugal. Porque os bons não necessitam dessas distinções, basta o seu nome e os seus feitos.

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