“Os militares de Myanmar atacaram uma aldeia que albergava centenas de civis deslocados no Estado de Kachin a 9 de outubro de 2023, matando 28 civis, incluindo 11 crianças, cometendo um aparente crime de guerra”, afirmou em comunicado a ONG, referindo-se a um “ataque noturno a Mung Lai Hkyet, que também feriu mais de 60 pessoas e causou grandes danos a estruturas civis” e que “não pareceu visar um objetivo militar”.
A Human Rights Watch diz não ter encontrado provas da presença de grupos armados da oposição nas proximidades da aldeia na altura do ataque.
“Os repetidos ataques e bombardeamentos dos militares de Myanmar a uma aldeia cheia de pessoas deslocadas foram ilegalmente deliberados ou indiscriminados”, disse Manny Maung, investigador da ONG em Myanmar.
Mung Lai Hkyet situa-se a cerca de cinco quilómetros do quartel-general do Exército de Independência Kachin (KIA) em Laiza, perto da fronteira com a China, salientou a HRW, lembrando que “há décadas que o KIA está em conflito com o exército de Myanmar, que tem um longo historial de crimes de guerra no Estado de Kachin e noutros locais”.
“Os confrontos no Estado de Kachin aumentaram desde que o KIA se opôs ao golpe militar em Myanmar em fevereiro de 2021, provocando novas deslocações para zonas como Mung Lai Hkyet. O KIA também tem estado a treinar recrutas para novos grupos armados que se opõem à junta [militar] de Myanmar”, pode ler-se na mesma nota.