Afinal quem ganhou a 1º Guerra Mundial?

Ensinam nos livros escolares da escola que foram os aliados (Reino Unido, França e Rússia) que venceram a 1ª Grande Guerra contra os Impérios Centrais (Alemanha e Áustria-Hungria). Mas terão sido mesmo?

As forças britânicas lançaram a última ofensiva com a Batalha de Albert em 21 de agosto de 1918. O ataque foi ampliado pelos franceses e depois por outras forças britânicas nos dias seguintes. Durante a última semana de agosto, a pressão aliada ao longo de uma frente de 110 quilómetros contra o inimigo era pesada e implacável. Das contas alemãs, “cada dia foi gasto em lutas sangrentas contra um inimigo cada vez maior e as noites passavam sem dormir em retiradas para novas linhas”

Mas houve um acontecimento importante que resultou na vitória dos aliados que os livros escolares não falam: A gripe espanhola de 1918-1919. Pode parecer incrível que no século XX, marcado por duas guerras mundiais e tantas outras, como o Vietnam, por exemplo, o evento que mais matou tenha sido esta gripe. As estimativas apontam para 50 milhões de mortos, mas poderá ter sido o dobro. 500 milhões em todo o mundo foram afectados. Em Portugal matou perto de 100 mil pessoas. Se tivermos em conta que Portugal perdeu 10 mil homens nessa guerra, com a gripe espanhola, perdeu dez vezes mais.

Por causa da censura (não, não foi invenção de Salazar) não havia notícias sobre a gripe. Era assim em Portugal e noutros países envolvidos na Grande Guerra sendo os principais focos de contágio a frente de batalha.

Espanha era neutral, mas andava à luta com a gripe. Uma vez que não havia censura exercida sobre a imprensa, os noticiários e jornais espanhóis eram fartos em relação à gripe. Como as notícias vinham de Espanha, criou-se a ilusão que a gripe provinha de Espanha, chamando-se erradamente Gripe Espanhola. Atendendo à escassa população, Portugal teve uma das mais elevadas taxas de mortalidade associada à gripe em toda a Europa.

Uma teoria determina que a doença terá despertado nos EUA, já que o primeiro caso registado da gripe pneumónica é de um cozinheiro do Exército Americano, no Kansas. Como o início da gripe na frente de batalha é colocado em Abril de 1918, não é de todo de repudiar a tese que chegou à Europa transportada por soldados americanos que desembarcaram nos portos franceses. 

Sem dúvida que a Grande Guerra foi o principal evento facilitador da pandemia, tendo em conta a diversidade de nações beligerantes. Neste tipo de guerra em que os combates corpo a corpo eram frequentes, facilmente o vírus passou para o outro lado da “terra de ninguém”. E num ápice cobriu toda a França, o Reino Unido, Itália e Espanha e Portugal. Chegou à Rússia e à austrália.

A gripe perturbou claramente as operações militares, fragilizando os exércitos e é um dos factores que influenciaram o desfecho da guerra. A Europa, em Setembro, estava totalmente tomada pela nova vaga.

Se era entre as populações civis que a gripe mais atacava, no campo de batalha roubou cerca de 900 mil soldados alemães. Sem tempo para as populações se refizessem da primeira vaga, o vírus voltou transformado, de norte para sul, muito mais virulento, muito mais mortal. Como vinha do norte, dizimou por completo as tropas alemães estacionadas na frente de batalha, pelo que quando se deu a derradeira batalha que trouxe a vitória aos aliados, já praticamente não havia soldados alemães para combater. Tivesse a nova vaga vindo de sul para norte e o desfecho da guerra seria certamente outro.

Nunca o termo pandemia, em que o prefixo “pan” significa totalidade, foi tão bem aplicado. E afinal quem ganhou a guerra contra os alemães foi a gripe pneumónica. Daí a raiva e a humilhação que a Alemanha sentiu ao assinar o Armistício de Compiègne a 11 de novembro de 1918, e que deu origem a uma tentativa de saldar as contas, com a segunda guerra mundial. 

A História tem destas coisas!

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