Sindicato Independente dos Médicos alerta que SNS tem “problema de gestão”

O novo secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos alertou que “há um problema de gestão” no Serviço Nacional de Saúde (SNS), argumentando que o aumento do orçamento nos últimos nove anos não se refletiu nos salários dos profissionais.

© Facebook do Sindicato Independente dos Médicos

 

Em entrevista à agência Lusa, Nuno Rodrigues disse que o orçamento do SNS aumentou 72% entre 2015 e 2024, passando de 7.874 milhões de euros para 13.506 milhões de euros.

No mesmo período, o salário bruto de um médico no primeiro grau da carreira subiu 19%, aumentando de 2.746 euros para 3.281 euros.

“Há aqui um problema de gestão e tem de se perguntar para onde foi o dinheiro. Para os médicos não foi claramente. E, portanto, há aqui um problema de gestão que tem de ser resolvido”, disse o especialista em Saúde Pública na primeira entrevista desde que foi eleito secretário-geral, no dia 23 de março, no Congresso Nacional do SIM, substituindo Jorge Roque da Cunha.

Nuno Rodrigues defendeu, por outro lado, que “a forma mais competitiva” do Estado conseguir não ter um aumento da despesa pública em saúde é a contratação coletiva, neste caso, com os médicos.

Questionado se concorda com o recurso aos setores privado e social para aliviar a sobrecarga no SNS, afirmou que o sindicato não vê essa questão como relevante “no sentido de que o mais importante é que as pessoas realmente tenham acesso à saúde em Portugal”.

Defendeu, contudo, que “a forma mais competitiva” do Estado conseguir não ter um aumento da despesa pública em saúde é a contratação coletiva, neste caso, com os médicos.

“Se o SNS for competitivo e o setor social e privado forem supletivos nas falhas que possa haver isso é importante, mas tem de haver um reforço na eficiência do Serviço Nacional de Saúde e na sua competitividade, porque é disso que se trata”, defendeu Nuno Rodrigues que iniciou a atividade sindical em 2015 e fazia parte do secretariado nacional do SIM desde 2018.

Sobre o novo Executivo, Nuno Rodrigues disse esperar que, “apesar de ser minoritário, seja um Governo de ação e de medidas concretas” e que “mostre serviço a favor dos portugueses e neste caso da saúde dos portugueses que tão maltratada tem sido”.

O médico apontou como um dos “grande problemas” que tem de ser combatido “as desigualdades” no acesso aos cuidados de saúde.

“O SNS é muito grande e não há um SNS, há vários SNS. Há um SNS para quem está em Lisboa e Vale do Tejo, há um SNS para quem está em Bragança e há um SNS para quem está no Porto. E este é um dos grandes problemas que eu espero ver endereçado por um Governo nacional”, defendeu.

Para Nuno Rodrigues, “não é a fechar as urgências rotativamente ou a alternar o fecho de urgências e limitar o acesso” que se diminui as desigualdades.

“Isso é feito dando condições à fixação de profissionais” nas zonas “mais críticas”, através da melhoria das condições de trabalho, dando mais autonomia e flexibilidade aos médicos.

Sobre o “Plano de emergência para a saúde”, previsto no programa eleitoral do atual Governo, para realizar até 2025 e que visa atribuir um médico de família a todos os portugueses e resolver o problema das listas de espera, o sindicalista disse ser difícil que seja concretizado “num prazo tão curto”.

No que respeita a haver 1,5 milhões de portugueses sem médico de família, considerou que as metas previstas “terão de ser revistas”.

Quanto ao “Plano de motivação dos profissionais de saúde”, que também consta do programa, o dirigente sindical disse esperar que melhore as condições de trabalho dos médicos em termos de material para poder trabalhar, de compatibilização de horários do trabalho com a família.

“Esse conjunto de ações no local de trabalho é que vão realmente trazer também uma maior tranquilidade e uma menor preocupação dos médicos para se focarem no que deve ser o seu único objetivo, que é tratar os doentes”, afirmou ainda.

Últimas do País

Victor Hugo Salgado é alvo, pela segunda vez, de um inquérito por violência doméstica, desta vez envolvendo o filho de dez anos. O primeiro processo dizia respeito a suspeitas de agressão à mulher.
O Tribunal de São João Novo, no Porto, começou hoje a julgar nove arguidos por dezenas de crimes de burlas através da utilização de informações das operadoras de telecomunicações, sendo que a "mentora e principal autora" admitiu parte dos factos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou hoje que 5% da população portuguesa vive sem água potável segura e 7% sem saneamento seguro, alertando que essas falhas são responsáveis por 18% das mortes por diarreia.
O Serviço Nacional de Saúde precisava de mais de 14.287 profissionais para substituir as cerca de 20 milhões de horas de trabalho complementar realizadas em 2022, o que representaria um acréscimo de 10% da sua força de trabalho.
A Transparência Internacional Portugal considerou hoje que as suspeitas de corrupção no combate a incêndios representam "um sério atentado à integridade da contratação pública" na Defesa, alertando para os riscos da criação de uma via verde no setor.
A Polícia Marítima está hoje de manhã a realizar uma operação de fiscalização à pesca da sardinha em várias zonas do país, incluindo na doca de pesca de Matosinhos, disse à Lusa fonte da Autoridade Marítima Nacional (AMN).
A Comissão de Utentes dos Transportes Públicos do Seixal pediu uma reunião de urgência com a administração da Transtejo Soflusa, face ao “sistemático incumprimento de horários e de ligações suprimidas nas ligações fluviais entre o Seixal e Lisboa”.
Um homem de 22 anos e uma jovem de 16 anos foram detidos por suspeita de estarem envolvidos no atropelamento de um polícia, segunda-feira, após desobedecerem à ordem de paragem na Ponte 25 de Abril, informou hoje a PSP.
Os dois detidos em prisão preventiva por suspeitas de incendiarem um autocarro nos tumultos após a morte de Odair Moniz foram libertados a pedido do Ministério Público, que mantém o caso em segredo de justiça e em investigação.
O reagrupamento familiar vai contribuir para um novo aumento de imigrantes em Portugal, avisou hoje o governo português e a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), com o ministro da Presidência a defender "moderação".