Crianças-soldado usadas por extremistas em Macomia

A Human Rights Watch (HRW) afirmou hoje que extremistas ligados ao Estado Islâmico usaram crianças para invadir e saquear a vila de Macomia, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, no ataque de sexta-feira.

© D.R.

A Organização Não-Governamental (ONG) disse que “não é claro se [crianças] (…) também se envolveram em combates contra as forças armadas governamentais”, mas salientou que “o recrutamento e utilização de crianças com menos de 15 anos como crianças-soldado é um crime de guerra”.

“Várias testemunhas, incluindo familiares dos rapazes, disseram à Human Rights Watch que, entre os combatentes (…) que participaram no ataque, havia dezenas de crianças com cintos de munições e espingardas (…). Duas pessoas da mesma família disseram que reconheceram o sobrinho de 13 anos entre as crianças”, assinalou a ONG.

A investigadora sénior para África da HRW, Zenaida Machado, citada no comunicado, defendeu que “o uso de crianças como soldados (…) é cruel, ilegal e só contribui para os horrores do conflito de Cabo Delgado”, apelando à sua libertação imediata e ao fim do recrutamento.

A Human Rights Watch adiantou que falou por telefone com seis residentes que testemunharam o ataque a Macomia, bem como com dois trabalhadores de ajuda humanitária na região.

Imagens visualizadas pela ONG, “e agora amplamente partilhadas nas redes sociais, parecem mostrar alguns dos combatentes, incluindo uma criança, a transportar armas e a circular livremente perto de um mercado local”, acrescentou.

O Ministério da Defesa Nacional moçambicano confirmou na sexta-feira um “ataque terrorista” à vila de Macomia, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas forças armadas e outro morto.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã de sexta-feira, o ataque à sede distrital de Macomia, explicando que aconteceu numa zona antes controlada pelos militares da missão dos países da África Austral, que está em progressiva retirada até julho.

A vila de Macomia situa-se na estrada Nacional 1 (N1), que faz a ligação aos distritos mais ao norte, casos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Mocímboa da Praia e Palma, pelo que este ataque interrompe igualmente a comunicação por terra aos cinco distritos.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, enfrenta desde outubro de 2017 uma insurgência armada com ataques reclamados por grupos associados ao Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos de gás natural.

Depois de vários meses de relativa acalmia nos distritos afetados, a província de Cabo Delgado tem registado, desde praticamente o início do ano, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes.

Últimas do Mundo

Um menino de dois anos foi esfaqueado mortalmente pelo irmão de seis anos na sua casa, em Joliet, no Estado de Illinois, a sudoeste de Chicago, anunciou hoje a polícia.
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, cujo país preside ao G7 este ano, assegurou hoje ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a centralidade do apoio à Ucrânia no grupo das sete democracias mais poderosas.
A polícia da Indonésia anunciou a detenção de sete pessoas suspeitas de planearem um ataque ao papa durante a visita de Francisco ao país, que terminou na sexta-feira.
O pai do adolescente acusado de abrir fogo numa escola secundária no estado norte-americano da Geórgia (sudeste), e de matar quatro pessoas, foi acusado de permitir que o filho possuísse uma arma, disseram as autoridades.
Quase 1,6 milhões de venezuelanos receberam assistência da ONU, entre janeiro e julho de 2024, através de diferentes organizações locais e internacionais, segundo um relatório divulgado hoje pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).
O Uruguai decidiu na segunda-feira juntar-se a seis países que pediram ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigar a alegada responsabilidade do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em crimes contra a humanidade.
O Governo da Nova Zelândia anunciou hoje um aumento de 285% na taxa de entrada de turistas a partir de outubro, um imposto destinado a ajudar a manter os serviços públicos e a preservar o património.
Mais de 25.500 pessoas chegaram às ilhas Canárias desde o início do ano de forma irregular, em embarcações precárias conhecidas como 'pateras', um aumento de 123% em relação a 2023, revelou hoje o Governo de Espanha.
O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, manifestou-se hoje “horrorizado” com a morte dos seis reféns que estavam em cativeiro na Faixa de Gaza desde outubro de 2023 e pediu um cessar-fogo.
Três polícias israelitas, incluindo uma mulher, foram hoje mortos num “ataque armado” no sul da Cisjordânia ocupada, anunciou o comandante da polícia israelita neste território palestiniano onde o exército israelita conduz uma vasta operação “antiterrorista”.