Albuquerque reitera que combate foi correto e não fará mudanças no executivo

O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, afirmou hoje que não fará mudanças no executivo com base nas críticas à gestão do combate ao incêndio e assegurou que o secretário que tutela a Proteção Civil vai manter-se no cargo.

© Facebook/Luís Montenegro

“[Demitir] o Pedro Ramos? Era o que faltava!”, disse aos jornalistas, reiterando que as decisões tomadas durante o combate ao fogo, que deflagrou a 14 de agosto e hoje está em fase de rescaldo, foram “corretas”.

Miguel Albuquerque falava à margem da sessão solene comemorativa do dia do concelho de São Vicente, na costa norte da ilha, onde assegurou que o secretário regional da Saúde e Proteção Civil vai manter-se no cargo.

“O PSD é um governo minoritário, por isso mesmo é que algumas forças políticas estavam à espera que isto corresse mal, que era para deitar o Governo abaixo”, afirmou, para logo realçar: “O que está em questão não é o incêndio, o que está em questão é a ambição de certas criaturas pelo poder.”

Questionado sobre críticas feitas também por elementos do partido, Albuquerque respondeu que nunca os viu a enfrentar um incêndio.

Já em relação ao CDS-PP, partido que assinou um acordo de incidência parlamentar com o PSD e hoje indicou que vai propor a criação de uma comissão independente para avaliar a gestão do combate ao incêndio, o governante disse não haver problema, mas não esclareceu se a iniciativa terá apoio dos sociais-democratas no parlamento.

“Não tem nenhum problema, acho que podem averiguar o que quiserem”, afirmou, para logo acrescentar: “As decisões que foram tomadas, como eu já disse foram decisões em função daquilo que é a experiência da Proteção Civil, aquilo que são os ditames técnicos de ataque a um incêndio desta natureza, portanto, não tem nenhum problema.”

Miguel Albuquerque admite, no entanto, a possibilidade de o Governo regional cair por falta de apoio na Assembleia Legislativa da Madeira, onde conta com 19 deputados num total de 47 que compõem o hemiciclo.

“Nós somos um Governo minoritário que depende do apoio parlamentar, esse apoio parlamentar depende do apoio político de um conjunto de forças. Portanto, neste momento, uma das forças políticas, se nos retirar o apoio e apresentar uma moção de censura, o Governo cai”, explicou.

O governante insiste, no entanto, que o combate ao incêndio e a gestão das operações devem ser avaliada em função dos resultados.

“Isto não é uma questão política, isto é uma questão de salvaguarda das pessoas, da integridade física, das vidas humanas, das habitações, das infraestruturas públicas e do património natural e os resultados estão à vista”, disse, reiterando não haver feridos, nem casas destruídas, nem infraestruturas públicas essenciais danificadas.

Em relação às suas férias no Porto Santo durante o incêndio, considerou ser tudo “conversa fiada”, vincando ter acompanhado a situação “desde a primeira hora”.

“Isso é apenas tentar aproveitar situações de gravidade e complexidade, que gera de facto uma emoção, as pessoas ficam preocupadas, aproveitar essa situação para tirar dividendos políticos”, considerou.

Miguel Albuquerque agradeceu às famílias dos residentes nas áreas afetadas pelo fogo a “compreensão pelos incómodos”, sublinhando que o seu dever “está cumprido”.

“A minha obrigação enquanto presidente do Governo é, numa situação destas, acompanhar a situação e fazer todo o possível para salvaguardar aqueles que são os valores essenciais de uma sociedade civilizada”, vincou.

O chefe do executivo madeirense disse, por outro lado, que o incêndio está hoje dominado e que os meios estão a ser desmobilizados, sendo que os dois avições Canadair da Força Aérea de Espanha, disponibilizados através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, deixam a ilha esta tarde.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou a 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. Hoje de manhã, ao 11.º dia, a Proteção Civil regional indicou que o fogo está controlado e que os operacionais se mantêm no terreno em operações de rescaldo, controlando alguns pontos quentes.

Nestes dias as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.

O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.045 hectares de área ardida.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.

Últimas do País

O Tribunal Arbitral decidiu definir serviços mínimos para a greve da CP a partir de domingo e até quarta-feira, abrangendo a paralisação marcada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), ou seja, dos revisores e bilheteiras.
O número de inscritos para votar antecipadamente é o maior de sempre, com 333.347 eleitores a aderirem à modalidade, avançou hoje ministério da Administração Interna (MAI).
A Federação Nacional de Professores (Fenprof) anunciou hoje uma greve às novas provas de monitorização das aprendizagens (ModA) do 4.º e do 6.º anos de escolaridade, que substituem as anteriores provas de aferição.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) vai acionar, na segunda-feira, uma operação de dois dias para garantir a segurança dos peregrinos que se deslocam ao Santuário de Fátima.
Cerca de cinco meses após a entrada em vigor da comparticipação de medicamentos para antigos combatentes, ainda há quem não consiga ter este benefício quando vai à farmácia, uma situação que o ministério diz ser residual.
O Infarmed mandou recolher os lotes de soro fisiológico fabricados pela GSL – Produtos Químicos e Farmacêuticos e suspendeu o fabrico nas instalações desta empresa, em São Domingos de Rana (Cascais), onde foram detetadas irregularidades.
A circulação de comboios está hoje parada devido à greve dos maquinistas da CP – Comboios de Portugal, disse à Lusa uma fonte sindical, apontando uma adesão de 100% dos trabalhadores à paralisação.
O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um homem a 22 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado da mulher, em maio de 2024, no concelho de Porto de Mós.
Cerca de 1.700 quilogramas de haxixe, lançados ao mar por tripulantes de uma embarcação de alta velocidade, que fugiram, foram hoje apreendidos no Rio Guadiana, numa operação das polícias portuguesas e espanholas, informou a GNR.
O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) rejeitou hoje que a greve na CP tenha motivações políticas e responsabilizou o Governo pelo transtorno causado às populações, por não cumprir um acordo negociado.