Macron rejeita que detenção de fundador do Telegram seja decisão política

O Presidente francês, Emmanuel Macron, recusou hoje que a detenção em França de um dos fundadores da plataforma digital Telegram, Pavel Durov, tenha resultado de uma decisão política.

© facebook.com/EmmanuelMacron

Pavel Durov, cidadão franco-russo, foi detido na noite de sábado após aterrar num aeroporto perto de Paris, na sequência de uma investigação que aponta para a alegada conivência da plataforma de mensagens instantâneas em crimes que vão desde fraude a tráfico de droga, passando por assédio cibernético, crime organizado e apologia do terrorismo.

“É a Justiça, com total independência, que deve fazer cumprir a lei”, escreveu Macron na rede social X (antigo Twitter), garantindo que a França defende a liberdade de expressão e incentiva o “espírito empresarial”.

Acrescentou, porém, que “tanto nas redes sociais como na vida real, as liberdades devem ser exercidas dentro de um quadro estabelecido pela lei para proteger os cidadãos e respeitar os direitos fundamentais”.

O Telegram garantiu no domingo cumprir as leis europeias.

O Kremlin (presidência russa) considerou “inapropriado” comentar a detenção do fundador do Telegram e negou que tenha existido um encontro recente entre Durov e o Presidente russo, Vladimir Putin.

Aos jornalistas, o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov, referiu que Moscovo ainda não conhece em concreto as acusações.

“Antes de dizer qualquer coisa, devemos esperar até que a situação fique mais clara (…). Sem isso, provavelmente seria inapropriado fazer quaisquer declarações”, respondeu.

Pavel Durov, multimilionário de 39 anos, com dupla cidadania francesa e russa, foi detido sábado no aeroporto de Bourget, no norte de Paris após chegar de Baku, no Azerbaijão, relevou uma fonte à agência noticiosa France Presse.

Putin esteve em Baku no início da semana passada e questionado hoje sobre a coincidência, o porta-voz do Kremlin afirmou que Durov e Putin não se encontraram.

O Telegram também já tinha recusado dias antes da detenção que o seu fundador tivesse viajado expressamente na semana passada para o Azerbaijão para se encontrar com Putin enquanto este realizava uma deslocação oficial.

Segundo a imprensa azeri, Durov terá passado três semanas de férias na costa do Mar Cáspio antes de viajar para França.

A prisão de Durov, que nasceu em São Petersburgo e é residente no Dubai desde 2017, gerou indignação entre políticos russos, que protestaram em frente à embaixada francesa em Moscovo, alegando que Durov está a ser perseguido por não aceitar submeter-se à pressão ocidental.

Alguns ‘media’ lembraram que as autoridades russas tentaram bloquear o Telegram em 2018, mas fracassaram, destacando ainda como o Kremlin pressionou Durov a vender o Vkontakte, o Facebook russo, o que levou à criação do Telegram em 2013 e ao posterior exílio de Durov.

No domingo à noite, a prisão preventiva do fundador da plataforma digital Telegram foi prolongada.

Segundo fonte próxima do caso, o juiz de instrução de Paris responsável por esta investigação judicial, centrada em particular em atos cometidos por um grupo organizado, prolongou a prisão preventiva, que poderá durar no máximo 96 horas.

Findo esse prazo, Pavel Durov poderá ser posto em liberdade ou apresentado àquele magistrado para uma eventual acusação formal.

Últimas do Mundo

O balanço provisório das autoridades angolanas aponta para 22 mortos, 197 feridos e 1.214 detenções, nos dois dias de tumultos registados na província de Luanda, durante uma paralisação de taxistas, avançou o Governo esta quarta-feira.
Dois ex-altos funcionários do futebol chinês foram condenados hoje por crimes de corrupção, elevando para 18 o número de pessoas condenadas desde o início, em 2022, da maior campanha anticorrupção da história recente do futebol do país.
A Comissão Europeia revelou hoje que a plataforma de comércio digital Temu violou a legislação dos serviços 'online' da União Europeia (UE), ao permitir a venda de produtos ilegais.
A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje abusos generalizados contra a oposição na Venezuela, assim como um padrão de "porta giratória", quando alguns políticos presos são libertados para apaziguar os críticos enquanto outros são detidos.
A subnutrição na Faixa de Gaza está a atingir "níveis alarmantes", alertou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmando que o "bloqueio deliberado" da ajuda humanitária custou a vida a muitos habitantes.
O Jubileu dos Jovens começa hoje em Roma, com a participação de jovens peregrinos de 146 países, incluindo 11.500 portugueses, numa representação que está “no ‘top 5’ das maiores delegações presentes.
O Papa Leão XIV denunciou hoje, durante a oração do Angelus, a “grave situação humanitária em Gaza”, considerando que o povo está a ser “esmagado pela fome” e “exposto à violência e à morte”.
O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, disse hoje que o país concordou, em princípio, com um cessar-fogo, mas enfatizou a necessidade de "intenções sinceras" parte do Camboja.
Dezenas de camiões com ajuda humanitária atravessaram hoje a fronteira egípcia de Rafah em direção à Faixa de Gaza, após Israel anunciar uma “pausa tática”, e os Emirados Árabes Unidos pretendem retomar a ajuda aérea aquele território “imediatamente”.
Um juiz brasileiro proibiu hoje acampamentos em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, indiciado por golpe de Estado, em frente às sedes dos três poderes, ministérios ou quartéis-generais das Forças Armadas, em Brasília.