Mais de metade das farmácias reportaram faltas de medicamentos em 2024

Mais de metade das farmácias reportaram no ano passado ao Infarmed falhas de medicamentos e no top 20 dos que mais falharam estão os antidiabéticos e os usados nos casos de hiperatividade e défice de atenção, segundo dados oficiais.

© D.R.

Os dados do Relatório Anual da Gestão da Disponibilidade de Medicamentos relativos a 2024, hoje divulgados, indicam que foram 1.545 as farmácias que notificaram faltas de medicamentos, uma situação que acontece quando não é possível satisfazer a prescrição médica num período inferior a 12 horas.

Quanto aos medicamentos com ruturas notificadas, apenas 14 (menos três do que em 2023) não tinham substituto no mercado, mas ainda assim o Infarmed aplicou medidas de mitigação que impediram o efeito no doente.

No total, o documento diz que das 12.436 apresentações comercializadas, 80% (9.899) nunca esteve em rutura, 17% (2.141) esteve, mas sem qualquer impacto no doente, 3% (377) teve um impacto médio e em 19 (0,2%) o impacto da rutura foi elevado, pois não há substituto no mercado, mas o Infarmed encontrou soluções de mitigação.

Entre os medicamentos cuja rutura teve um impacto considerado elevado estão anti-infecciosos, fármacos para o sistema nervoso central, para o aparelho cardiovascular, hormonas e medicamentos usados no tratamento das doenças endócrinas, medicação antialérgica e fármacos para tratamento de cancro (antineoplásicos e imunomoduladores).

Segundo dados divulgados pela Autoridade Nacional para o Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), para impedir o impacto no utente, o Infarmed aplicou diversas medidas, entre elas a Autorização de Utilização Excecional – ao hospital ou ao distribuidor -, a monitorização das necessidades dos utentes para se fazer uma distribuição limitada.

O relatório refere ainda que no ano passado a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica emitiu 58 pareceres sobre alternativas terapêuticas, uma opção para quando falta um medicamento.

Em 2024, 72% das ruturas (3.160 ruturas notificadas)foram efetivas, enquanto 28% não chegaram a ocorrer porque o risco foi mitigado com as diversas medidas adotadas.

Em declarações aos jornalistas, o diretor da Unidade de Projectos Interinstituicionais e para o Sistema de Saúde do Infarned, Nuno Simões, sublinhou que as roturas não são apenas um problema português, pois acontecem em toda a Europa, e sublinhou que há a nível europeu grupos de trabalho que visam analisar o problema e que tudo está a ser discutido a nível europeu para harmonizar “medidas para garantir maior disponibilidade de medicamentos a nível nacional, de cada país, e salvaguardar melhor os direitos dos doentes”.

Sempre que o titular de Autorização de Introdução no Mercado (AIM) prevê uma interrupção do abastecimento deve notificá-la ao Infarmed, com dois meses de antecedência. Contudo, em mais de metade dos casos esse prazo não foi cumprido.

Aliás, o relatório diz mesmo que se tem verificado “um aumento do incumprimento dos dois meses da notificação antecipada por parte dos titulares de AIM”.

Quanto ao tempo de duração das ruturas, metade apresentou uma duração inferior a dois meses, 23% uma duração entre dois e quatro meses, 11% entre quatro e seis meses e apenas 16% com uma duração superior a seis meses.

Já quanto aos motivos das ruturas, na maior parte dos casos (57,44%) foram atrasos no fabrico ou incumprimento das condições contratualizadas, em 21,17% dos casos deveram-se ao aumento da procura (prescrição ou aquisição) e em 6,01% foi por problemas logísticos como atrasos na entrega devido ao transporte, armazenamento ou distribuição.

Relativamente à situação de escassez de medicamentos prolongada no tempo, o Infarmed tem monitorização os casos de alguns antidiabéticos, medicamentos para a hiperatividade e défice de atenção, para tratamento da insuficiência pancreática, para a erradicação da bactéria Helicobacter pylori, tratar ulceras gástricas e para a hipertensão.

Quanto aos antidiabéticos, sobretudo o semaglutido (nas três dosagens), dulaglutido e liraglutido, que têm escasseado no mercado pois a procura aumentou desde que começaram a ser também usados para perder peso, o Infarmed diz que a escassez se deverá manter durante o ano de 2025.

A escassez destes medicamentos e os dados recolhidos de consumo no mercado levou a autoridade do medicamento a iniciar um processo de auditorias, que deverá estar concluído no final de fevereiro ou início de março, segundo disse o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, na sessão de apresentação do relatório, depois de dois anos sem terem sido apresentados estes dados de gestão de disponibilidade.

Últimas do País

A GNR esclareceu hoje que o aeroporto de Lisboa vai ser reforçado com 24 militares com formação de guarda de fronteira a partir da próxima terça-feira.
Dez Conselhos de Administração de Unidades Locais de Saúde (ULS) terminam hoje os mandatos, entre os quais a ULS de São José, em Lisboa, indicou à Lusa a direção executiva do SNS.
O orçamento da Lei de Programação Militar (LPL) foi reforçado em 221 milhões de euros em 2025, cinco vezes acima da dotação inicial, reflexo do investimento associado ao objetivo dos 2% do PIB em defesa, anunciou hoje o Exército.
A ASAE apreendeu 21 carcaças de animais e instaurou cinco processos-crime por abate clandestino durante uma operação realizada nos últimos dias em Leiria, Viana do Castelo, Braga, Porto e Porto de Mós, indicou hoje aquele organismo.
O aeroporto de Lisboa vai ser reforçado com 10 militares da GNR que começam a trabalhar no sábado, depois de receberam “uma ligeira formação” na sexta-feira, revelou hoje à Lusa fonte policial.
O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, tem atualmente o mais longo tempo de espera para doentes urgentes, com três horas, enquanto o Hospital Amadora-Sintra conseguiu reduzir para cerca de duas horas, segundo informação do Serviço Nacional de Saúde.
A Linha SNS 24 atendeu mais de 5,7 milhões de chamadas, em 2025, e agendou mais de um milhão de consultas nos cuidados de saúde primários, o que corresponde a cerca de 2.800 consultas diárias, foi hoje divulgado.
Nove pessoas morreram nas estradas portuguesas e 215 foram detidas por excesso de álcool nos primeiros quatro dias da operação que a PSP e a GNR realizaram durante o período de ano novo.
Os ministérios da Saúde e das Finanças autorizaram um novo reforço de verbas para as Unidades Locais de Saúde e IPO, no valor de 600 milhões de euros, destinado à regularização de dívidas em atraso, foi hoje anunciado.
As viagens na A1 entre Lisboa e o Porto irão aumentar 45 cêntimos, para 25,05 euros, subindo ainda 50 cêntimos na A2 entre Lisboa e Algarve, para 23,80 euros, a partir de 01 de janeiro, segundo comunicado da Brisa.