Investigador diz que videovigilância denuncia Madureira na credenciação

O investigador da Operação Pretoriano Marcelo Gomes detalhou hoje o alegado papel de Fernando Madureira em irregularidades na credenciação de acesso à Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023, com base em videovigilância que visionou.

© Facebook de Fernando Madureira

Na quinta sessão do julgamento, o agente da PSP responsável pela análise das imagens do auditório do Estádio do Dragão, acusou o antigo líder da claque Super Dragões de ter retirado “uma caixa” da mesa da acreditação, que teria as pulseiras credenciais que permitiam a entrada na reunião magna extraordinária.

“Vimos Fernando Madureira a dirigir-se à mesa de acreditação, tirar uma caixa e entregá-la a Hugo Carneiro [‘Polaco’]. O Hugo Carneiro contactava com pessoas que saíam depois com pulseiras no pulso”, denunciou.

Além de enaltecer o contributo complementar de ‘Polaco’ e Vítor Manuel ‘Aleixo’, pai de outro arguido com o mesmo nome, em todo o processo, a testemunha apontou o que avaliou ter sido um papel conivente por parte da segurança privada contratada pelo clube.

“O senhor Vítor Oliveira [‘Aleixo pai’] também aparece junto dos seguranças da SPDE, que estavam apenas a fazer figura de corpo presente, a deixar passar pessoas sem fazerem o habitual processo de acreditação”, acrescentou.

Marcelo Gomes também responsabilizou Fernando Madureira de ter recolhido cartões de associado no local, distribuindo-os a “pessoas da sua confiança” para garantir que a alteração estatutária em votação fosse aprovada e, à semelhança de alguns dos restantes arguidos, de não ter sido credenciado.

O depoimento contrariou a versão apresentada por Madureira, que havia, em 17 de março, negado a sua participação em esquema de transmissão de pulseiras, bem como no arranjo concertado de cartões de sócio.

Após o longo depoimento, que se prolongou até à parte da tarde — e adensa um atraso nas diligências que supera já as 20 testemunhas -, foi a vez do investigador José Saldanha, que, por sua vez, ficou com a tutela das imagens relativas ao Dragão Arena, local para onde a AG foi deslocada e os desacatos se despoletaram.

“Nas imagens, vê-se o senhor Hugo Carneiro a entregar pulseiras a gente que estava a entrar. Depois, abriu deliberadamente portas de emergências [do Dragão Arena] e deixou passar pessoas. Os seguranças foram lá, mas nem sequer fecharam logo as portas. Davam um aspeto de tentarem controlar, mas aí começaram a entrar pessoas em massa”, começou por mencionar.

Nesse contexto, o agente relatou também intimidações a jornalistas da SIC e CMTV por parte de Vítor ‘Catão’, consubstanciadas por uma filmagem no telemóvel de Carlos Nunes, ‘Jamaica’, assim como mensagens de Whatsapp por parte de Fernando e Sandra Madureira, que incentivavam membros dos Super Dragões a ‘passarem a fila’ e impedirem filmagens, respetivamente.

De resto, as mensagens na rede social foram também um dos grandes focos da sessão — se a testemunha anterior se focou no período que antecedeu a AG, em que elementos da claque foram coagidos a agirem de forma violenta, o segundo reproduziu uma ameaça de Madureira, na madrugada seguinte, aos que não cumpriram a mesma ordem de comparência.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.

Últimas do País

O Presidente do CHEGA afirma que "a violência impera nas escolas devido à impunidade", sublinhando a necessidade urgente de medidas para combater este fenómeno.
Portugal tem vindo a registar um aumento de atos de violência associados ao tráfico de droga, alerta o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI).
A delinquência juvenil manteve no ano passado a tendência de subida desde 2021, revela o relatório de segurança interna, que destaca “a predominância de casos ligados à criminalidade sexual” e ao agravamento dos crimes entre os jovens.
As ocorrências de natureza criminal nas escolas aumentaram 6,8% no ano letivo de 2023/2024, sendo este o número mais elevado dos últimos 10 anos, indica o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI).
A criminalidade violenta e grave aumentou 2,6% no ano passado em relação a 2023, com 14.385 crimes registados, enquanto a criminalidade geral desceu 4,6% ao registar 354.878 participações, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI).
Mais de 26 mil euros em numerário, várias doses de droga e uma arma foram apreendidos pela PSP nos Açores, no âmbito de uma investigação policial realizada na ilha do Pico, foi hoje divulgado.
As prisões tinham mais 165 reclusos no ano passado do que em 2023, um aumento de 2,4%, e subiu o número de casos de agressões a guardas prisionais, revela o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI).
Um incêndio deflagrou hoje no quinto andar de um prédio residencial na zona de Alcântara, em Lisboa, e está a mobilizar 14 viaturas dos bombeiros no seu combate.
Pelo menos uma pessoa morreu e outra ficou ferida hoje na sequência de uma explosão no Campo de Tiro de Alcochete, no distrito de Setúbal, disse à Lusa fonte da Proteção Civil.
Boaventura de Sousa Santos nega todas as acusações de assédio sexual e moral de que foi alvo, mas não exclui "que tenha havido irregularidades" no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.