ULS de Coimbra testa tecnologia inovadora para realizar ecografias à distância

Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra encontra-se a testar um equipamento tecnológico desenvolvido no Instituto Pedro Nunes (IPN) que permite efetuar ecografias à distância e assim quebrar barreiras no acesso a meios de diagnóstico.

© LUSA/Paulo Novais

O equipamento, que anda a ser desenvolvido há oito anos, primeiro pela Universidade de Coimbra e depois pelo IPN, sediado em Coimbra, designa-se tele-ecografia robotizada e consiste no manuseamento à distância de um braço robotizado, que atua sobre o doente como se o médico estivesse presente.

“Permite que o médico radiologista esteja, por exemplo, num hospital universitário e que faça ecografias num sítio remoto, que pode ser numa unidade de cuidados primários, mas que basicamente não precisa de estar ao pé do doente”, explicou à agência Lusa António Lindo da Cunha, coordenador do projeto no IPN.

O equipamento bastante complexo, que já teve várias versões, encontra-se numa fase de testes, para validação do braço robótico e das sondas de captação de imagem no Serviço de Imagem Médica da ULS de Coimbra, que se vai estender até final do ano.

“Nesta fase do projeto o objetivo é testar, porque nós precisamos de comparar basicamente esta prática com a prática tradicional. Precisamos provar que conseguimos fazer um exame ecográfico com esta tecnologia. Portanto, o objetivo deste projeto é garantir que o equipamento funciona dentro dos parâmetros clínicos que são definidos pelo hospital”, disse Lindo da Cunha.

Paulo Donato, responsável pelo Serviço de Imagem Médica da ULS de Coimbra, disse à agência Lusa que a validação clínica está a ser feita sem qualquer prejuízo no diagnóstico dos doentes e que pode ser, “no futuro, uma grande mais-valia”.

Para o radiologista, a validação do braço robótico “é muito boa, mas a validação da imagem precisa ser afinada”, pelo que o equipamento não pode ser implementado no imediato.

“A capacidade de fazer o exame à distância tem que ser coadjuvado com sondas que tenham uma capacidade diagnóstica semelhante à dos equipamentos que temos hoje em dia disponíveis, para termos uma implementação mais fidedigna do equipamento”.

Segundo Paulo Donato, este equipamento vai permitir realizar ecografias em sítios mais remotos, dentro do país, em cenários de guerra ou em catástrofes, em que o médico radiologista não está presente.

“É evidente que é uma mais-valia possível”, sublinhou o médico, salientando que na ULS de Coimbra, em que existe grande dispersão da assistência médica, existe “terreno próprio para aplicar uma tecnologia destas”.

Inicialmente, o equipamento foi pensado para tele-operar em locais mais remotos, em países com população muito afastada dos centros urbanos ou em ilhas, revelou Luís Ferreira, da empresa Sensing Future, responsável pela comercialização do equipamento.

“A verdade é que com o evoluir do projeto e com os testes percebemos que existe uma segunda aplicação, que tem a ver com a otimização dos recursos dos próprios hospitais. A possibilidade de um médico estar sempre no mesmo hospital e, a partir daí, fazer o exame à distância para outros, vai otimizar o tempo do médico, que pode fazer mais exames estando no mesmo lugar”.

Para os doentes, também será mais confortável, porque em vez de se deslocarem todos ao mesmo local, “podem-se deslocar a locais mais próximos, reduzir custos de deslocações e de transporte e, portanto, consegue-se otimizar toda esta cadeia, e é esse o objetivo”.

Depois do equipamento devidamente validado, o grande desafio do consórcio passar por envolver no processo uma grande empresa mundial para a sua comercialização ou a captar investimento externo para o seu desenvolvimento.

Até chegar ao mercado, é preciso percorrer um horizonte temporal que, segundo Luís Ferreira, “será sempre de dois a três anos, nunca menos”.

Este equipamento é um dos mais de 90 produtos/serviços previstos no âmbito da Agenda Mobilizadora Health from Portugal do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)), liderado pela Prológica – sistemas informáticos e dinamizada pelo Health Cluster Portugal.

Últimas do País

A Polícia Judiciária e a Marinha Portuguesa intercetaram um semissubmersível venezuelano carregado com 1,7 toneladas de cocaína, em plena rota para a Península Ibérica. Quatro tripulantes foram detidos na megaoperação internacional 'El Dorado'.
Um homem foi detido pela GNR de Alvalade, no concelho de Santiago do Cacém, para cumprimento de um ano e meio de prisão a que foi condenado na Roménia, ficando em prisão preventiva enquanto aguarda extradição.
O jovem de 19 anos suspeito de violar duas estudantes, entre julho e outubro, em Vila Real, vai aguardar julgamento em prisão domiciliária com pulseira eletrónica, informou hoje o Ministério Público.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou hoje um processo de esclarecimento sobre o transporte de um bebé em estado crítico desde o Hospital de Faro até ao Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, de ambulância.
O Sindicato Independente dos Médicos alertou hoje que a falta de integração total entre os sistemas informáticos do Hospital Amadora-Sintra e dos cuidados de saúde primários dificulta o acesso completo aos dados clínicos, podendo comprometer a segurança dos doentes.
A GNR deteve, na sexta-feira, em Vila Nova de Gaia e no Porto, oito suspeitos de tráfico e aprendeu mais de 4.700 doses de droga, cerca de 192 mil euros em numerário, armas e outro material, foi hoje anunciado.
Um homem, de 56 anos, foi detido e ficou sujeito à medida de coação de obrigação de permanência na habitação, por ser suspeito de abuso sexual da enteada, em São Miguel, nos Açores, revelou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
Um incêndio deflagrou na manhã de hoje, pelas 11:40, no Estabelecimento Prisional de Tires, concelho de Cascais, depois de uma reclusa ter incendiado o colchão e alguns pertences da sua cela, estando a situação normalizada, informaram os serviços prisionais.
Um empreiteiro, que começa a ser julgado na quarta-feira em Coimbra, é acusado de violar as regras de segurança que terão causado a morte do seu tio numa obra, assim como de falsas declarações para encobrir o acidente.
A produção renovável abasteceu 50,2% do consumo energético em Portugal em outubro, a percentagem mais baixa dos últimos dois anos, devido às condições “particularmente desfavoráveis” registadas nesse mês, informou hoje a REN – Redes Energéticas Nacionais.