Gás provou a importância para a estabilidade do sistema

O presidente da Eurogas defende que o apagão que deixou Portugal e Espanha sem eletricidade durante mais de 10 horas demonstrou a importância do gás natural na estabilidade do sistema elétrico, e aponta Portugal como peça-chave na transição energética europeia.

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“Portugal já depende em grande parte do Gás Natural Liquefeito (GNL) e está a planear substituir até 20% do gás fóssil por biometano e hidrogénio verde. Isto está perfeitamente alinhado com a visão europeia para descarbonizar o sistema mantendo a resiliência”, disse Cristian Signoretto, presidente da associação europeia do setor do gás, em entrevista à Lusa.

O responsável destacou que as turbinas a gás proporcionam inércia ao sistema – capacidade de manter a estabilidade da rede elétrica – e são fundamentais para assegurar o equilíbrio quando as fontes renováveis, como o sol e o vento, não produzem energia suficiente.

“As turbinas a gás foram essenciais durante o apagão de abril, evidenciando a necessidade de soluções técnicas robustas para garantir a segurança do abastecimento”, afirmou.

Nesse sentido, defende que a transição energética europeia deve manter soluções técnicas capazes de garantir a segurança de abastecimento.

Durante o incidente que afetou toda a Península Ibérica, foram ativadas duas centrais com capacidade autónoma de arranque (‘blackstart’): uma hidroelétrica (Castelo de Bode) e outra a gás natural (Tapada do Outeiro), que permitiram restaurar o fornecimento elétrico.

Além disso, Cristian Signoretto destacou que Portugal está bem posicionado para ser uma peça-chave na transição energética europeia graças ao seu potencial em energias renováveis e gases verdes.

Relativamente ao hidrogénio verde, apontou que Portugal e Espanha são “abençoadas com sol e vento”, apresentando um potencial elevado para suprir o mercado interno e para exportação. “Transformar energia renovável em hidrogénio permitirá estabilizar o sistema e criar um novo setor industrial. Portugal é um destino atrativo para investimento, mas é preciso acelerar os apoios e a procura”, acrescentou.

Embora vários projetos estejam a sofrer atrasos devido a limitações de financiamento e procura, o presidente da Eurogas defende uma abordagem pragmática para o desenvolvimento do hidrogénio. “É preferível ter hidrogénio com 60 ou 70% de descarbonização agora do que esperar por um cenário 100% verde e ficar sem alternativas”, comentou.

Além disso, reforçou que a descarbonização do sistema energético europeu deve integrar o gás natural e os gases de baixo carbono, pois “é mais barato descarbonizar o gás do que eletrificar tudo”.

O responsável salientou ainda que setores como o residencial e o industrial ainda dependem fortemente do gás, e a substituição total por eletricidade enfrenta limitações técnicas e financeiras. “A eletrificação da última milha é significativamente mais dispendiosa do que integrar gases renováveis através de tecnologias como biometano, captura e armazenamento de carbono (CAC) ou hidrogénio com baixa pegada de carbono”, explicou.

A Eurogas defende uma transição energética baseada na neutralidade tecnológica, que combine eletrificação, moléculas limpas e soluções industriais viáveis. Para Cristian Signoretto, o fundamental é atingir a meta de emissões líquidas nulas, independentemente da tecnologia utilizada. “Metas climáticas demasiado rígidas ou idealistas podem comprometer a adesão política e social ao processo de transição”, concluiu.

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