A União Europeia é, hoje, de forma inequívoca, um projecto político falhado. Não por erro acidental, mas por traição deliberada aos seus princípios fundadores. A promessa de uma comunidade europeia assente na grande herança da civilização ocidental — a Razão grega, o Direito romano e a Ética cristã — foi abandonada em nome de uma agenda ideológica que nada tem de europeia.
Assim, em vez de promover uma ordem baseada em valores partilhados, respeito mútuo entre nações e prosperidade com identidade, a União transformou-se numa entidade burocrática sufocante, centralizadora, dominada pelo politicamente correcto, promotora da imigração descontrolada e cada vez mais entregue à legitimação institucional de disforias emocionais, intelectuais e sexuais. Aliás, está claro aos olhos de todos que esta Europa já não serve os povos da Europa, mas a si própria e à minoria que controla as suas estruturas.
Um dos sectores onde esta falência tem sido mais visível e mais devastadora é o das Pescas. Também neste âmbito, as decisões tomadas ao nível europeu, fruto de ignorância técnica, insensibilidade cultural e ausência total de bom senso, têm prejudicado de forma sistemática a realidade portuguesa, sendo que o problema, já de si profundo, tem sido agravado devido à conivência ideológica da esquerda (PS, Bloco, PCP, Livre) e à apatia cobarde do centro (PSD e CDS). Resultado? Três erros brutais, cada um mais perigoso que o outro.
Primeiro, a definição de quotas de pesca que ignoram por completo a especificidade portuguesa, impondo limites absurdos aos nossos pescadores, os quais utilizam métodos tradicionais, sustentáveis e de baixo impacto ecológico. Porém, e tolamente, a União trata os pescadores que há séculos protegem o mar português como se fossem piratas modernos. É um insulto, um erro técnico e uma injustiça histórica que não podemos tolerar!
Segundo, o plano de converter 35 mil quilómetros quadrados da nossa zona costeira em campos eólicos marítimos é uma aberração estratégica. A ideia peregrina, herdada do PS e continuada pelo PSD, vai reduzir ainda mais a área de pesca disponível, interferir em zonas cruciais de reprodução marinha e pôr em causa a segurança da navegação. É um projecto imposto de cima, sem escutar quem conhece e vive do mar, como tem sido a tónica infeliz dos últimos anos.
Terceiro, a política europeia das Pescas está a corroer a nossa soberania por contribuir para a nossa dependência alimentar do exterior. Presentemente, Portugal pesca apenas trinta por cento do peixe que consome, não por incapacidade, mas por imposição. Temos recursos, tradição e conhecimento para produzir muito mais, mas estamos a ser forçados a abdicar da nossa autonomia alimentar por ambientalistas selvagens e burocratas ignorantes.
Face a esta realidade, o comportamento do Estado português tem sido vergonhoso. Nem uma palavra de resistência, nem um gesto de coragem. O governo da República simplesmente curva-se perante Bruxelas, abandona os nossos pescadores, ignora as suas reivindicações e deixa o sector ao abandono. Por cobardia, por incompetência e por ausência de vontade política, Portugal tornou-se o executor submisso de uma sentença europeia contra a sua própria frota.
Para o futuro imediato, ou elegemos um governo que defenda Portugal com inteligência, firmeza e coragem ou perdemos, de forma irreversível, mais uma grande parte da nossa identidade. Sem qualquer dúvida, o tempo está a esgotar-se e é preciso agir!