ORÇAMENTO (FORA) DE ESTADO

Em momento de debate do Orçamento de Estado (OE) para 2026, há um exercício que é importante fazer… como prevê este OE reter talento e profissionais de saúde em Portugal? Enquanto o Primeiro-Ministro vem ao parlamento com discursos que mencionam o que (ainda) funciona dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o quotidiano empurra médicos e enfermeiros para a porta de saída: salários comprimidos, horários imprevisíveis e equipas cronicamente curtas. Por isso, percebe-se porque tantos escolhem emigrar ou o setor privado.

A Ordem dos Enfermeiros já veio a público referir que, metade dos recém-licenciados este ano, já pediu a declaração para emigrar. Formamos muito e perdemos para os melhores. Sem condições dignas, os jovens continuam a fugir deste “Jardim da Europa à beira-mar plantado”, como dizia Tomás Ribeiro em 1862, neste OE continuamos a assistir a medidas básicas, como: IMT e IRS Jovem, e passe jovem gratuito…

Outro tabu neste OE é a geografia: falar em “fixar jovens no interior” sem habitação, creches, transporte e incentivos eficazes, é apenas continuar o trabalho de desertificar o interior! Fixação implica um pacote de vida e para a vida, provavelmente…

Reter jovens com talento custa dinheiro… Mas não custa mais fingir que se poupa? Não custa mais ter serviços que servem mal a população? Não custa mais continuar a investir na doença do que na sua prevenção? Não podemos ser o país que forma os melhores profissionais na área da saúde e que ao mesmo tempo desinveste no seu futuro…

Sem a fixação destes profissionais em Portugal, não há SNS para ninguém, nem mesmo o privado vai ser capaz de continuar a concorrer com o estrangeiro. Por isso Senhor Primeiro-Ministro, se fosse a si, tentava reter o talento em Portugal, é que por este andar da carruagem, quando tiver um piripaque porque o CHEGA é governo, nem os hospitais privados lhe vão valer!

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