Cartas de Londres

Ou, como o subtítulo indicia,
De quando obscuros nichos se tentam transmutar em ninhos…

A “presidência” do luso terreno ousa permitir-se o desvario e o dislate de um incongruente mas jactante despesismo, para um País que de pequenas dimensões e de parcos recursos.
Aos milhões, que jorram…
Precisa o “presidente” de 242 funcionários, com 135 funcionários adstritos a uma putativa “secretaria geral”…
Convenhamos que arranjar cadeiras para 135 funcionários não será fácil e pode parecer, se e quando todos juntos, uma qualquer agremiação de bairro ou, até, quiçá, uma “igreja”…
E nem me vou referir aos 53 elementos da Casa Civil…onde, certamente, estará incluido o batalhão de assessores, assessoras e “outres”, para ser inclusivo…e parecer “moderno”.
Precisa?
Não, não precisa.
Precisa o “presidente” de um orçamento anual que tem vindo a variar entre os 17 e os 18 milhões de euros, por ano?
Não, não precisa.
Precisa o “presidente” de ter um orçamento anual que é mais do dobro do orçamento anual da Casa Real espanhola?
Mais do dobro, repito, porque insisto.
Não, não precisa.
Precisa a “presidência” de gastar mais de 600 mil euros, anualmente, em “comunicações”?
Do género..
“Oh Maria, ponha-me aí uma maquininha de roupa a lavar e não se esqueça das trousses azuis”…
Mais de meio milhão de euros…em “comunicações”?
Não, não precisa.
Precisa a “presidência” de gastar entre 4 a 5 milhões de euros, consoante o ano, em “aquisição de bens e serviços”?
Não declarados em qualquer portal de compras do Estado e em concursos celebrados por ajuste directo?
Acresce que nenhum desses contratos, por ajuste directo, é divulgado quer na plataforma de contratos públicos, quer no site da Secretaria-Geral…facto que chegou a levantar osbtaculização, ainda que discreta, do Tribunal de Contas…ficando a decisão sobre tais factos e “epifenómenos”…obviamente…na mão, exclusiva, do “presidente”.
E nem sequer vou chamar à colação o facto da auditoria mandada fazer ao anterior Presidente Cavaco Silva…das “minúsculas velhacarias”, poderíamos alegar…
Não, não precisa, a “presidência” de todos estes estranhos sacos escuros e escusos…a fazer recordar os conhecidos “sacos azuis” socialistas…
E não posso, porque não quero, deixar de salientar o meio milhão de euros, anuais, sob a usada-gasta-conveniente rubrica…”outras despesas correntes”.
Meio milhão de euros, por ano, para…”outras despesas”…
Onde tudo cabe de relevante mas, principalmente, de irrelevante ou obscuro ou não declarável…ou não conveniente de declarar.
Permitamo-nos extrapolar…
Mero exercício especulativo, insisto…
Se, por mero exercício mental, fosse necessário dar uma prenda a uma amante ou a um amante ou, até, um broche, de lapela, obviamente e houvesse necessidade de fazer recair essa prebenda sobre as costas, porque supostamente largas, da “arraia miuda”…era nesse item, de “outras despesas”, que “a coisa” cabia, não era?
Ou se necessário fosse, por exemplo, orçamentar “preservativos” ou, até, “Viagra”…era neste item que tal verba encontraria cabimento…certo?
Obviamente que estou, meramente, a executar um esboço de raciocínio mental, extrapolado. Estou, não estou?…
E quanto a viagens?
O velho e gasto item…actualizado semana a semana.
Mais de 100 até agora…
E chamo particular atenção para o facto de em 2022 ou seja, no ano passado e não no século passado, o “presidente” ter conseguido realizar 3 viagens ao Brasil. Três viagens ao Brasil, num único ano…
Como soi dizer-se…”é obra”!
Não deixa de serem de referenciar, no total, até hoje, as 16 viagens a Espanha, as 12 viagens a França, as 9 viagens aos EUA e as 8 viagens ao Brasil, num putativo “top four”.
Fico, obviamente, à espera da viagem “presidencial” ao Palau…o País que o “presidente” quis fazer relevar, numa das últimas Assembleias Gerais de ONU…
O Palau…aquele “País” que ninguém conhece e que, sob a batuta “presidencial” se disponibilizou a assinar um “protocolo” com Portugal…o Palau…não terá ficado caro…espero.
Mas todos estes “cortejos”, a fazerem recordar um qualquer “lider tribal”, artesanal, na realidade…servem para quê?
E, acima de tudo, em quanto orçam?…
No total, em primeira instância e viagem por viagem, depois…
Quanto?
E, não.
Não vou questionar acerca do orçamento em “caricas” atribuidas, a fazer recordar a lenda…
O que levais no regaço, Senhora?
São rosas, Senhor…que substituiria por, nesta “modernidade”…
São interesses, Senhor…
Nem sequer vou “repescar” o estranho caso da prisão do Director do Museu da Presidência da República, duas vezes condecorado, detido ao abrigo da “Operação Cavaleiro” da Polícia Judiciária e que teria eventualmente comprado a baixo custo, cerca de 28 peças do espólio do museu que dirigia…para além dos “crimes de tráfico de influência, falsificação de documento, peculato, peculato de uso, participação económica em negócio e abuso de poder”.
Nas buscas, entretanto realizadas, foram apreendidos diversos bens culturais e artísticos alegadamente “descaminhados de instituições públicas”…”descaminhados”…
O caso, entretanto, foi convenientemente feito desaparecer dos palcos mediáticos.
Assim como não deixa de ser, digamos, convenientemente inusitado que o Supremo Tribunal de Justiça tenha mandado destruir as gravações das escutas telefónicas de chamadas existentes entre o referido director e o “presidente”…tão mas tão “convenientemente destruídas”…
É que, material definitivamente destruido…jamais poderá ser consultado…seja-me permitida a redundância.
Obviamente que nada estou a insinuar…”abrenúncia”, “cruzes, credo”, “o Diabo seja cego, surdo e mudo”…tráz, tráz, tráz…batendo três vezes na madeira para afugentar o “mau olhado”.
Afastado o tom jocoso e sarcástico…fica a pergunta final…
Mas, afinal, que descontrolado e miserável despautério todo é este?…
Para que serve todo este desenfreado despesismo em jacto?

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