Os bispos católicos portugueses concelebram hoje uma missa no âmbito do Dia Nacional de Oração pelas vítimas de abusos, na qual vão ter uma palavra para as vítimas e seus familiares.
Depois de José Ornelas, reeleito esta semana na liderança da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), ter reconhecido na segunda-feira que os casos de abuso sexuais de menores ocorridos no seio da Igreja têm constituído “um percurso doloroso para todos”, hoje o episcopado vai lembrar as “pessoas que foram vítimas de qualquer espécie de abusos, para que encontrem em Cristo ressuscitado a cura das suas feridas e a coragem para uma vida nova”.
Na Oração Universal, que decorre a partir das 11:00, na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, será também dirigida uma palavra aos familiares, “para que sejam uma presença de conforto e de ambiente seguro, e ajudem na recuperação da dignidade humana”.
“Nunca é demais renovar o pedido de perdão e o sentimento de profunda gratidão para com todos os que deram ‘voz ao silêncio’ e tiveram a coragem de denunciar aquilo que nunca lhes deveria ter acontecido”, disse José Ornelas no discurso de abertura da Assembleia Plenária da CEP, que hoje termina em Fátima.
O também bispo de Leiria-Fátima acrescentou no entanto que “reconhecer, pedir perdão e agradecer só têm sentido na medida em que são acompanhados de decisões e ações concretas para transformar a realidade”.
É neste contexto que surge um novo Grupo de Acompanhamento das vítimas, que será liderado pela psicóloga Rute Agulhas e que dará continuidade, em certa medida, ao trabalho efetuado pela Comissão Independente para o Estudos dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, que apresentou o seu relatório final em 13 de fevereiro.
Ao longo de quase um ano, a Comissão Independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.
Na sequência destes resultados, algumas dioceses afastaram cautelarmente do ministério alguns padres.
José Ornelas anunciou que este grupo “deverá ter a autonomia necessária para acolher e acompanhar as vítimas e para assegurar o necessário apoio e a possível recuperação dos danos por estas sofridos, dispondo de uma linha de atendimento e de condições para o contacto e acompanhamento pessoal”.