O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje que a situação no Sudão continua a piorar, temendo uma “conflagração catastrófica” dentro do país “que pode envolver toda a região e além”.
Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU onde iria falar sobre questões de multilateralismo, Guterres começou o seu posicionamento dando destaque à situação no Sudão, apelando às partes para que cessem as operações de combate em áreas densamente povoadas e permitam que operações de ajuda humanitária se desenrolem sem entraves.
“A violência deve parar. Há o risco de uma conflagração catastrófica dentro do Sudão que pode envolver toda a região e além. (…) Estou em contacto constante com as partes em conflito e convido-as a reduzir as tensões e a retornar à mesa de negociações”, disse.
Tendo em conta as dificuldades no terreno, o ex-primeiro-ministro português afirmou que a ONU e organizações humanitárias estão a reconfigurar a sua presença no Sudão para continuar a apoiar o povo sudanês, frisando que as Nações Unidas não abandonarão o país.
“Deixem-me ser claro: as Nações Unidas não estão a deixar o Sudão. O nosso compromisso é com o povo sudanês, em apoio aos seus desejos de um futuro pacífico e seguro. Estamos com eles neste momento terrível”, garantiu.
O líder da ONU apelou ainda a todos os membros do Conselho de Segurança para exercerem o máximo de influência junto das partes em conflito para acabar com a violência, restaurar a ordem e retornar ao caminho da transição democrática.
“Todos devemos fazer tudo ao nosso alcance para tirar o Sudão da beira do abismo”, concluiu.
Estas declarações de Guterres surgem depois de a grande maioria dos países ter repatriado os seus diplomatas, bem como os seus compatriotas, do Sudão, devido ao estado de guerra que o país vive desde 15 de abril.
Vários países, incluindo Portugal e muitos outros da União Europeia, América Latina, América do Norte e também africanos e asiáticos estão a levar a cabo operações para repatriar os seus cidadãos do Sudão, onde a guerra entre o exército e os paramilitares dura há mais de uma semana.
A violência, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), já causou, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 420 mortos e 3.700 feridos desde o inicio dos combates, a 15 de abril.