Linha SOS Pessoa Idosa regista aumento da negligência

© D.R.

A Linha SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto registou no último ano 301 pedidos de ajuda, de que resultaram a abertura de 251 processos de averiguação, dos quais cerca de metade são vítimas de violência e negligência.
“As vítimas são em 62% dos casos mulheres, entre os 75 e os 84 anos (43%), em situação de viuvez (51%), que residem com familiares ou cuidadores (49%), sozinhas (40%) e em instituição (11%)”, refere, em comunicado, a Linha SOS Pessoa Idosa, sediada em Coimbra.

Nas denúncias recebidas entre maio de 2022 e maio de 2023, “os agressores mantêm-se como familiares das vítimas em 65% dos casos, sendo 42% filhos/as e 38% são homens”, acrescenta a nota.

No que respeita às formas de violência experienciadas pelas vítimas, a Fundação Bissaya Barreto refere que existiu negligência em “cerca de metade (48%), revelando um aumento significativo, de 16%, face ao ano anterior”.

Segundo a assistente social Marta Ferreira, da Linha SOS Pessoa Idosa, nos casos de negligência “entra a negligência ativa, a omissão de auxílio intencional, a ausência de cuidados essenciais ao bem-estar da pessoa idosa, perpetrada fundamentalmente por familiares ou em contexto institucional”.

A técnica esclarece que a negligência se manifesta ao “não garantir alimentação adequada, não assegurar que a pessoa tenha higiene ou que toma da medicação de forma propositada.

“Nos lares há situações reportadas de utentes sem alimentação adequada ao estado de saúde, em que são administradas dosagens elevadas de medicação, deixando os idosos mais prostrados ou subnutridos”, salientou.

Para Marta Ferreira, “a auto negligência também se insere nesta tipologia e corresponde à incapacidade da pessoa idosa em perceber que precisa de ajuda”.

A técnica destacou também a receção de casos de negligência sem intencionalidade, passiva, por desconhecimento sobre a forma correta de tratamento, por cansaço do cuidador ou por acentuadas dificuldades financeiras.

“Nos casos que acompanhamos, esta negligência tende a ter por base problemas económicos, que impedem a contratação de um serviço de apoio, por exemplo, apesar de o cuidador agir sem dolo. Os cuidadores não pretendem maltratar a pessoa idosa, contudo, nem sempre têm consciência de que estão a praticar atos negligentes, nomeadamente, quando os próprios também apresentam limitações físicas ou mentais que os impedem de cumprir os cuidados de forma adequada”.

A responsável pela Linha SOS Pessoa Idosa aponta como causas prováveis para o aumento de casos de negligência as “baixas reformas, diminuição do poder de compra de bens essenciais à sobrevivência, condições de habitabilidade precárias, cancelamento de serviços de apoio por impossibilidade de pagamento, entre outros fatores, que confluem num aumento das situações de pobreza e, concomitantemente, de negligência, nas camadas mais envelhecidas da população”.

O comunicado da Fundação Bissaya Barreto refere que existe violência psicológica em 29% dos casos, o que corresponde a um aumento de 3% face ao período homólogo de 2022, a financeira e a física em 11% e o abandono em 6%.

Lisboa mantém-se como o distrito com maior percentagem das situações reportadas (com 27%).

Coimbra ocupa a segunda posição, com 12%, tendo registado um aumento comparativamente com o ano passado, que, segundo Marta Ferreira, pode eventualmente ser justificado “pela maior divulgação do serviço a nível local e também mais conhecimento do trabalho desenvolvido pelas entidades do distrito”.

O distrito de Setúbal tem igual percentagem (12%) ao de Coimbra e no do Porto foram recebidos 10% dos casos.

Desde o seu início, em 2004, a Linha SOS Pessoa Idosa recebeu 2.203 pedidos de ajuda que resultaram na abertura de 1.848 processos internos e na realização de 3.115 articulações com entidades que intervém na área da violência/envelhecimento.

O Serviço SOS Pessoa Idosa é uma resposta de intervenção social que integra uma linha nacional e gratuita de atendimento telefónico (800102100), com atendimento direto e personalizado e mediação familiar.

Últimas do País

No último dia de votações na especialidade do Orçamento do Estado para 2026, a proposta do CHEGA foi aprovada com votos a favor do PSD e CDS-PP, votos contra de PS, PCP, BE, Livre e PAN e abstenção da IL.
O parlamento aprovou hoje duas propostas de alteração do CHEGA sobre a construção de autoestradas, em Coimbra e Castelo Branco, bem como uma iniciativa para o lançamento da obra do IC6 em Seia.
A Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (ANIECA) alertou esta quarta-feira para a escalada de fraudes nos exames práticos e teóricos de condução, com recurso a equipamentos escondidos ou até "duplos", e exigiu medidas imediatas para travar a escalada.
Portugal prepara-se para entrar no grupo dos países com as leis da nacionalidade mais duras de toda a União Europeia. Se as alterações aprovadas no Parlamento, e agora sob escrutínio do Tribunal Constitucional, avançarem, será mais fácil tornar-se francês, alemão, belga ou sueco do que obter o cartão de cidadão português.
Os 10 detidos na operação 'Renascer', que apreendeu mais de sete toneladas de droga em duas embarcações de pesca no Atlântico, ficaram em prisão preventiva, adiantou hoje o Ministério Público (MP).
Entre 2010 e 2025, a Polícia Judiciária (PJ) contabilizou 66 crianças assassinadas, incluindo 26 recém-nascidos, apontando um estudo em curso para verificar se estes últimos casos têm como fatores comuns a ocultação da gravidez e a ausência do pai.
O nível de alerta no Sistema Vulcânico Fissural Oeste da Terceira subiu para V3 (fase de reativação), o mesmo grau atribuído ao vulcão de Santa Bárbara, revelou esta quarta-feira o Instituto de Vulcanologia da Universidade dos Açores.
Portugal conquistou três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze nos Jogos Surdolímpicos, que hoje encerraram no Japão, na edição mais profícua de sempre, com destaque para Margarida Silva, André Soares e Joana Santos.
A reduzida autonomia dos Centros de Investigação Clínica e a falta de tempo nos planos curriculares das faculdades de medicina para integrar competências tecnológicas são os maiores desafios à inovação na saúde, conclui um relatório hoje divulgado.
A Comissão de Combate a Fraude no Serviço Nacional de Saúde será presidida por um magistrado e terá elementos permanentes da Polícia Judiciária, da Inspeção Geral da Saúde e das Finanças e do Infarmed, segundo a resolução hoje publicada.