A Comissão Parlamentar de inquérito (CPI) à TAP, entrou numa nova fase. Depois da audição cristalina de Frederico Pinheiro, eis que surge Eugénia e Galamba, impondo uma nova e misteriosa narrativa, comparável aos melhores livros de Agatha Christie.
A narrativa de Galamba e suas “Galambetes”, expressa na audição de Eugénia e Galamba, assenta na descredibilização de Frederico Pinheiro, dando a entender que o mesmo teria tido comportamentos desviantes nos últimos meses, passando a ideia de que Frederico poderia ser um espião em potencial. Claro está que esta narrativa, é uma cola que tenta agregar a intervenção surreal do SIS, a um computador resgatado em circunstâncias incompreensíveis, criando artificialmente um suporte à tomada de decisão, porque ao dia de hoje, o que fica, é a instrumentalização de uma das mais sensíveis instituições do Estado, pelo Governo Socialista.
Galamba passou toda a audição numa bajulação permanente a Eugénia, a um nível estapafúrdio e ridículo para o cargo que ocupa e para a responsabilidade e suposta autoridade política que representa num processo como este. Entre a “minha chefe de gabinete “ e “a chefe do meu gabinete”, Galamba ia enaltecendo a coragem, a dedicação e o profissionalismo de Eugénia, onde a determinada altura ficamos confusos sobre quem será ou não o líder do ministério das Infraestruturas. Uma coisa é certa: Galamba, sempre que se encontrava pouco seguro, remetia explicações para as explicações Eugenianas, o que aconteceu praticamente durante toda a sua audição, não fosse ela a “Eu-génia”, a mulher poderosa como Galamba apelida, que ou telefonou para o SIRP ou para o SIS, ficámos sem perceber.
Mas o que mais gostei em toda a intervenção de Galamba foram as onomatopeias! Entre o “uhuu”, “aff”, “grrr” permanentes, que me fizeram lembrar os engasgamentos do Citroën 2CV da minha mãe, não pude deixar de reparar naquela parte em que Galamba queria dizer qualquer coisa, arrependeu-se, voltou a engasgar e acabou calado. Isto é semelhante àquela “oral” em que um universitário, perante as perguntas e a falta de conhecimento para dar respostas, percebe que já chumbou mas mesmo assim tenta safar-se.
As onomatopeias de Galamba na sua audição, têm mais conteúdo, que as respostas que deu, em concreto, à Comissão de Inquérito. Possivelmente, até dariam para recriar a forma como os Neandertais comunicavam, Útil, provavelmente, para o Museu Nacional de História Natural. Aproveite-se!
Por fim, comparando o incomparável. Temos duas versões de uma história, a de Frederico e a de Galamba e suas Galambetes. Frederico Pinheiro esteve 5h na audição, numa confiança e coerência inabaláveis, sem nunca ter entrado em contradições. Foi calmo, assertivo, detalhado e bem preparado, contrariamente a Galamba, que parecia um 2CV a tentar voltar à vida depois de uma noite gelada.Da mesma forma que Frederico Pinheiro podia ser um espião, também Galamba podia ser um Ministro, mas, ao que parece, nenhum o é.
Estamos perante a maior degradação das instituições na III República e do maior enxovalho público de um governo. Estamos perante uma das maiores instrumentalizações do Estado por um Partido Politico desde que existe República.
A cada dia que passa, é Portugal, a nossa credibilidade e prestígio que estão em jogo. Entre o passa culpas, comparável ao ambiente de uma escola primária, temos um primeiro ministro que na noite da audição de um ministro, perante a gravidade dos acontecimentos, prefere ir ver um concerto dos Coldplay. Um Presidente que, em vez de acabar com esta gangrena política, prefere ir comer gelados e até o PSD, na ausência de uma liderança forte, tem de chamar um idoso de 83 anos, para confrontar a sério, o (des)governo e o seu líder. Será que muitos dos que criticam o CHEGA, não entendem a importância do CHEGA, numa altura como esta?!
Este governo já não representa nada nem ninguém, são apenas uma manta de retalhos políticos com forte pendor socrático. O governo MORREU!