ONDE PÁRAM OS ARQUIVOS DA P.I.D.E./DGS?

Logo após o  25 de Abril de 1974 ficou Portugal sob a alçada dos comunistas soviéticos, durante um período  tenebroso que se chamou de  “Gonçalvismo”.

Todos os nossos territórios do ultramar caíram sob o jugo da URSS em nome de uma democracia nesses territórios que nunca chegou a ser posta em prática.

Durante esse período, as instalações da PIDE foram invadidas e saqueadas, desaparecendo, muito convenientemente, a grande maioria dos processos, ficheiros e documentos vários que faziam o acervo da Polícia. Há testemunhos e provas de que militantes do PCP, chamados a participar na Comissão de Extinção da PIDE-DGS, desviaram arquivos para a URSS e para o KGB.

A questão do envolvimento do PCP na operação da retirada dos documentos de Portugal para Moscovo é abordada no livro de José Milhazes, “Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril” referindo que os arquivos da PIDE-DGS que foram levados para Moscovo permitiram aos serviços secretos soviéticos não só aceder a informação sobre Portugal mas também identificar uma “toupeira” da CIA no KGB, nos anos 1970.

José Milhazes recorda que a questão dos arquivos foi falada, pela primeira vez, pelo general Oleg Kaluguin, do KGB, que vive atualmente nos Estados Unidos, e que escreveu um livro nos anos 1990 sobre as atividades que desenvolveu nos serviços secretos soviéticos e “onde fala da operação de transferência dos arquivos” da PIDE.

Mais tarde, outro livro que se chama “Arquivo Mitrokhine”, (Vassili Mitrokhine agente soviético que fugiu para Londres no início dos anos 1990 na posse de numerosos documentos secretos) e que foi publicado em Portugal, faz uma afirmação semelhante. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (através do então ministro Jaime Gama) até tentou contactar as entidades russas para que o arquivo fosse devolvido, mas depois de terem recebido a resposta dos russos de que não tinham nada, não insistiram”, recorda Milhazes, considerando relevante o esclarecimento do assunto. 

Oleg Kalugin, ex-General da KGB, revela que grande parte dos arquivos da PIDE, foram desviados para Moscovo com a colaboração do Partido Comunista Português (PCP).

Ou seja, os verdadeiramente importantes como contributo histórico de uma época, foram e ainda estão na União soviética.

O que existe na Torre do Tombo, em Lisboa, é apenas uma pequena parte, mais refugo que outra coisa.

Outros arquivos também importantes, noutro sentido, provavam que muitos impolutos “lutadores antifascistas” do nosso país foram em tempos profícuos e dedicados “bufos” do regime “fascista de Salazar e Marcelo Caetano” e dos “carrascos da PIDE”. 

O que desapareceu, ou seja, o que ainda se encontra na Rússia, que nós tenhamos conhecimento?

O processo secreto do navio “Angoche”- que indiciava ter a Marinha Soviética abordado o navio e feito desaparecer a tripulação, toda portuguesa. Indiciava ainda que tal facto se dera sob a conspiração do PCP com a conivência de elementos graúdos da Marinha Portuguesa.

O processo do Álvaro Cunhal, também desapareceu.

O processo do assassinato do General Humberto Delgado que provava que os executores foram os terroristas do Bando de Argel. O problema é que o general tornara-se definitivamente anti-comunista. Seria ainda mais perigoso para o PCP fora da Argélia – em contacto com os núcleos de exilados em várias capitais. E terrivelmente mais perigoso se, porventura, entrasse clandestinamente em Portugal. Era uma testemunha viva da incompetência e corrupção moral de certos prestigiados «anti-fascistas». Preso em Portugal ou livre na clandestinidade constituiria uma ameaça terrível para os projectos do Partido Comunista.

Por outro lado, se desapareceram tantos processos, outros foram fabricados e introduzidos nos arquivos. Foi assim que muitos conseguiram obter o estatuto de “mártires” da PIDE. Alcançaram reformas chorudas por doenças graves que nunca tiveram e que foram contraídas por serviços que nunca prestaram.

Quando é que um Governo Português terá a coragem de exigir a devolução daquilo que é nosso e que faz parte da nossa história? Estamos a falar disto há 49 anos sem que nada seja feito.  O Governo português tem obrigação de fazer um pedido formal de devolução desse arquivo para se juntar ao restante arquivo da PIDE e pedir, “no imediato”, uma digitalização e a abertura do mesmo aos investigadores portugueses, uma vez que a regra básica é a abertura dos arquivos passados trinta anos.

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