Dependência de álcool em Portugal aumentou quase 50% na última década

A dependência de álcool em Portugal aumentou quase 50% na última década, mas a procura dos serviços tem-se mantido estável, alertou hoje a Sociedade Portuguesa de Alcoologia, defendendo ser necessária uma maior intervenção para detetar estes doentes e tratá-los.

© D.R.

Citando dados do inquérito à população geral, promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), Joana Teixeira disse à agência Lusa que a prevalência da dependência de álcool aumentou de 3%, em 2012, para 4,2% em 2022.

Apesar deste aumento de quase 50%, a procura dos serviços tem-se mantido “relativamente estável nos últimos anos”, o que indica que “não está a ser devidamente acompanhado da sinalização [dos casos] e do devido encaminhamento para as estruturas”, adiantou a psiquiatra, que falava à Lusa a propósito do congresso “Alcoologia em tempo de mudança”, promovido pela SPA, que decorre na quinta e sexta-feira no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL).

Para Joana Teixeira, tem de haver simultaneamente um reforço das estruturas de tratamento, “que não têm estado a ser devidamente dotadas de recursos nos últimos anos”, e “uma maior capacidade de intervenção quando a doença está efetivamente estabelecida”.

“Temos de detetar estes doentes e tratá-los”, para evitar um aumento das doenças atribuíveis ao álcool, como a cirrose hepática e algumas doenças neoplásicas.

A também coordenadora da Unidade de Alcoologia e Novas Dependências do CHPL assinalou, contudo, uma melhoria na deteção destes casos e no encaminhamento por parte de alguns centros de saúde, mas ainda aquém do desejável.

Defendeu por isso a necessidade de dotar o país e a saúde de recursos, “não só nas campanhas de prevenção, mas também nas campanhas de tratamento”.

Apesar de a maioria dos doentes com dependência de álcool continuar a ser homens (80%), está a registar-se um aumento de consumo de álcool nas mulheres e nos jovens.

“Nos jovens, não só tem aumentado o consumo em quantidade, como também tem aumentado em idades mais jovens”, sublinhou, advertindo que “qualquer consumo de álcool nesta fase é muito prejudicial para a saúde”, porque ainda não têm o sistema nervoso completamente formado.

Manifestou-se ainda preocupada com o número de condutores com excesso de álcool envolvidos em acidentes rodoviários, defendendo um incentivo a campanhas de prevenção e um aumento da fiscalização: “Só assim se consegue efetivamente ver alguma repercussão, depois, na prática”.

Sobre o tema do congresso, Joana Teixeira explicou que a SPA considera estar-se num momento “de mudança” com a criação do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD) que vai substituir o SICAD.

“O ano 2023 tem estado a ser pautado pela reorganização da estrutura dos serviços, dos comportamentos aditivos e dependências e a Sociedade acha que isto é realmente uma oportunidade para melhorar a intervenção na área dos problemas relacionados com o álcool”, adiantou.

Para Joana Teixeira, a criação do ICAD demonstra que “há efetivamente vontade de melhorar a abordagem da problemática dos comportamentos aditivos e das dependências em Portugal”, observando que nos últimos 20 anos o consumo de álcool em Portugal tem-se mantido estável, o que indica ser necessário fazer mais.

“Setenta e cinco por cento da população portuguesa já consumiu bebidas alcoólicas e este valor tem-se mantido estável nos últimos 20 anos. Portanto, isto mostra que há alguma coisa que precisa de ser feita um pouco melhor”, defendeu.

A presidente da SPA espera que o congresso promova “uma discussão que seja produtiva para todos e que possa até vir a ser utilizada em benefício do futuro da alcoologia em Portugal” e também na reorganização dos serviços que está a ser feita.

No congresso, vão estar presentes vários especialistas, entre os quais o diretor-geral do SICAD, João Goulão.

Últimas do País

A GNR identificou, em nove dias, mais de 560 condutores, e desses deteve mais de 320, por conduzirem com excesso de álcool, no âmbito da sua operação de Natal e Ano Novo, foi hoje divulgado.
O presépio da Associação Cultural e Recreativa Os Palheiros, em Ílhavo, no distrito de Aveiro, ficou sem iluminação durante a noite em consequência do furto das luzes e da respetiva extensão elétrica. Os dois furtos representam um prejuízo superior a 600 euros para a associação.
Duas pessoas foram realojadas no concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, na sequência de danos no telhado de uma habitação, devido ao mau tempo, nos Açores, que já provocou 11 ocorrências, adiantou a Proteção Civil.
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentaram hoje tempos de espera de mais de 12 horas para a primeira observação nas urgências gerais, segundo dados do portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O tempo médio de espera nas urgências hospitalares é hoje de quase três horas para doentes urgentes e de 49 minutos para casos muito urgentes, de acordo com informação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A PSP registou, em 24 horas, 106 acidentes, dos quais resultaram dois feridos graves e 38 ligeiros, no âmbito da segunda fase da Operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança, foi hoje divulgado.
A operação de Natal da PSP e GNR registou 15 vítimas mortais e 1.444 feridos, dos quais 89 em estado grave, na sequência de 4.847 acidentes de viação ocorridos entre 18 e 26 de dezembro.
Os distritos de Guarda e Castelo Branco vão estar sob aviso amarelo durante a noite devido à queda de neve, enquanto Faro tem o mesmo alerta para a tarde de hoje, mas devido à previsão de forte precipitação.
A Urgência Pediátrica do hospital de Évora está hoje a funcionar com equipa incompleta, o que pode provocar "tempos de espera mais elevados" para doentes sem referenciação, divulgou a Unidade Local de Saúde do Alentejo Central (ULSAC).
Cerca de 6.200 vítimas de violência doméstica têm atualmente teleassistência, conhecida como 'botão de pânico', indicou a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), que em 2026 assume a responsabilidade plena pelo sistema.