Dois atentados “frustrados” em França em 2024, país prepara Jogos Olímpicos em alerta máximo

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, anunciou hoje que dois projetos de atentado foram "frustrados" em França desde o início de 2024.

© Facebook de Gabriel Attal

“A ameaça terrorista islâmica é real, é forte” e “nunca enfraqueceu”, acrescentou Attal, durante uma visita a uma estação de comboios de Paris, depois de o sistema de alerta Vigipirate ter sido elevado para o nível máximo.

A quatro meses dos Jogos Olímpicos (JO), França está, assim, novamente em alerta máximo para a ameaça de atentados, após o ataque ocorrido na sexta-feira em Moscovo, perpetrado, segundo o Presidente francês, Emmanuel Macron, por uma “entidade” do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), que esteve na origem de “várias tentativas recentes” em território francês.

Numa altura em que se prepara para organizar o evento desportivo mundial em Paris, de 26 de julho a 11 de agosto, o Governo francês, para o qual a segurança era já uma grande preocupação, quer mostrar que leva a ameaça a sério, ao mesmo tempo tranquilizando a população quanto à sua capacidade de a controlar.

A polícia, a guarda nacional e os serviços secretos franceses “estarão preparados” para garantir a segurança dos Jogos Olímpicos, afirmou hoje o ministro do Interior, Gérald Darmanin.

O executivo francês decidiu no domingo à noite, num Conselho de Defesa no palácio do Eliseu (sede da Presidência da República), elevar o sistema Vigipirate para o seu nível máximo, “emergência de atentado”, pouco mais de dois meses depois de o ter reduzido um nível.

O primeiro-ministro justificou tal decisão com “a reivindicação da autoria do atentado” que fez pelo menos 137 mortos e 182 feridos numa sala de concertos na periferia de Moscovo, na sexta-feira à noite, “pelo Estado Islâmico”, bem como com “as ameaças que pairam” sobre França.

O atentado de Moscovo recordou aos franceses os cometidos em novembro de 2015 por comandos do mesmo grupo ‘jihadista’ na sala de espetáculos Bataclan, enquanto decorria um concerto, e em esplanadas de cafés parisienses e no Estádio Nacional de França, fazendo um total de 130 mortos.

Na Rússia, é o ramo afegão da organização EI, o Estado Islâmico no Khorassan (EI-K), o principal suspeito para os especialistas em terrorismo global, apesar de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter apontado o dedo à Ucrânia.

As “informações” de que os serviços secretos franceses “dispõem”, bem como as dos seus “principais parceiros indicam que foi de facto uma entidade do grupo EI que fomentou este atentado e o executou”, declarou hoje Macron, à chegada à Guiana Francesa para uma visita de dois dias.

O chefe de Estado francês advertiu Moscovo contra “qualquer instrumentalização” ou tentativa de “utilizar este contexto para tentar virá-lo contra a Ucrânia”.

O EI-K, “que aparentemente está envolvido neste atentado, efetuou nos últimos meses várias tentativas no nosso próprio território”, explicou Macron à imprensa.

“Assim, tendo em conta as suas ramificações e intenções, como medida de precaução, mas com elementos credíveis e sólidos”, foi “decidido aumentar o nível do Vigipirate”, que tinha sido reduzido em janeiro, acrescentou.

A pedido do primeiro-ministro, o secretário-geral da Defesa e da Segurança Nacional, que dele depende, convocou para hoje uma reunião com todos os serviços de segurança.

A Direção-Geral da Segurança Interna (DGSI) reunirá, por sua vez, na quinta-feira de manhã “o conjunto dos atores dos serviços secretos” para “tirar todas as consequências do atentado de Moscovo”, anunciou hoje Gérald Darmanin.

“Impedimos atentados de acontecerem quase todos os meses”, sublinhou o ministro do Interior, salientando que “a ameaça islamita” poderá “afetar todo o mundo, em qualquer altura, e não apenas França”.

Por exemplo, “quase 130” escolas secundárias do país foram alvo, desde a semana passada, de ameaças de atentado e de “atos maliciosos” através de redes informáticas, indicou o Ministério da Educação.

O Governo francês pretende destacar 45.000 efetivos das forças de segurança interna na região de Paris para a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, com unidades de elite. A capacidade de espetadores foi reduzida para quase metade, 326.000 pessoas.

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