Ventura diz que não legislará contra o executivo se Governo “governar bem” e cumprir promessas

O presidente do CHEGA, André Ventura, afirmou hoje que a Assembleia da República não aprovará iniciativas contra o Governo se este "governar bem" e cumprir as promessas que fez e acusou o primeiro-ministro de desespero.

© Folha Nacional

“Eu diria a Luís Montenegro isto: o CHEGA e o PS e outros não legislarão contra o Governo numa condição, o Governo governar bem e cumprir o que prometeu. Se não o fizer, o parlamento terá que o fazer, porque o parlamento é quem decide”, afirmou.

No domingo, o presidente do PSD e primeiro-ministro desafiou os líderes do PS e do CHEGA a dizerem se querem fazer “um governo alternativo” e “legislar em conjunto”, considerando que tal tem de ser assumido “olhos nos olhos” perante os portugueses.

Hoje, o presidente do CHEGA defendeu que “o PS e o CHEGA devem fazer uma coisa como todos os partidos, que é cumprir as promessas eleitorais” e considerou que “quem se desviou das promessas eleitorais foi o doutor Luís Montenegro, que disse que iria fazer a maior devolução fiscal do nosso tempo e tinha um remendo fiscal”, indicando que “o CHEGA e outros partidos tiveram que vir corrigir isso”.

“Disse que queria devolver rendimentos às famílias e até agora nada, disse que queria resolver o problema dos polícias, até agora nada, disse que iria resolver os professores, até agora nada. E, portanto, eu percebo o desespero de Luís Montenegro, quando não se consegue governar bem, a melhor forma é dizer atenção o PS e o CHEGA estão juntos. O que ele quer dizer é ‘eu não consigo fazer melhor e os outros estão a fazer melhor que eu no parlamento'”, defendeu.

André Ventura indicou que “o CHEGA não vai deixar de ter iniciativa, de cumprir as suas promessas eleitorais unicamente porque o PSD não o quer fazer”.

“Se o PSD desistir de governar para as pessoas, se o PSD desistir de cumprir promessas eleitorais, o CHEGA não quer saber quem é que volta ao seu lado, o CHEGA quer é tornar a vida das pessoas melhor”, indicou.

Ventura disse também que o seu partido não alinha numa tentativa de “criar uma crise a qualquer preço” ou numa “vitimização ‘a la Cavaco Silva'”.

No domingo, Luís Montenegro desafiou também o CHEGA a “explicar porque é que anda de braço dado na Europa com partidos franceses, italianos, alemães que defendem o regime russo de Putin”.

Questionado sobre estas declarações, Ventura considerou que foi “muito infantil” da parte do primeiro-ministro e salientou que “o CHEGA tem sido, desde o início, o partido em Portugal mais ou dos mais veementes na condenação da Rússia”.

“Eu recordo que foi o CHEGA que levou ao parlamento o projeto de resolução para condenar a Rússia como Estado terrorista, o PSD do doutor Luís Montenegro votou contra”, argumentou.

Dizendo estar “muito à vontade nessa matéria”, o líder do CHEGA defendeu que “muitos dos partidos do ID [família política europeia do seu partido] que estão no governo têm feito mais pelos refugiados ucranianos do que todos os amigos do doutor Luís Montenegro e os amigos do doutor Pedro Nuno Santos”, como “é o caso de Itália”.

E acusou o presidente do PSD de querer “desviar as atenções”.

Na ocasião, o presidente do CHEGA foi questionado também sobre o voto que o seu partido entregou no parlamento para que os deputados manifestem “a sua mais profunda e severa condenação ao sr. Presidente da República, e às palavras por ele proferidas, por reforçar a ideia de reparação e afirmar que Portugal deve pagar indemnizações pelo seu passado histórico nas antigas colónias”.

“Eu penso que o parlamento tem o poder, tal como pode condenar outros chefes de Estado, também pode condenar o nosso”, defendeu, e pediu o apoio de outros partidos para que o projeto seja viabilizado.

Questionado se esta iniciativa não põe em causa uma instituição, uma vez que pretende condenar o Presidente da República, Ventura defendeu que “foi a instituição que se pôs em causa a si própria, porque o Presidente da República, como eu disse no 25 de Abril, ele não é eleito pelos outros países, não é eleito pelas ex-colónias ou pelas ex-províncias”, mas sim pelos portugueses.

“Um presidente que faz isto aproxima-se muito de uma coisa que até é crime no Código Penal, que é traição à pátria”, disse.

Ventura indicou também que o partido está a ponderar tomar “outras iniciativas parlamentares”, mas recusou adiantar, remetendo o anúncio para terça-feira.

O presidente do CHEGA lembrou que o partido pediu a audição no parlamento do ministro dos Negócios Estrangeiros no parlamento e defendeu que era importante ouvir Paulo Rangel “explicar o que é que está em causa”.

Últimas de Política Nacional

Exigir que todos cumpram a lei passou a dar multa. O Tribunal Local Cível de Lisboa mandou retirar os cartazes de André Ventura e proibiu o candidato presidencial de repetir a mensagem, numa decisão que Ventura considera ser censura política.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje os decretos da lei da nacionalidade, na sequência das inconstitucionalidades decretadas pelo Tribunal Constitucional, devolvendo-os à Assembleia da República.
O candidato presidencial Luís Marques Mendes divulgou hoje uma lista com os 22 clientes da sua empresa, na qual se encontram prestações de serviços em consultoria, comentários e participações em conferências, e que inclui a construtora de Famalicão Alberto Couto Alves.
A Autoridade Tributária classificou como “antiga” uma moradia reconstruída em 2024 pertencente ao ministro da Presidência, António Leitão Amaro, permitindo-lhe pagar menos de metade do IMI devido.
Luís Marques Mendes encerrou a sua empresa familiar e mantém silêncio sobre clientes, contactos e serviços que lhe renderam centenas de milhares de euros.
Foi distinguido oficialmente pelo Estado, elogiado em Diário da República pela ex-ministra da Justiça e apresentado como um quadro exemplar da governação. Meses depois, Paulo Abreu dos Santos está em prisão preventiva, suspeito de centenas de crimes de pornografia de menores e de abusos sexuais contra crianças.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje não remeter ao Ministério Público o caso da adulteração da assinatura da deputada socialista Eva Cruzeiro, considerando não atingir o patamar de crime, embora se trate de ato censurável.
André Ventura defende hoje em tribunal que os cartazes que visam os ciganos são uma mensagem política legítima cujas exceções ou retirada representaria um “precedente gravíssimo” e que os autores da ação pretendem um “julgamento político” da sua atividade.
O candidato presidencial André Ventura afirmou que Luís Marques Mendes está “condicionado”, considerando que as verbas recebidas pelos concorrentes a Belém como consultores não são uma questão menor.
A averiguação preventiva à Spinumviva, empresa da família do primeiro-ministro Luís Montenegro, foi arquivada na terça-feira, anunciou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR).