Líder da oposição espanhola pede demissão de ministro por críticas a PR argentino

O presidente do Partido Popular (PP) espanhol, Alberto Núñez Feijó, pediu hoje que o ministro socialista dos Transportes, Óscar Puente, “renuncie ou seja demitido” por ter causado uma crise diplomática com a Argentina.

© facebook/NunezFeijoo

 

Na sexta-feira, Puente disse que existem “pessoas muito más que, exatamente por serem más, chegaram ao topo”, dando como exemplos o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ou o atual presidente argentino, Javier Milei, insinuando mesmo que este é consumidor de drogas.

Em resposta, num comunicado divulgado horas depois, Milei repudiou “as calúnias e os insultos” de Puente e responsabilizou politicamente o presidente do Governo espanhol socialista, Pedro Sánchez.

Num comício em Badalona (Barcelona), Feijó – que apareceu acompanhado pelo presidente da Câmara local, Xavier García Albiol, e pelo candidato do PP à presidência da Governo regional, Alejandro Fernández – lamentou este conflito diplomático, cuja responsabilidade atribuiu ao Governo de Sánchez.

“Eles vangloriam-se de relevância internacional e acabam a criar uma crise política com um país irmão como a República Argentina. Pedem que não sejam insultados e insultam a todos”, denunciou Feijó, num discurso perante quase 3.000 militantes e simpatizantes.

Para o líder da oposição espanhola, o Governo socialista é “uma fábrica de boatos” e perturbou as relações com a Argentina, pelo que defendeu que Puente “deve renunciar ou ser demitido”.

No entanto, Feijó acredita que o ministro não deverá renunciar nem será demitido do cargo, explicando que Puente e Sánchez partilham do mesmo ideário e da mesma forma de atuação, já que “aproveitam o atoleiro em que tentam colocar a Espanha”.

Para o líder do PP, Puente e Sánchez atuam desta forma porque estão interessados em proveitos eleitoralistas, para proteger os interesses do Partido Socialista espanhol (PSOE).

Em comunicado publicado na rede social X, Milei respondeu às críticas afirmando que “o Governo de Pedro Sánchez tem problemas mais importantes com que se preocupar, como as acusações de corrupção que recaem sobre a sua esposa, assunto que o levou, inclusive, a avaliar a renúncia”.

O Presidente argentino espera que a justiça actue “com celeridade”, perante este caso, que, segundo considerou, “afecta a estabilidade” de Espanha e as relações entre ambos os países.

Acusou ainda Pedro Sánchez de “por em perigo” a unidade de Espanha, “pactuando com separatistas” e “permitindo a imigração ilegal dos que atentam contra a sua integridade física” e a classe média, através de “políticas socialistas que só trazem pobreza e morte”.

O ministro dos Transportes, Óscar Puente, sugeriu na sexta-feira que o líder argentino consumia drogas.

“Vi Milei na televisão, (…) não sei se foi antes ou depois da ingestão de substâncias. (…) Eu disse: ‘É impossível que ele ganhe as eleições’”, disse Puente numa conferência organizada pelo PSOE.

Hoje, o Governo de Espanha rejeitou “categoricamente” as críticas do Presidente da Argentina.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação afirmou em comunicado que o Governo e o povo espanhóis continuam “a manter e a fortalecer os laços fraternais” e as relações de amizade e colaboração com o povo argentino, “vontade partilhada por toda a sociedade espanhola”, em resposta ao comunicado do Presidente argentino.

Javier Milei viajará daqui a duas semanas para Espanha, onde participará num evento organizado pelo partido de oposição de direita radical Vox, que terá lugar nos dias 18 e 19 de maio.

Últimas do Mundo

Cada vez mais portugueses procuram a Arábia Saudita, onde a comunidade ainda é pequena, mas que está a crescer cerca de 25% todos os anos, disse à Lusa o embaixador português em Riade.
O Papa rezou hoje no local onde ocorreu a explosão no porto de Beirute em 2020, que se tornou um símbolo da disfunção e da impunidade no Líbano, no último dia da sua primeira viagem ao estrangeiro.
Pelo menos 30 pessoas foram sequestradas em três ataques por homens armados durante o fim de semana no norte da Nigéria, aumentando para mais de 400 os nigerianos sequestrados em quinze dias, foi hoje anunciado.
Pelo menos quatro pessoas morreram baleadas em Stockton, no estado da Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, anunciou a polícia, que deu conta ainda de dez feridos.
O estudante que lançou uma petição a exigir responsabilização política, após o incêndio que matou 128 pessoas em Hong Kong, foi detido por suspeita de "incitação à sedição", noticiou hoje a imprensa local.
O alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou hoje que “pelo menos 18 pessoas” foram detidas no golpe de Estado de quarta-feira na Guiné-Bissau e pediu que se respeitem os direitos humanos.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), confirmou, na sexta-feira, que continua a investigar crimes contra a humanidade na Venezuela, depois de em setembro o procurador-chefe Karim Khan se ter afastado por alegado conflito de interesses.
Um "ataque terrorista" russo com drones na capital da Ucrânia causou hoje pelo menos um morto e sete feridos, além de danos materiais significativos, anunciaram as autoridades de Kiev.
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) denunciou hoje que um grupo de homens armados e encapuçados invadiu a sua sede, em Bissau, agredindo dirigentes e colaboradores presentes no local.
A agência de combate à corrupção de Hong Kong divulgou hoje a detenção de oito pessoas ligadas às obras de renovação do complexo residencial que ficou destruído esta semana por um incêndio que provocou pelo menos 128 mortos.