Ausência de investimento no SNS arrasta-se desde os anos de 1980

Sindicatos representativos dos profissionais de saúde defenderam hoje no parlamento que a ausência de investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “é um problema que se arrasta desde os anos de 1980”, criticando a falta de valorização das carreiras.

© D.R.

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam), o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica (STSS) e a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) estiveram a ser ouvidos na comissão de Saúde, na Assembleia da República, onde expressaram dificuldades em negociar com o Ministério da Saúde.

“Este é um problema que se arrasta desde os anos de 1980, desde o momento em que se começou a pensar no SNS com uma outra vertente e com uma outra filosofia”, realçou Elisabete Gonçalves, dirigente da FNSTFPS.

Aos deputados, Elisabete Gonçalves disse que não se consegue perceber os resultados do plano de emergência para a Saúde.

“Em nenhum local se fala da necessidade de contratar trabalhadores para a urgência e para o SNS. Fala-se em muitas medidas, mas fala-se essencialmente na relação que o SNS passa a ter quer com o setor social, quer com o setor privado e, no fundo, com a esterilização de serviços ou com alocação de áreas para estes setores”, afirmou.

Elisabete Gonçalves lembrou que atualmente faltam 2.124 trabalhadores no Ministério da Saúde face a 2023.

“São menos estes que estão. Houve vários trabalhadores que foram contratados durante o processo da pandemia que ficaram a trabalhar no SNS, mas aos poucos, sendo contratos de trabalho de curta duração, foram saindo e não foram sendo substituídos”, apontou.

Por sua vez, a coordenadora da Fnam, Joana Bordalo e Sá, afirmou que a greve geral agendada por esta federação para 23 e 24 de julho “é um grito de alerta” para que o SNS consiga fixar mais médicos.

“Temos que melhorar as condições de trabalho e valorizar a nossa carreira”, disse.

Joana Bordalo e Sá referiu que a Fnam “aceitou todos os pontos que o Governo quis incluir no protocolo negocial” no que diz respeito à avaliação, à discussão da formação do internato médico e normas de organização e disciplina do trabalho.

“Entendemos que a negociação destes três itens até seria bastante rápida. (…) E nós, apesar de termos aceitado estes pontos todos, era muito importante termos a questão das tabelas remuneratórias do salário base e o que este Governo nos apresentou foi um empurrar de meses e meses a discutir estes três assuntos prévios e atirar a discussão das tabelas salariais em 2025”, observou

Também Guadalupe Simões, dirigente do SEP, explicou que o que correu mal nas negociações com o Governo foi a imposição de duas grelhas salariais, que não valorizam as qualificações dos profissionais, do sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública (SIADAP), o congelamento das progressões entre 2005 e 2018, o impedimento das progressões entre 2011 e 2018.

“Há um conjunto de coisas que correram mal que retirou as expectativas aos profissionais de se desenvolverem”, alertou.

A sindicalista considerou que o plano de emergência que foi apresentado é um “plano de doença”, salientando que há “variadíssimos problemas nas urgências”.

Guadalupe Simões recordou, por exemplo, que no Algarve “há uma série de problemas que não estão resolvidos”, referindo que “só nas urgências de Portimão saíram 100 enfermeiros”.

“Mais uma vez a situação do Algarve é caótica”, precisou.

Já Fernando Zorro, do STSS, considerou que o problema nas urgências “reflete uma falha estrutural daquilo que foi planear o SNS”.

“Andamos de plano em plano, de urgência em urgência, e não temos efetivamente aquilo que é um plano para o SNS. E não temos, porque nunca foi investido”, referiu.

Últimas do País

A Embaixada da República de Angola em Portugal reagiu com “consternação” ao falecimento dos seis jovens angolanos, vítimas de um acidente de viação na madrugada de domingo em Lisboa, endereçando as condolências às famílias.
A campanha do Banco Alimentar Contra a Fome recolheu este fim de semana 2.150 toneladas de alimentos, avançou hoje a instituição de solidariedade social, menos 2,8% do que na campanha homóloga de 2024.
Um vigilante ao serviço da Urgência do Hospital de Santo Tirso foi agredido, na noite de domingo, por um grupo de cerca de vinte homens que entrou no serviço a exigir que um indivíduo alcoolizado fosse atendido de imediato.
O período para pagamento da última prestação do IMI superior a 100 euros decorre até terça-feira, por ser o primeiro dia útil após o final do prazo oficial de 30 de novembro, informou hoje o Ministério das Finanças.
Assim, Porto, Braga e Viana do Castelo vão estar sob aviso amarelo, entre as 18h00 e as 21h00 de hoje devido à previsão de precipitação, por vezes forte, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Seis pessoas morreram no despiste de um veículo ligeiro, na madrugada deste domingo, na Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, que se incendiou após o embate. As vítimas serão jovens com idades entre os 18 e os 20 anos, avança a RTP.
Um pequeno incêndio deflagrou, na manhã de sábado, na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, obrigando à transferência de dois doentes para outras unidades de saúde.
Os proprietários de imóveis com um IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) superior a 100 euros têm até hoje para pagar a última prestação deste imposto.
O preço da farinha e do açúcar tem vindo a baixar desde o início do ano, mas o valor dos ovos deverá encarecer os doces de Natal, ao registar, desde o início do ano, um aumento de quase 32%.
Cerca de 20% das 2.331 vagas abertas para os novos médicos escolherem a especialidade ficaram por preencher, anunciou hoje a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), alertando para a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em fixar esses profissionais.