Lesados do BES lamentam que Ministério Público não os reconheça e pedem justiça material

A associação de lesados ABESD lamentou hoje que o Ministério Público não faça referência aos lesados/vítimas no documento divulgado sobre o processo GES/BES e apela a soluções que lhes garantam justiça material, compensado-os pelas perdas financeiras.

© Facebook dos Lesados do BES

 

Em comunicado hoje divulgado, a ABESD – Associação de Defesa dos Clientes Bancários diz reconhecer o trabalho da Justiça na investigação ao colapso do Grupo Espírito Santo e do Banco Espírito Santo, mas lamenta que no documento divulgado pelo Ministério Público na segunda-feira (em que faz uma resenha do trabalho investigativo e de acusação) não haja menção aos lesados e considera que o Ministério Público “falha em abordar a questão central para os milhares de lesados e vítimas: a recuperação do dinheiro perdido com os atos criminosos”.

“Não se faz menção aos termos ‘lesado’ ou ‘vítima’ em todo o documento, o que é particularmente revelador e preocupante, pois parece desconsiderar o impacto humano e financeiro devastador que este esquema teve sobre milhares de pessoas e famílias”, lê-se no comunicado da ABESD.

A associação diz que nos 10 anos passados sobre o colapso do GES/BES “nenhuma medida concreta de proteção às vítimas foi destacada” e que isso reforça a sensação de que o sistema de justiça “falha em oferecer justiça material” e apela a que sejam criadas medidas de compensação material dos lesados/vítimas.

“A nossa associação, longe de querer ser demagógica, apela ao Ministério Público e a todas as entidades envolvidas para que se mobilizem em torno de soluções que devolvam aos lesados aquilo que lhes foi tirado. A justiça não se faz apenas com a punição dos culpados, mas, acima de tudo, com a reparação das vítimas”, afirma.

A ABESD diz ainda que o Ministério Público não poderia ter realizado todo este trabalho investigativo “sem a colaboração e o sacrifício dos lesados, os verdadeiros donos dos recursos que foram desviados nestes esquemas criminosos”, pelo que o Ministério Público, enquanto defensor do Estado de Direito, “deveria ser a entidade mais interessada na rápida restituição dos bens aos lesados”.

Para a associação, a falta de ação nesse sentido “questiona a eficácia de um sistema que, embora rigoroso nas suas investigações, mostra-se lento e insuficiente na reparação dos danos”.

O comunicado recorda o caso Bernard Madoff, nos Estados Unidos da América, referindo que aí o Departamento de Justiça tomou medidas proativas para garantir a restituição dos bens às vítimas antes ainda da sentença.

“A justiça norte-americana demonstrou que, perante uma fraude em larga escala, a prioridade deveria ser a compensação das vítimas”, diz a associação, defendendo que “uma justiça verdadeiramente eficaz deve ser capaz de combinar rigor investigativo com resultados práticos e tangíveis para aqueles que mais sofreram”.

Dez anos depois da queda do BES, o principal processo-crime, o julgamento do caso BES/GES, deverá arrancar em outubro. No âmbito do processo-crime, cerca de 2.000 clientes lesados conseguiram dos juízes o estatuto de vítima e também querem ser indemnizados. Em tribunal, o Ministério Público opôs-se à concessão desse estatuto.

Esta segunda-feira, o Ministério Público divulgou um documento sobre a investigação ao GES/BES, que decorreu entre 2014 e 2023, sintetizando as acusações proferidas em sete processos.

Segundo o Ministério Público, nesses processos “foram acusadas e nalguns processos já pronunciadas várias dezenas de pessoas singulares e coletivas, algumas em mais do que um inquérito, tendo-lhes sido imputados mais de 630 crimes”.

O Ministério Público disse ainda que a investigação determinou que “foram apuradas vantagens decorrentes da prática dos crimes num montante global que ronda os 18 mil milhões de euros e 211 milhões de dólares americanos”.

Últimas do País

O Tribunal Judicial de Leiria condenou esta quarta-feira 24 arguidos num processo relativo a dezenas de burlas através do MB Way, no qual estavam em causa crimes de burla informática, simples e agravada, e acesso ilegítimo, em autoria singular ou coautoria.
Os cuidadores informais em Portugal enfrentam níveis muito elevados de exigência, falta de apoio e sinais preocupantes de desgaste físico e emocional, conclui um estudo hoje apresentado no VII Encontro Nacional de Cuidadores Informais, no Entroncamento.
Um grupo de alegados guias turísticos tem intimidado turistas na estrada de Monserrate, em Sintra, para aceitarem transporte para os monumentos, enquanto as suas viaturas são assaltadas, alarmando visitantes e residentes, mas as autoridades investigam as denúncias.
As autarquias portuguesas voltaram a reforçar os cofres municipais com o Imposto Municipal sobre Imóveis. Só em 2024, o IMI rendeu mais de 1,5 mil milhões de euros — com Lisboa a liderar isolada, mesmo aplicando a taxa mínima.
Inibir os efeitos da progesterona pode ajudar a reduzir o risco de cancro da mama em mulheres com maior probabilidade de desenvolver a doença, indica um estudo científico que tem o português Bruno Simões como primeiro autor.
A quantidade de amêndoa produzida em Portugal deverá cair este ano, face à campanha do ano passado, devido ao mau tempo registado no período da floração e polinização das árvores, estimou hoje uma associação do setor.
As exportações de vinho subiram 1,7% em volume para 230 milhões de litros até agosto, mas em valor recuaram 1%, segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).
A Impresa confirmou hoje que estão em curso negociações com o grupo MFE, para venda de até 33% do capital, mas ainda não há acordo vinculativo, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Um assalto transformou a Avenida dos Aliados, no Porto, numa verdadeira cena de filme. Um homem de 31 anos fugia de populares após furtar uma loja quando, em pleno centro da cidade, ameaçou quem o perseguia com um extintor e chegou mesmo a atingir na cara um polícia.
Um jovem de 23 anos, procurado pelas autoridades europeias por homicídio qualificado, foi capturado pela PSP num posto de combustível da Amadora. Além de estar em situação ilegal em Portugal, o suspeito transportava 22 doses de haxixe e 565 euros em dinheiro.