SEP considera vergonhoso acordo alcançado com plataforma de sindicatos de enfermeiros

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considera “vergonhoso” o acordo alcançado com alguns sindicatos de enfermeiros, referindo que o Governo está a usar o dinheiro dos retroativos não pagos entre 2018 e 2022 para uma valorização salarial insuficiente.

© facebook/ipolisboa

Em declarações à Lusa no arranque da greve de dois dias convocada pelo SEP, o presidente da estrutura sindical, José Carlos Martins, disse que, embora o texto do acordo ainda não seja conhecido, “pelas declarações da senhora ministra o acordo é uma vergonha”.

“O Ministério da Saúde deve um monte de dinheiro aos enfermeiros dos retroativos de 2018 a 2022 e, agora, usa esse dinheiro de dívida não paga para uma eventual valorização, ainda que insuficiente, da grelha [salarial], faseadamente, durante três ou quatro anos”, afirmou.

O responsável, que pelas 09:00 ainda não tinha dados sobre a adesão à greve que hoje começou no Continente e Açores, acrescentou que, “sendo importante a valorização dos enfermeiros através da grelha salarial, há muitas outras questões que importa resolver”, dando o exemplo da compensação do risco e penosidade da atualização dos enfermeiros especialistas.

Lembrou que o SEP aguarda que o ministério reagende a reunião nos termos do protocolo negocial que foi estabelecido com o sindicato e que, nessa reunião, o Governo “apresente o pacote de soluções para o conjunto dos problemas“.

“Mesmo na grelha [salarial], o que está a ser anunciado tem uma enormíssima opacidade”, considerou o responsável, acrescentando: “não vamos admitir que os enfermeiros sejam discriminados quando iniciam a sua atividade face aos demais profissionais de saúde”.

O SEP defende ainda um encurtamento das posições remuneratórias, uma “efetiva valorização” dos enfermeiros especialistas, cuja grelha salarial é igual à do enfermeiro, apesar do investimento de 18 meses na formação “com competências especializadas que têm impacto na melhoria de cuidados prestados”.

Lembrando que o SEP “não conhece com rigor o acordo alcançado” na segunda-feira com a plataforma de cinco sindicatos, José Carlos Martins considerou-o “vergonhoso” e disse que o SEP não assinaria um acordo “com o conteúdo que está a ser divulgado”.

O Ministério da Saúde chegou a acordo na segunda-feira com a plataforma de cinco sindicatos que inclui o Sindicato dos Enfermeiros (SE), o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU), o Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE), o Sindicato Independente Profissionais Enfermagem (SIPENF) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR).

Segundo disse a ministra da Saúde, o acordo prevê um aumento salarial de cerca de 20% até 2027, que começará a ser pago em novembro deste ano.

“Globalmente, é um aumento acima dos 20% e o valor mínimo de aumento será, até 2027, de 300 euros”, afirmou Ana Paula Martins aos jornalistas, à margem da inauguração da nova sede da Ordem dos Farmacêuticos, em Lisboa.

Depois de referir que o acordo inclui vários aspetos relativos à progressão na carreira, a ministra da Saúde afirmou também que, “pela primeira vez”, um Governo vai iniciar uma negociação com os sindicatos com vista a um Acordo Coletivo de Trabalho para a profissão.

Últimas do País

O Ministério Público (MP) arquivou o inquérito por violação de segredo de Estado que tinha aberto após ter sido apreendida, na Operação Influencer, uma 'pen-drive' com uma lista de agentes dos serviços de informação.
A praia da Nazaré está desde domingo interditada a banhos, pela terceira vez este verão, devido a uma "escorrência" detetada nesse dia, mantendo-se a medida até serem revelados os resultados das análises efetuadas às águas balneares.
O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Sintra decidiu hoje levar José Castelo Branco a julgamento nos exatos termos da acusação do Ministério Público (MP) por violência doméstica sobre Betty Grafstein.
As intervenções emergentes e críticas decorrentes dos incêndios rurais deste verão têm o valor de 3,7 milhões de euros, revelou o Ministério do Ambiente e Energia, adiantando existir uma dotação de 15 milhões de euros para ações urgentes.
O número de atendimentos em serviço de urgência do Serviço Nacional de Saúde diminuiu cerca de 4% em duas décadas, entre 2003 e 2023, período em que o número de enfermeiros especialistas triplicou, segundo dados divulgados hoje pelo INE.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) inicia na terça-feira uma operação de sensibilização e fiscalização rodoviária direcionada aos comportamentos associados à condução agressiva, em especial dos utilizadores de veículos de duas rodas a motor.
O Ministério da Saúde revelou hoje que há instituições que tinham assinado contratos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para cuidados continuados que pediram a rescisão, num total que abrange mais de 870 camas.
Um sismo de magnitude 2.8 na escala de Richter, com epicentro cerca de 10 quilómetros a norte de Santa Luzia, na ilha do Pico, foi hoje sentido pelas 13:09, nos Açores, segundo o IPMA.
Um incêndio que deflagrou hoje numa zona de mato em Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, já se encontra dominado, segundo o Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Beira Baixa.
O SNS tem mais de 150 mil trabalhadores, mas os bastonários dos médicos e enfermeiros elencam a falta de profissionais como um constrangimento do serviço público que já gasta cerca de 15 mil milhões de euros anualmente.