Corrupção de decisores políticos continua tabu na discussão pública

O vice-presidente da Frente Cívica, João Paulo Batalha, considerou que a corrupção de decisores políticos continua tabu na discussão pública em Portugal.

© Folha Nacional

“A corrupção das instituições políticas, dos partidos políticos e dos decisores é a corrupção que os cidadãos mais percecionam. Aquela que aparece nos casos mais mediáticos e com mais impacto é sempre corrupção de decisores políticos e essa continua, de facto, a ser um tabu na discussão pública em Portugal”, afirmou João Paulo Batalha, a propósito das comemorações do Dia Internacional Contra a Corrupção, na segunda-feira, na Marinha Grande (Leiria).

Antes, João Paulo Batalha salientou que “para o poder político é incómodo falar, sobretudo, da corrupção política”.

“Foi, durante muitos anos, incómodo falar de todo o tipo de corrupção, mas, entretanto, tem havido alguma inteligência tática dos partidos políticos em ocupar o espaço, falando sobre o problema, mas desviando, muitas vezes, para problemas menores do combate à corrupção, nomeadamente corrupção de pequenos funcionários ou corrupção administrativa nas repartições que, todos os indicadores lhes dizem acontecerá, mas pouco”, prosseguiu.

Questionado pela agência Lusa sobre como está o país em matéria de combate à corrupção, o dirigente da Frente Cívica respondeu que “tem havido um conjunto de iniciativas políticas de vários governos para o combate à corrupção”, como a primeira Estratégia Nacional Anticorrupção 2020-2024 e o anúncio do atual executivo de que “está a preparar uma nova agenda de combate à corrupção”.

“Vamos tendo um conjunto, mais ou menos cíclico, de iniciativas políticas, mas o que não vemos são resultados no terreno”, sustentou, assinalando que se continua a atirar “o combate à corrupção quase exclusivamente para o poder judicial e há uma desresponsabilização política”, declarou João Paulo Batalha.

Esta desresponsabilização costumava traduzir-se “numa inércia total”, mas, nos últimos anos, houve uma “sucessão de iniciativas de combate à corrupção, de novas leis ou de revisões de leis ou de agendas” que “concretizam pouco, porque têm também objetivos pouco claros e difíceis ou impossíveis de medir”, assinalou.

Para o vice-presidente da Frente Cívica, Portugal continua “a ter um problema enorme de eficácia no combate à corrupção, como depois se vai vendo com a sucessão de problemas que acontecem nas instituições” e para os quais estas não estão preparadas para prevenir, nem depois para os resolver.

Sobre o que o país precisa para o combate à corrupção, João Paulo Batalha apontou a assunção da corrupção como “prioridade política, não apenas do ponto de vista normativo”, da elaboração ou revisão de leis, da criação de estratégias ou agendas que “são escudos de papel” e não se implementam.

“Precisamos de assumir este problema como um problema de base do poder político e da promiscuidade entre o poder político e poder económico, e um problema de qualidade das instituições”, referiu.

Segundo João Paulo Batalha, “as instituições judiciais, nomeadamente o Ministério Público, têm feito algum trabalho de especialização e são muito mais assertivas na investigação de suspeitas de corrupção, mas as instituições políticas continuam a produzir papel e com muito pouca eficácia”.

“Precisávamos que este combate fosse assumido pelos principais agentes políticos, os governos, os parlamentos, os vários presidentes da República que temos tido, como um problema de primeira linha de qualidade da nossa democracia e de confiança dos cidadãos no próprio sistema democrático”, acrescentou.

As comemorações começam às 09:00, no auditório da Resinagem. Após a sessão de boas-vindas do presidente da Câmara da Marinha Grande, vão discursar os presidentes da Frente Cívica, do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, da Associação Sindical dos Profissionais da Inspeção Tributária e Aduaneira e da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, além do procurador-geral da República.

Últimas de Economia

A Comissão Europeia autorizou a comercialização de um medicamento para o tratamento da depressão pós-parto, depois de uma avaliação positiva da Agência Europeia do Medicamento (EMA), foi hoje anunciado.
O Tribunal de Contas (TdC) julgou improcedente o recurso da Câmara de Idanha-a-Nova sobre a recusa do visto ao contrato para a criação de um cartão de saúde, porque a aprovação não passou pela assembleia municipal.
Os viticultores do Douro que queiram aceder ao apoio de 50 cêntimos por quilo de uva a destilar têm que submeter as candidaturas até 25 de setembro, segundo uma portaria publicada hoje em Diário da República (DR).
Em causa estava a interpretação do artigo 251.º do Código do Trabalho, que define os dias de ausência a que o trabalhador tem direito em caso de luto: o STEC defendia que o cálculo devia abranger apenas dias úteis, enquanto a CGD sempre contabilizou dias consecutivos de calendário, incluindo fins de semana e feriados.
A agência de notação financeira Fitch subiu esta sexta-feira o 'rating' de Portugal de A- para A, com 'outlook' (perspetiva) estável, anunciou, em comunicado.
O movimento de passageiros nos aeroportos portugueses cresceu 4,9% de janeiro a julho, em relação ao mesmo período do ano passado, mostram dados divulgados hoje pelo INE.
A Autoridade Tributária (AT) devolveu, em 2024, 86 milhões de euros em IVA a turistas oriundos de países terceiros, nomeadamente cidadãos de fora da União Europeia (UE), no âmbito do regime ‘tax-free’.
No relatório "Reformas da Política Fiscal", a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) resume a trajetória das medidas fiscais introduzidas ou anunciadas pelos governos de 86 jurisdições em 2024, olhando para a realidade dos países da organização e de algumas economias "parceiras".
O objetivo destes empréstimos, disse o grupo BEI, é reduzir a fatura de energia e aumentar a competitividade das pequenas e médias empresas (PME).
A agricultura portuguesa pode perder até 510 milhões de euros anuais devido à redução da produtividade e ao aumento de custos, com a decisão de Bruxelas proibir o uso de algumas substâncias ativas, revelou um estudo hoje divulgado.