Abusos sexuais ‘online’ contra crianças estão a aumentar de forma perigosa

A presidente do Instituto de Apoio à Criança (IAC) alertou hoje que os abusos sexuais na internet contra crianças “estão a aumentar de forma particularmente perigosa” e pediu reflexão e ações concretas porque “há muito a fazer”.

© D.R.

Em entrevista à agência Lusa, quando termina o segundo mandato à frente da direção do IAC, no qual trabalhou cerca de 20 anos, Dulce Rocha destacou os abusos sexuais ‘online’ como o principal perigo atual para as crianças e jovens.

Defendeu que é preciso chamar as várias plataformas e travar a difusão de conteúdos abusivos, dando como exemplo o caso do Reino Unido, onde foram aprovadas “leis muito limitativas dos conteúdos abusivos”, que permitem o seu bloqueio.

Dulce Rocha apontou que “tem sido muito difícil conseguir o consenso” dos estados-membros da União Europeia e alertou que “atualmente, quer o discurso de ódio, quer os conteúdos abusivos estão a aumentar de uma forma assustadora”.

“Há muito a fazer e os deputados europeus não podem apenas preocupar-se com questões financeiras [porque] a questão da segurança das crianças é fundamental”, disse a responsável.

“Se não tivermos segurança nas crianças, não temos segurança em sítio nenhum”, acrescentou.

Alertou que o facto de “a criança estar no quarto, não significa estar segura” e que, por isso, deve haver maior diálogo nas famílias e nas escolas, já que as crianças e jovens “sabem muito mais de internet dos que os adultos”, mas os adultos percebem muito melhor a questão dos perigos e da insegurança.

“Quando estão nas redes [sociais] escapam-nos muitos meninos, muitos jovens e isso está a ser um bocado dramático e devíamos todos sentar-nos à mesa para perceber melhor o funcionamento e de que forma poderíamos proteger estas crianças”, defendeu Dulce Rocha.

Apontou também como uma realidade “muito preocupante” o crime de violência doméstica, um fenómeno “que é muito difícil de combater”, defendendo que “talvez seja importante não utilizar sempre os mesmo métodos” e que “a legislação não acompanhou a realidade”.

Sobre esta questão, considerou ser “inadmissível o crime de violência doméstica continuar a poder ser perpetrado várias vezes e ser só um crime”.

“Ao fim de 20 anos de violência, o indivíduo é punido por um crime de violência doméstica”, criticou, apontando igualmente o dedo ao facto de Portugal continuar sem ter o femicídio tipificado como crime.

Ainda em relação ao crime de violência doméstica, a presidente do IAC chamou a atenção para o impacto e consequências psicológicas que tem nas crianças, lamentando que não tenham acesso a programas de recuperação psicológica “porque ainda não se entendeu que essas crianças são mesmo vítimas”.

Defendeu, por outro lado, que “o segredo é sempre confiar na vítima, confiar nas mulheres, confiar nas crianças”, alertando que “a permanente atitude de desconfiança relativamente à vítima, é muito devastadora”.

Dulce Rocha disse ainda que é preciso rever a linguagem nas decisões judiciais, que classificou de “retrógrada” e “culpabilizante” para a vítima.

Últimas do País

A Polícia Judiciária (PJ) já está a disponibilizar o heliporto que fica situado na sua sede, em Lisboa, ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) para transporte de órgãos.
Os hospitais públicos devem garantir que têm profissionais suficientes para poder dar altos aos utilizadores nos três dias em que o Governo concedeu tolerância de ponto, segundo um despacho a que a Lusa teve acesso.
Sete homens, com idades entre os 30 e os 41 anos, foram detidos por tráfico de droga nos concelhos de Benavente e Salvaterra de Magos (distrito de Santarém), Sintra (Lisboa), Setúbal e Vendas Novas (Évora), revelou hoje a GNR.
A Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) manifestou hoje preocupação com o alerta dos internistas da ULS do Tâmega e Sousa sobre a sobrecarga assistencial, assegurando que irá acompanhar o processo e intervir para promover soluções.
A Agência Portuguesa do Ambiente chumbou as alterações que o consórcio AVAN Norte queria fazer à linha de alta velocidade, nomeadamente alterar a estação de Gaia e construir duas pontes, segundo uma decisão a que a Lusa teve acesso.
A produção de vinho em Portugal teve uma quebra de 14% na campanha de 2025/2026, para 5,9 milhões de hectolitros, segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).
O Hospital de Vila Franca de Xira tem mais de 80 camas contratualizadas para doentes que já tiveram alta clínica, num investimento superior a seis milhões de euros por ano, revelou hoje o presidente do conselho de administração.
Os preços dos bilhetes nos serviços CP vão aumentar, em média, 2,26% em 2026, mas o custo dos passes não vai ter alterações, anunciou hoje a empresa.
O bolo-rei foi a última grande mudança na ceia de Natal tradicional portuguesa. Mais de 100 anos depois de sua introdução, o investigador acredita que este doce poderá começar a perder a centralidade que conquistou.
A GNR e a PSP detiveram nos últimos quatro dias uma média de 76 condutores por dia por excesso de álcool no sangue, no âmbito de operações de fiscalização mais rigorosos em virtude da quadra festiva.