Avança o jornal Público que o investimento suportado pelo poder local na instalação destes aparelhos pode ascender a vários milhares de euros, a que se juntam custos de manutenção, como eletricidade, internet, serviços de videovigilância, entre outros, igualmente elevados.
A encabeçar a lista do aparelho que mais despesa dá mensalmente, apurou o Público, está uma ATM colocada numa freguesia da ilha açoriana das Flores, a de Ponta Delgada, onde o município de Santa Cruz das Flores paga 630 euros por mês, ou seja, o equivalente a 7560 euros por ano, à Caixa Geral de Depósitos, ou os 465,75 euros pagos ao Bankinter, pela instalação de um equipamento numa freguesia de Castro Verde, no Alentejo.
Em declarações ao mesmo jornal, o presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), Jorge Veloso, disse estar preocupado com “o crescente encerramento de balcões, um processo que vai continuar” e que “abre caminho à criação de um novo negócio, o das ATM pagas, quando as freguesias não têm meios para suportar mais despesas”.
Esta informação já havia sido referida pelo Jornal de Notícias, na altura do verão, quando escreveu sobre os alertas da ANAFRE para os custos elevados destas soluções e sobre os apelos da empresa ao atual Governo, mais concretamente ao Ministério da Coesão Territorial, para “não deixar cair um projeto – do anterior Governo – que previa a instalação de cerca de 200 ATM, pela Caixa Geral de Depósitos, em freguesias mais isoladas ou mais desertificadas”.
Segundo o presidente da ANAFRE, esse projeto, suspenso com a queda do Governo de António Costa, contava ainda com a participação do Banco de Portugal. “Um envolvimento que a instituição liderada por Mário Centeno, contactada pelo Público, não confirmou nem desmentiu”, escreve o jornal.
Já em maio, a ANAFRE reuniu-se com o novo secretário de Estado da Administração Local e com o ministro adjunto da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, aguardando desenvolvimentos sobre este tema, uma vez que, em resposta ao Público, o Ministério da Coesão Territorial deu conta de que “têm sido avaliadas diversas estratégias” que deverão ser anunciadas no próximo ano.
“O Governo tem conhecimento desta situação e reconhece os desafios enfrentados pelas autarquias, bem como o impacto direto na qualidade de vida das populações”, indica o ministério, salientando que “ao longo dos últimos meses, têm sido avaliadas diversas estratégias para dar resposta a esta questão, estimando-se que, em 2025, se verifiquem avanços importantes nesta matéria”.