O Partido CHEGA tem sido uma das formações políticas mais polarizadoras do panorama político português desde a sua fundação em 2019. Liderado por André Ventura, o partido posiciona-se como uma voz crítica contra a classe política tradicional, defendendo medidas populistas e conservadoras que prometem responder às preocupações de segurança, justiça e identidade nacional de uma parte significativa do eleitorado. Para 2025, no entanto, o CHEGA enfrenta uma série de desafios que testarão a sua capacidade de consolidar a sua presença no espectro político e além.
Apesar do aumento consistente no número de votos, o CHEGA enfrenta a dificuldade de traduzir esse apoio em uma base sólida e estável.
O partido tem lutado para se legitimar como um parceiro viável para coligações, particularmente à direita. O PSD, liderado por Montenegro, continua reticente em alinhar-se formalmente ao CHEGA devido ao seu discurso controverso e às acusações de extremismo que rondam o partido. Mas a seu tempo, e não falta muito, Montenegro perceberá que se não os pode vencer, se juntará a nós.
A conjuntura socioeconómica também pode influenciar decisivamente o futuro do partido. Com a inflação em desaceleração e as desigualdades sociais acentuadas, há uma janela de oportunidade para o CHEGA capitalizar o descontentamento popular. Contudo, isso requer propostas concretas e realistas que atraiam não apenas votos de protesto, mas também aqueles que buscam soluções pragmáticas. Aí reside um dos maiores desafios do partido: transformar a sua narrativa de acusações e críticas em propostas efetivas de políticas públicas.
O CHEGA continua a ser um partido que desperta paixões e repulsa em medidas quase iguais. Em 2025, é crucial para o partido encontrar formas de suavizar a sua imagem sem alienar a sua base. André Ventura tem sido genial em utilizar as redes sociais e os meios de comunicação para amplificar a sua mensagem, mas também tem enfrentado fortes críticas devido ao seu discurso frequentemente polarizador.
Num contexto europeu em que partidos de direita radical como a Frente Nacional em França e o Vox em Espanha têm conseguido avanços significativos, o CHEGA enfrenta a pressão de seguir a mesma tendência. Contudo, o partido também precisará lidar com as peculiaridades do sistema político e cultural português, onde a direita radical não tem tradição de longa data. Alianças com formações europeias semelhantes podem reforçar a sua posição, mas também podem trazer problemas, caso sejam vistas como uma tentativa de “importar” agendas estrangeiras que nem sempre correspondem à realidade portuguesa.
Através da adoção de uma estratégia já bem definida, o CHEGA terá a oportunidade de se consolidar como um dos principais atores políticos de Portugal. Isso passará inevitavelmente por: definir com clareza as suas prioridades e como pretende implementá-las; demonstrar capacidade para dialogar com outros partidos sem abdicar dos seus princípios; apresentar soluções concretas para os problemas que afetam os portugueses, desde a saúde à habitação e à economia;
Com as eleições legislativas previstas para o futuro próximo, 2025 será um ano crucial para o Partido CHEGA. O sucesso dependerá da sua capacidade de se reinventar sem perder a essência, equilibrando o popular que o caracteriza com um pragmatismo necessário para se firmar como uma verdadeira alternativa de poder, que é. Aproveito para desejar a todos os militantes, simpatizantes um excelente ano 2025. Estamos juntos.