ONG receberam 7 mil milhões da UE e Tribunal de Contas Europeu critica “falta de transparência”

O Tribunal de Contas Europeu (TCE) criticou hoje a “falta de transparência” na concessão de verbas da União Europeia (UE) às organizações não-governamentais (ONG), que totalizaram mais de sete mil milhões de euros entre 2021 e 2023.

© D.R

“De modo geral, a auditoria do tribunal revela que o financiamento da UE concedido às ONG no âmbito das políticas internas não foi suficientemente transparente” pois, apesar de “a Comissão [Europeia] e outros organismos de execução terem cumprido os principais requisitos de transparência antes de concederem fundos da UE às ONG, não controlaram proativamente o respeito pelos valores da UE”, refere o auditor comunitário num relatório especial hoje publicado.

De acordo com os cálculos apresentados pelo TCE no documento, as ONG receberam menos de 4% de apoio do orçamento da UE para as políticas internas selecionadas no período de 2021-2023, mas ainda assim as autorizações de financiamento da UE totalizaram 7,4 mil milhões de euros.

Em causa estão 4,8 mil milhões de euros comunicados pela Comissão Europeia e concedidos a ONG no âmbito das suas políticas internas, bem como montantes do Fundo Social Europeu+ e do Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração e dos programas Horizonte Europa e para o Ambiente e a Ação Climática, no âmbito dos quais as autoridades dos Estados-membros comunicaram a atribuição de 2,6 mil milhões de euros.

Neste relatório especial sobre a transparência do financiamento da UE às ONG não são, porém, indicados valores em Portugal e outros sete países pois estes não comunicaram montantes.

Ainda assim, uma entidade em Portugal foi incluída na amostra, à qual foram concedidos 1,6 mil milhões de euros do Horizonte Europeu e à qual foi dada uma nota de 90 em 100 quanto à transparência.

“Apesar de melhorias, como a introdução pela Comissão de um sistema comum de registo para os requerentes de subvenções, a transparência do financiamento da UE concedido às ONG é prejudicada pela falta de uma visão de conjunto fiável” uma vez que a definição deste tipo de organização “nem sempre era entendido da mesma forma” pelo executivo comunitário ou pelas autoridades nacionais, acusa o auditor comunitário.

Além disso, o TCE verificou “insuficiências que afetam a pertinência, a comparabilidade e a atualidade destas informações, como a classificação incorreta dos destinatários como ONG, a cobertura incompleta de todos os destinatários de fundos da UE e atualizações pouco frequentes”.

Após recentes escândalos de corrupção que envolveram instituições europeias como o Parlamento Europeu, o tribunal conclui no relatório que “houve melhorias, mas a Comissão Europeia não comunicou como devia algumas atividades financiadas, como o ‘lobbying’”, ou seja, a representação e defesa dos interesses de certos grupos.

“Além disso, Bruxelas não verifica se as ONG que recebem o dinheiro respeitam os valores europeus, o que pode afetar a reputação da UE”, adianta o TCE.

Entre 2021 e 2023, mais de 12 mil ONG receberam subsídios da UE.

No final de 2022, foi conhecido o caso Qatargate, um escândalo de corrupção envolvendo alegações de que o Qatar e Marrocos teriam subornado membros do Parlamento Europeu para influenciar decisões políticas da UE.

Mais recentemente, em meados de março deste ano, as autoridades belgas realizaram buscas no âmbito de uma investigação de corrupção no Parlamento Europeu envolvendo lobistas da chinesa Huawei e com ramificações em Portugal.

Últimas de Economia

Os preços homólogos das habitações aumentaram, no primeiro trimestre, 5,4% na área do euro e 5,7% na União Europeia (UE), com Portugal a apresentar o maior aumento (16,3%) entre os Estados-membros, divulga hoje o Eurostat.
Os clientes dos bancos estão a celebrar com maior frequência empréstimos à habitação com taxas de juro mistas, tipologia que abrangeu mais de 80% do total de novos contratos em 2024, segundo o Banco de Portugal.
Os sindicatos que representam os trabalhadores da Altice disseram hoje que as rescisões na empresa já abrangeram cerca de 200 pessoas, segundo um comunicado hoje divulgado.
As transferências de clientes com contas bancárias em Portugal para instituições financeiras localizadas em paraísos fiscais aumentaram em 2024 para cerca de 8.000 milhões de euros, segundo dados publicados no Portal das Finanças.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou em 2024 um défice de cerca de 1.377 milhões de euros, representando uma deterioração de 741 milhões relativamente a 2023, anunciou hoje o Conselho das Finanças Públicas (CFP).
O reembolso do IRS totalizou 1.377,4 milhões de euros até maio, abaixo dos 2.020,6 milhões de euros reportados no mesmo período do ano passado, indicou a síntese de execução orçamental.
O Tribunal de Contas (TdC) anunciou hoje que concedeu o visto ao contrato do INEM para o transporte aéreo de emergência médica, no âmbito do concurso público que prevê a operação de quatro helicópteros pela empresa Gulf Med.
O valor do Adicional ao IMI totalizou 154,5 milhões de euros em 2024, um aumento de 5,68% face ao ano anterior, segundo dados da Autoridade Tributária.
A meia dúzia de ovos ficou mais cara quase 28% desde janeiro, atingindo os 2,06 euros no final de junho, segundo dados da Deco enviados à Lusa.
Os hóspedes e as dormidas no setor do alojamento turístico aumentaram 2,6% e 1,3% em maio, em termos homólogos, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).