Nove julgados no Porto por dezenas de burlas com cartões de telemóvel

O Tribunal de São João Novo, no Porto, começou hoje a julgar nove arguidos por dezenas de crimes de burlas através da utilização de informações das operadoras de telecomunicações, sendo que a "mentora e principal autora" admitiu parte dos factos.

© D.R.

A testemunhar na primeira sessão do julgamento, aquela arguida, de 43 anos, admitiu que mentiu, garantiu que a mãe, o pai, a irmã e a prima, também arguidos, “não têm culpa” e que cometeu os crimes sob o efeito de droga, porque de outra forma “tinha pânico”.

Segundo a acusação, foram identificados 87 ofendidos, incluindo duas operadoras de telecomunicações e quatro entidades bancárias, que, ao longo de quatro anos, foram lesados em mais de 188 mil euros.,

O Ministério Público acredita que a arguida, “em colaboração dos restantes arguidos em algumas ocasiões”, montou um esquema para frutar as identidades das vítimas e pedia segundas vias de cartões telefónicos para depois ter acesso às aplicações de “homebanking” e às contas bancárias das vítimas, realizando “operações bancárias online, como pagamentos, compras e transferências para contas por si controladas (usando, várias vezes, as contas bancárias dos restantes arguidos)”.

À “mentora e principal autora” dos crimes são imputados 56 crimes de burla qualificada, 57 crimes de acesso ilegítimo, falsidade informática e dano relativo a programas ou outros dados informáticos, dois crimes de contrafação de cartão, quatro de recetação e furto qualificado, seis crimes de falsificação, um crime de violação de correspondência, branqueamento e aquisição de cartões ou outros dispositivos de pagamento obtidos mediante crime informático.

“Foram cometidos numa época em que fazia consumos de droga extremamente elevados. Nunca cometi um crime sem estar drogada porque tinha pânico. Drogada, o medo desaparecia, o perigo desaparecia”, confessou.

Ao tribunal, a mulher confessou estar arrependida: “Queria pedir desculpa a todos os ofendidos. Eu não tenho um tostão, se não dava tudo”, disse.

A arguida explicou que os familiares “não têm culpa”, que lhes mentiu e que lhes pedia os telemóveis, tendo criado contas de e-mails em seu nome, sem que eles soubessem, assim como não sabiam a proveniência do dinheiro que a arguida pedia para depositarem nas suas contas.

No entanto, a mulher apontou os dois ex-namorados como coautores dos crimes e um terceiro homem, que lhe terá arranjado os dados de clientes das operadoras.

Também a testemunhar na sessão de hoje, um dos ex-namorados da arguida assegurou que “todos sabiam” o que se estava a passar, incluindo a família da arguida, sendo que este arguido admitiu ter participado em alguns dos esquemas.

“Ela é que fazia e desfazia. Eu usufruía”, explicou.

Últimas do País

Uma falha num equipamento informático obrigou hoje o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, a adiar consultas e cirurgias programadas e a desviar doentes não críticos para os serviços de urgências de outras unidades hospitalares.
A PSP informou hoje que a recusa da entrada em Portugal dos estudantes guineenses que se encontram no aeroporto de Lisboa se deveu à falta de provas de que o seu objetivo era estudar, bem como de meios de subsistência.
A defesa de Ricardo Salgado solicitou ao tribunal que julga o processo Operação Marquês que volte a apreciar a extinção do processo quanto ao ex-banqueiro, invocando que constitui um "facto novo" o acompanhamento por incapacidade declarado por outro tribunal.
Os jovens agricultores criticaram esta segunda-feira a “cadeia de burocracia incomportável” nos apoios face aos incêndios e pediram uma maior articulação no terreno, envolvendo também as organizações de produtores, que dizem ter sido esquecidas.
A PSP deteve no domingo 53 pessoas por crimes rodoviários, 40 das quais por embriaguez e 13 por falta de habilitação legal para conduzir, numa operação nacional de prevenção e fiscalização rodoviária no fim de férias.
A Marinha portuguesa vai voltar a organizar o maior exercício internacional de robótica e veículos não tripulados, o REPMUS, entre os dias 08 e 26 de setembro, no distrito de Setúbal, e conta receber mais de dois mil participantes.
Os autarcas da região das Beiras e Serra da Estrela e de Dão-Lafões afirmaram ontem esperar celeridade na concretização dos projetos de estabilização das encostas ardidas e na proteção das linhas de água das cinzas deixadas pelos fogos.
As ovelhas estão a salvo na Queijaria do Paul, no concelho da Covilhã, mas a maioria dos 100 hectares de pasto arderam com o fogo. Num setor difícil, olha-se com desconfiança para o futuro e procura-se continuar a resistir.
Os tribunais voltam a funcionar em pleno, depois de um mês e meio de férias judiciais, com a continuação e início de julgamentos mediáticos como o caso BES, Operação Marquês e a morte de Odair Moniz.
Quatro serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia vão estar encerrados no sábado e três no domingo, de acordo com o Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) consultado pela Lusa às 14h00 de hoje.