“A direita europeia está sob o ataque de burocratas que nunca foram eleitos por ninguém”, declarou Orbán, num encontro da família política das forças conservadoras e da direita da Europa, os Patriotas, na localidade francesa de Mormant sur Vernisson, a cerca de 150 quilómetros a sul de Paris, transmitido em direto pelas televisões.
“Poremos fim a isto”, prometeu o chefe do executivo húngaro perante os presentes no encontro, sublinhando que os partidos que fazem parte do grupo europarlamentar dos Patriotas “se uniram e estão a avançar em todo o lado”.
Orbán acrescentou que, com a formação daquela família política no Parlamento Europeu “aconteceu um milagre”, uma vez que pessoas de diversos países começaram a entender-se, “falando a língua da soberania e da liberdade”.
“Os franceses, italianos, espanhóis, neerlandeses, portugueses, checos, polacos, austríacos e húngaros disseram que basta de Bruxelas”, salientou Orbán, referindo-se aos países onde a direita se reforçou nos últimos meses.
No encontro de hoje discursaram também líderes nacionalistas ou de direita como os franceses Marine Le Pen e Jordan Bardella, o italiano Matteo Salvini, o neerlandês Geert Wilders e o espanhol Santiago Abascal.
O Chega integra esta família política designada como “Patriotas pela Europa”.
Orbán, um dos promotores da criação do grupo europarlamentar os Patriotas, disse aos seus membros que devem ser fortes, pois “só os fortes vencem”.
“Se nos unirmos, seremos fortes e venceremos”, enfatizou o primeiro-ministro húngaro, que pediu à figura de proa da direita francesa, Marine Le Pen, para liderar a família política.
Quanto à União Europeia (UE), Orbán voltou a arremeter contra Bruxelas e a acusá-la de belicismo e de querer prolongar a guerra na Ucrânia, país há mais de três anos invadido pela Rússia, rejeitando mais uma vez que a UE aprove um orçamento de rearmamento e que o continente europeu entre numa corrida ao armamento.
O Governo de Orbán é um dos executivos comunitários mais próximos de Moscovo e recusa-se a apoiar militarmente a Ucrânia.
Também o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, se declarou contra a ideia de criar um Exército europeu e instou a que a Europa não se endivide “para comprar mais armas”.
Na sua opinião, “novas ameaças e novas sanções estão a atrasar o fim das guerras”, numa referência velada à guerra na Ucrânia e às políticas em relação à Rússia, exortando os líderes europeus a “ouvirem todas as palavras de paz e de sabedoria” do Papa Leão XIV.
Salvini defendeu que a “ameaça” que a Europa atualmente enfrenta não provém da Rússia, mas da “invasão de imigrantes ilegais” e “islâmicos”, pelo que apelou para o “aumento das expulsões” e o “encerramento de mesquitas e escolas islâmicas ilegais”, perante uma plateia de cerca de 5.000 pessoas, segundo números fornecidos pelo partido anfitrião, a União Nacional, de Marine Le Pen.
“A ameaça não vem de Leste, não vem dos improváveis tanques soviéticos, mas do sul”, devido à “invasão de imigrantes ilegais, na sua maioria islâmicos, financiada e organizada no silêncio de Bruxelas”, afirmou.
Acusou também a UE de estar “dominada por burocratas e banqueiros” e de “não querer lutar contra os traficantes de pessoas, de drogas e de armas”.
Salvini, também ministro das Infraestruturas e Transportes de Itália, é um dos principais defensores das políticas migratórias restritivas promovidas pela primeira-ministra de direita radical, Giorgia Meloni, que fez do combate à imigração ilegal um dos cavalos de batalha do seu Governo.
Apresentou igualmente Itália como o exemplo de um país que adotou leis “que dão mais poder às forças da ordem” e elogiou, além de Marine Le Pen, o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.