“O que dá a ideia de José Luís Carneiro é um certo desespero por se mostrar relevante, ainda por cima num tema que já estava praticamente fechado”, afirmou, acusando também o PS de se ter tornado “patético”.
“Para o CHEGA, isso até é bom que o PS se torne cada vez menos importante, porém, olhando de fora, não posso deixar de notar um pouco o ridículo em que o PS se está a tornar em Portugal e as preocupações tão deslocadas da vida das pessoas que continua a ter”, disse.
André Ventura falava aos jornalistas antes de se reunir com a administração do Hospital Amadora-Sintra e depois de questionado sobre o desafio lançado pelo secretário-geral do PS ao primeiro-ministro para negociar uma proposta de “Acordo Estratégico para um Plano de Desenvolvimento Nacional e de Capacitação da Defesa”.
Numa carta enviada a Luís Montenegro, José Luís Carneiro propôs a constituição de um grupo de trabalho parlamentar conjunto PSD/PS que, em articulação com o Governo e com representantes “dos setores com relevância” na área da Defesa, possa apresentar esse acordo no prazo de três meses.
“Nós estamos fartos de grupos de trabalho, nós precisamos é de trabalho, vamos tirar o ‘grupo de’, vamos fazer trabalho. As pessoas não pagam aos políticos para eles andarem em grupos de trabalho, pagam aos políticos para eles trabalharem, e por isso é lamentável que o líder do Partido Socialista só esteja preocupado com cargos do PS na administração pública e em tornar-se relevante”, criticou.
André Ventura disse não compreender o objetivo de José Luís Carneiro e lembrou que o primeiro-ministro se reuniu com o PS e com o CHEGA antes da cimeira da NATO, na qual Luís Montenegro declarou que Portugal terá de reforçar em cerca de mil milhões de euros a verba para a área da Defesa até ao fim do ano para atingir os 2% do PIB.
O Presidente do CHEGA reiterou que o seu partido vai “participar nesse esforço de consenso à volta do aumento estrutural do investimento na defesa, desde que não ponha em causa o investimento social, nomeadamente nas pensões e no investimento ao desenvolvimento”.
Outra condição do CHEGA é que o Governo garanta que esse investimento “cria, ao mesmo tempo, indústrias portuguesas que a médio prazo vão dar retorno à economia, ou seja, que não é um investimento direto perdido, é um investimento com retorno”.
“Acho que esse é o consenso, e eu pensei que isso já estava definido, portanto não vejo bem para que é que o José Luís Carneiro quer reunir-se sobre isso”, indicou.
Na ocasião, o líder do CHEGA foi também questionado sobre a demolição de casas autoconstruídas em Loures e na Amadora.
Ventura afirmou que o Estado não pode “permitir que barracas se consolidem à volta de Lisboa, ou do Porto, ou de outras quaisquer cidades, ilegais” e considerou que “quando as pessoas ocupam casas, ou quando constroem casas ilegais” as câmaras não podem “premiar, dando-lhes uma casa”.
“Aquelas barracas estão ilegais, aquelas barracas foram feitas ali de forma ilegal e muitos dos moradores que lá estão têm perfeitamente capacidade, mãos e pés, de trabalhar e de pagar outras casas, como toda a outra população”, defendeu.
O presidente do CHEGA considerou também que “na altura em que estes bairros foram construídos” não havia “nenhum pico de habitação, nem de imobiliário” e que “as pessoas foram para ali porque foi mais cómodo para elas”.
“Nós temos que ter mais construção, mais construção pública para a classe média e mais construção genérica para que o mercado tenha mais oferta”, salientou, recusando mais “construção pública para os RSI e para os ciganos”.