Vivemos num tempo que idolatra o progresso pelo progresso, o consumo pelo consumo, e a mudança sem critério como virtude suprema. Qualquer voz que clame por permanência, por herança, por hierarquia ou por ordem, é imediatamente ridicularizada como “atrasada”, “reaccionária”, ou “fora do tempo”. E assim perguntam: o Tradicionalismo morreu?
A resposta é simples: não, o Tradicionalismo não morreu, foi traído, caluniado e silenciado. Mas continua vivo, como brasa escondida debaixo das cinzas da decadência contemporânea. O Que É, Afinal, o Tradicionalismo?
Não é saudade cega do passado. Não é um capricho estético ou um folclore político.
O Tradicionalismo Português é uma doutrina espiritual e política que reconhece na Tradição a continuidade viva de uma verdade que não muda com os ventos da moda. É o reconhecimento de que há realidades superiores ao indivíduo, como a Família, a Comunidade e a Pátria. E que o Estado não deve ser uma máquina neutra.
Na Monarquia Tradicional, o Rei é mais do que um governante: é um símbolo vivo da unidade nacional, da soberania legítima e do dever ao serviço do bem comum. Ele não é eleito por propaganda, mas escolhido pela Providência e educado para reinar, não para servir partidos, mas para servir a Nação. A sua autoridade vem da História, da Fé, e do sangue, e não de urnas voláteis que mudam ao sabor da demagogia.
Em Portugal, essa Monarquia foi o fundamento da nossa identidade durante quase novecentos anos. Sob a sua égide, construímos uma civilização ultramarina, uma cultura católica profundamente enraizada e uma ideia de Nação orgânica e coesa. A República, desde 1910, nada trouxe senão instabilidade, centralismo ideológico e o desmantelamento da alma portuguesa.
Tradicionalismo: Resistência e Esperança
Hoje, o Tradicionalismo é chamado “causa morta” porque não grita nas avenidas, não compra televisões, não negocia valores. Mas continua a formar consciências, a inspirar movimentos, a sustentar famílias que educam os seus filhos com honra e fé. Está nos que rezam pelo Rei ausente. Está nos que recusam os dogmas do igualitarismo abstracto. Está nos que defendem que a autoridade é um dever moral, não um privilégio de votos.
A sua força não está na quantidade, mas na fidelidade. Não está no ruído, mas na verdade que carrega.
Não Está Morto Quem Pela Verdade Luta
Assim, voltamos à pergunta inicial: o Tradicionalismo está morto?
Morto está o mundo moderno, apodrecido por dentro, apesar da sua fachada tecnológica. O Tradicionalismo, esse, espera. Prepara-se. E regressará. Não como um retorno nostálgico, mas como um acto de justiça histórica. Porque só uma sociedade ancorada em princípios superiores pode renascer das ruínas do relativismo. E só o Tradicionalismo poderá restaurar o sentido de dever, de identidade e de transcendência que a República nos roubou.
Enquanto houver um português fiel à sua terra, à sua fé e ao seu Rei, o Tradicionalismo não estará morto. Estará à espera como uma espada enterrada, à espera da hora de ser empunhada.