Sagrada Família será o templo mais alto do mundo em 2026

A basílica da Sagrada Família, em Barcelona, Espanha, projetada pelo arquiteto catalão Antonio Gaudí, tornar-se-á o templo mais alto do mundo em 2026, mas a construção, iniciada em 1882, levará ainda pelo menos mais uma década.

© D.R.

“Perguntam-nos tanto [sobre o final da construção] que alguma coisa temos de responder. É uma aproximação, ainda não temos um planeamento em detalhe. Quando falamos de dez anos, falamos o que neste momento podemos construir, o que está nas licenças”, explicou arquiteto diretor das obras da Sagrada Família, Jordi Faulí, numa conversa recente em Barcelona com jornalistas de meios de comunicação internacionais, incluindo a agência Lusa.

O que neste momento tem licença para ser construído e ainda não avançou é a fachada com quatro torres que falta à basílica, a Fachada da Glória, assim como algumas capelas e sacristias. Levarão pelo menos mais dez anos a ser construídas, o que terminará a “construção em altura” da basílica, mas não significará o fim dos trabalhos porque faltarão ainda os elementos decorativos.

Por outro lado, fora da licença de obras permanece um dos elementos mais polémicos do projeto, a praça elevada e a escadaria de entrada no templo através da Fachada da Glória – concebida por Gaudí como o acesso principal – que para se concretizar obriga a demolir edifícios habitacionais e a mudanças no plano urbanístico de Barcelona.

A praça seria, na prática, uma ponte sobre a Rua Maiorca de Barcelona (com os carros a passarem por baixo, num túnel) e as escadas de acesso do outro lado.

“A ponte é indiscutível, é o projeto de Antonio Gaudí e como somos herdeiros de Antonio Gaudí temos de a negociar”, disse na semana passada o presidente executivo da fundação que gere a construção da Sagrada Família, Esteve Camps, que garantiu que o diálogo com a câmara de Barcelona prossegue e que está confiante num acordo.

Esteve Camps não descartou, porém, que o caso acabe na justiça por iniciativa de moradores do bairro, o que aumenta a imprevisibilidade do desfecho e dos calendários da Sagrada Família.

A certeza, para já, é que em 10 de junho de 2026, no centenário da morte de Antonio Gaudí, a Sagrada Família passará a ser o templo mais alto do mundo, com a conclusão da Torre de Jesus Cristo e a colocação de uma cruz de pedra talhada de 17 metros e 200 toneladas no topo.

A Torre de Jesus Cristo (a 14.ª torre concluída das 18 previstas) alcançará então 172,5 metros e a Sagrada Família chegará à sua máxima altura. Passará a ser o edifício mais alto de Barcelona e o templo mais alto do mundo, superando os 161,5 metros da igreja de Ulm, na Alemanha.

Esta torre “é o coração do projeto de Gaudí”, segundo a fundação da Sagrada Família, que convidou o Papa para estar em 10 de junho em Barcelona e diz aguardar uma resposta do Vaticano para breve. Seria a segunda visita de um Papa à Sagrada Família, depois de Bento XVI ter consagrado o espaço como templo em 2010, após a conclusão da construção da nave interior da igreja.

A Sagrada Família está a ser construída há 143 anos, sempre com dinheiro das entradas de visitantes e outras doações de fiéis e, como insistiu o arquiteto Jordi Faulí na conversa com jornalistas internacionais, “se tudo correr bem” haverá aproximadamente pelo menos mais dez anos de obras.

Porque nem sempre correu tudo bem nesta longa história de construção: o financiamento foi sempre instável até ao final do século XX e a guerra civil espanhola de 1936-1939 ditou a suspensão de qualquer trabalho, destruição de maquetes e desenhos do próprio Gaudí, danos no que já estava edificado e até o abandono do projeto durante duas décadas. Já no século XX, a previsão de acabar a construção em 2026 foi aniquilada por causa do impacto da covid-19 nas receitas.

A construção ganhou impulso após os Jogos Olímpicos de 1992 em Barcelona e o consequente ‘boom’ do turismo na cidade, que culminou, no ano passado, com um recorde de 4,9 milhões visitantes da Sagrada Família. Geraram receitas de 130 milhões de euros (superiores aos gastos de construção no mesmo período) e fizeram deste templo o monumento mais visitado de Espanha, superando locais como o complexo da Alhambra, em Granada, ou os grandes museus de Madrid.

O outro impulso às obras nas últimas décadas foi a tecnologia, que permitiu, como nunca, “tornar realidade”, nas palavras de Jordi Faulí, aquilo que Gaudí projetou ou, simplesmente, sonhou.

“Não nos interessa a criação. Interessa-nos ser bons colaboradores de Gaudí. Considero-me um colaborador de Gaudí”, sublinhou Jordi Faulí, que trabalha há 35 anos (toda a sua vida profissional) na Sagrada Família e lidera hoje uma equipa de 11 arquitetos.

Antonio Gaudí desenhou todo o projeto, mas não fez maquetes de tudo e quando morreu, em 1926, só estava construída uma das fachadas. Num incêndio em 1936, no estalar da guerra civil, desapareceram os desenhos originais e parte das maquetes, pelo que hoje os arquitetos da Sagrada Família trabalham com base em desenhos e escritos de Gaudí que haviam sido reproduzidos pelos seus discípulos em algumas publicações e naquilo que foi possível recuperar das maquetes.

Trata-se de “interpretar esses desenhos e ler neles a geometria de Gaudí”, “pegar no seu método de trabalho e torná-los realidade”, explicou Jordi Faulí, que lembrou que o criador da Sagrada Família “fazia natureza com geometria” e aplicou “geometrias novas que nunca ninguém tinha usado na história da arquitetura”.

“Se Gaudí visse hoje a Sagrada Família, reconheceria o seu projeto. Talvez fizesse detalhes diferentes, mas o conjunto reconheceria de certeza” e veria “as suas geometrias” em elementos como a cruz de 17 metros que está prestes a ser colocada no topo da basílica, garantiu Faulí.

Para este “colaborador de Gaudí”, o arquiteto que sonhou a Sagrada Família estaria também e sobretudo “satisfeito com a aplicação das últimas tecnologias” ao desenho e construção, “que melhoraram o projeto”: “Isto de certeza que pensaria”.

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