Veto da AAC ao CHEGA, Democracia onde paira?

A decisão da Associação Académica de Coimbra (AAC) em excluir o Partido CHEGA das reuniões de preparação para as eleições autárquicas de 2025 é, no mínimo, um ato profundamente lamentável. Mais do que uma afronta ao nosso Partido, esta posição revela uma perigosa deriva antidemocrática numa instituição que deveria pautar-se pela pluralidade, pelo debate de ideias e pela defesa intransigente da liberdade de pensamento.
A AAC não é apenas uma associação estudantil: é um símbolo histórico, um espaço que, ao longo de décadas, foi palco de resistência, luta e afirmação de valores democráticos. Ao recusar-se a receber a segunda força política nacional, legitimamente eleita pelos portugueses, a sua direção renega essa tradição e coloca-se num caminho de sectarismo ideológico que nada tem de democrático.
Não está em causa apenas a representação do CHEGA. Está em causa a liberdade de pensamento e decisão dos próprios estudantes. Muitos jovens, em Coimbra e no país, revêm-se no nosso projeto político, nos nossos valores e na nossa visão para Portugal. Ao excluir-nos, a AAC não está apenas a fechar portas a um partido, mas a negar voz a milhares de estudantes e famílias que legitimamente confiam em nós.
É inaceitável que, em pleno século XXI, numa democracia consolidada, ainda se assista a práticas de exclusão política que julgávamos sepultadas no passado. O pluralismo democrático vive do confronto de ideias, do debate franco e da capacidade de cada cidadão decidir por si. Quando uma instituição que se diz representativa opta pela censura seletiva, trai a sua própria missão e coloca em causa a credibilidade que deveria merecer.
Há que haver total disponibilidade para dialogar com todos os setores da sociedade, incluindo os movimentos estudantis. Continuaremos a defender, sem medo nem cedências, a liberdade, a justiça e a igualdade de oportunidades para todos os jovens portugueses. Mas não deixaremos de denunciar esta deriva discriminatória, que não se coaduna com os valores de uma sociedade aberta e plural.
A Associação Académica de Coimbra precisa de refletir seriamente sobre o caminho que escolheu. Se se fechar à diversidade política, arrisca-se a transformar-se num aparelho ideológico, afastado da realidade e da missão que lhe está confiada: representar todos os estudantes, sem exceções nem preferências partidárias.
É hora de a AAC corrigir esta decisão injusta e recuperar a dignidade que a sua história merece. A democracia exige coragem, exige abertura e exige respeito pela vontade do povo português. Tudo o resto é apenas exclusão mascarada de virtude.

Artigos do mesmo autor

Numa altura em que o país clama por transparência e rigor fiscal, o Orçamento do Estado para 2026 surge como um monumento à ilusão e à manipulação. O Governo, embalado em promessas de excedente, ignora os alertas estridentes do Conselho das Finanças Públicas e até do Presidente do Tribunal Constitucional, que, num gesto inédito, pediu […]

No dia 15 de outubro de 2017, o Distrito de Coimbra viveu uma das maiores tragédias da sua história recente. As chamas consumiram vidas, lares e empresas, deixando um rasto de dor e desolação que o tempo não apaga das suas memórias. Hoje, oito anos depois, lembramos com profundo pesar todas as vítimas humanas, os […]

A Segurança Social nasceu para ser o pilar fundamental do Estado Social português, no entanto, vive-se uma crise silenciosa nunca outrora vista. Criada para proteger os cidadãos portugueses em momentos de vulnerabilidade, tornou-se, nas últimas décadas, numa estrutura financeiramente pressionada por uma crescente subsidiodependência e pela incapacidade de responder, com dignidade, à totalidade das necessidades da população.

Num sistema democrático maduro, a representatividade no parlamento deve refletir não apenas as diversas opiniões políticas da sociedade, mas também a sua pluralidade profissional existente. No atual contexto do partido político CHEGA, que se apresenta nesta legislatura como a 2.ª Força Política, o processo atual de reforma e crítica do sistema tradicional, a eleição de […]

A corrupção tem sido desde sempre uma preocupação constante na política portuguesa, afetando diversos partidos e figuras de destaque ao longo dos anos. Entre os casos mais notórios estão os que envolvem figuras proeminentes do Partido Socialista e do Partido Social Democrata, como José Sócrates, António Costa e Luís Montenegro.​ José Sócrates e a Operação […]