A greve de hoje nas bilheteiras da CP está a ter uma “adesão significativa”, com 75% encerradas em todo o país e, as que se mantêm abertas, têm trabalhadores que ainda estão no período de estágio, segundo o sindicato.
Em declarações à agência Lusa, Luis Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), disse que esta “adesão significativa” dos trabalhadores mostra “o descontentamento existente na empresa”.
“Os trabalhadores sentem-se indignados com a empresa pelo facto de haver uma discriminação na atribuição do aumento intercalar, que em todas as empresas do setor empresarial do Estado foi igual para todos os trabalhadores e na CP foi diferenciado”, disse o responsável, acrescentando: “diferenciado, para pior, para os trabalhadores que têm mais baixos salários, como é o caso dos trabalhadores das bilheteiras, dos revisores e suas chefias diretas”.
O sindicalista explicou que as bilheteiras que estão a funcionar têm elementos que “ainda estão no período de estágio e não puderam aderir à greve”.
“Vontade de fazer greve teriam de certeza porque os seus salários são baixíssimos”, afirmou.
O responsável sindical salientou ainda que, “como forma de retaliação” ao facto de os trabalhadores terem denunciado as desigualdades salariais, a falta de recrutamento e as más condições de trabalho nas bilheteiras – “viveram-se temperaturas de 40 graus, sem climatização” – a CP “não aplicou o aumento complementar a estes trabalhadores”.
“Atualmente seremos os únicos trabalhadores do setor empresarial do Estado que não tiveram o aumento complementar [1%, no caso da CP 12,50 euros] decidido pelo Governo”, disse o responsável, lembrando que os trabalhadores estão a lutar por melhores salários pois “estão a ter muitas dificuldades para fazer face à inflação e ao aumento dos juros no crédito à habitação”.
Questionado sobre a justificação que a empresa apresentou para não atribuir o aumento complementar decidido pelo Governo, Luis Bravo respondeu: “teríamos obrigatoriamente de aceitar um acordo em que se dá um aumento salarial superior a uns trabalhadores”.
“No fundo era, ou assinam, ou não recebem”, acrescento o sindicalista, apelando à “mediação das tutelas” para resolver este diferendo.
Esta semana, a CP – Comboios de Portugal já tinha alertado para as perturbações no funcionamento das bilheteiras e dos gabinetes de apoio ao cliente devido à greve de hoje, informando que os títulos de transporte poderiam ser adquiridos por outros meios.
Segundo o aviso divulgado no ‘site’ da empresa, para os comboios Alfa Pendular, Intercidades, Regional, Inter-regional e Urbanos de Coimbra os passageiros podem recorrer à bilheteira ‘online’, à ‘app’ CP, à linha de atendimento e a agências de viagens credenciadas.
Para os Urbanos de Lisboa e Porto os títulos estarão disponíveis nas máquinas de venda automática, nas estações, no Multibanco (passes e zapping) no caso de Lisboa e nos agentes Payshop para o Porto.
A CP informou ainda que, caso a bilheteira na estação de embarque esteja encerrada e não exista nenhum outro modo de venda disponível na área circundante à estação (200 metros além da zona limitada pela estação), o utilizador poderá, excecionalmente, adquirir o seu bilhete a bordo do comboio, “desde que se dirija ao operador de revisão e venda, no momento do embarque e antes de ocupar lugar”.