Mais de 45% dos senhorios admite denunciar contratos de arrendamento se houver travão

Quase metade dos senhorios pondera denunciar os contratos de arrendamento caso o Governo aplique um travão às rendas no próximo ano, de acordo com uma sondagem realizada pela Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), hoje divulgada.

© DR

O inquérito, que entre 30 de setembro e 08 de outubro abrangeu 745 proprietários com casas arrendadas, concluiu ainda que 33% dos proprietários admite negociar com os seus inquilinos “um valor de renda equilibrado para ambas as partes”.

Já 25% afirmou que vai aumentar as rendas dos imóveis que tem vagos “para compensar as perdas a que é obrigado a sustentar”.

Numa percentagem semelhante, 24,5% admite transferir os seus imóveis do arrendamento tradicional para outros segmentos “com menor risco, como o alojamento a estrangeiros ou estudantes”.

Por fim, 22% dos inquiridos disse que iria participar em manifestações, protestos e abaixo-assinados. Dois dos inquiridos (0,3%), apontaram que nada fariam na eventualidade de um travão inferior a 6,94%, o valor de referência para o aumento da maioria dos contratos de arrendamento já confirmado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Entre os senhorios questionados pela ALP, 93,6% consideraram que não é aceitável a aplicação de um travão ao aumento das rendas que seja inferior ao estabelecido pelo INE.

O inquérito da associação de proprietários assinalou ainda que 63,1% dos inquiridos considera que as rendas dos seus imóveis em setembro deste ano eram “baixas, face aos valores que se praticam”, enquanto 9,8% registou que são “adequadas ao valor dos salários nacionais”.

Citado em comunicado, o presidente da ALP, Luís Menezes Leitão, defendeu que os senhorios “não são os culpados desta crise”, insistindo que “se há habitação, é graças a eles”.

“Os senhorios – sejam eles pequenos senhorios ou grandes investidores – têm de ter um sinal inequívoco de que há estabilidade legislativa em Portugal”, acrescentou Luís Menezes Leitão, que pediu ao Governo que apoie “os arrendatários que têm carência comprovada, sem desestabilizar mais um mercado que já é uma bomba-relógio”.

Na conferência de imprensa de apresentação do Orçamento do Estado para 2024, na terça-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, registou que o Governo continua a desenvolver contactos com associações de inquilinos e proprietários.

“Esse é um assunto que a minha colega [ministra da Habitação] ainda continua a desenvolver com várias entidades”, disse, então, Fernando Medina.

Perante o elevado contexto de inflação, o Governo decidiu limitar a atualização anual das rendas a 2% em 2023 tendo, em contrapartida, criado um benefício fiscal aos senhorios.

Para este ano, e perante um indicador de inflação que coloca a atualização anual das rendas nos 6,94%, o Governo encetou um processo de auscultação a representantes do setor, não tendo ainda divulgado qual será o aumento em 2024.

Afastado pelo primeiro-ministro, António Costa, está o cenário de haver uma fixação de 2% como sucedeu este ano.

Últimas de Economia

O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que Portugal deve optar por reduzir as isenções fiscais e melhorar a eficiência da despesa pública para manter o equilíbrio orçamental em 2026, devido ao impacto das descidas do IRS e IRC.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai pedir um reforço em 250 milhões de euros da garantia pública a que pode aceder para crédito à habitação para jovens, disse hoje o presidente executivo em conferência de imprensa.
O índice de preços dos óleos vegetais da FAO foi o único a registar um aumento em outubro, contrariando a tendência de descida generalizada nos mercados internacionais de bens alimentares. O indicador subiu 0,9% face a setembro, atingindo o nível mais elevado desde julho de 2022, segundo o relatório mensal divulgado pela organização.
Apesar de o número total de empresas criadas em Portugal até setembro ter aumentado 3,7% face ao mesmo período de 2024, mais 1.636 novas constituições, atingindo o valor mais elevado dos últimos 20 anos, os dados do Barómetro da Informa D&B revelam sinais de desaceleração em vários setores e regiões do país.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,8% em setembro, face ao mesmo mês de 2024, com a mão-de-obra a subir 8,8% e os materiais 1,4%, segundo dados do INE hoje divulgados.
A ministra do Trabalho afirmou hoje, no parlamento, que as pensões mais baixas deverão ter um aumento de 2,79% em 2026 e que a atribuição de um suplemento extraordinário dependerá da folga orçamental.
A EDP prevê investir cerca de 2,5 mil milhões de euros em Portugal no período 2026-2028, dos quais 1.700 milhões em redes de eletricidade, anunciou hoje o presidente executivo do grupo, Miguel Stilwell d’Andrade.
O Banco da Inglaterra decidiu hoje manter as taxas diretoras em 4%, o nível mais baixo em mais de dois anos, ao avaliar que as pressões inflacionistas persistem na economia britânica.
A presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP) alertou hoje que a perceção de risco da República francesa pode vir a contagiar uma economia como a portuguesa, pelo que não se deve estar "relaxado" face à situação orçamental.
A Comissão Europeia anunciou hoje ter aberto uma investigação a um possível conluio, violando as regras europeias, entre a Deutsche Börse, grupo alemão que opera a Bolsa de Valores de Frankfurt, e a norte-americana Nasdaq.