Várias dezenas de empresas de transporte polacas começaram na segunda-feira a bloquear três pontos de passagem entre os dois países, exigindo o restabelecimento das autorizações de entrada dos seus concorrentes ucranianos, a fim de reduzir o seu número.
As filas de espera foram aumentando ao longo da semana e 20.000 camiões estão agora “retidos dos dois lados” da fronteira, segundo o Ministério da Reconstrução ucraniano.
Esta situação está a prejudicar não só as economias ucraniana e polaca, mas também as de “outros países” que pretendem transportar mercadorias, lamentou.
A Ucrânia garantiu “respeitar o direito à manifestação”, embora afirmando estar “pronta para um diálogo construtivo para resolver a situação”.
“A circulação na fronteira ucraniano-polaca continua complicada” para os camiões e está a piorar “a cada dia”, tinha afirmado antes o porta-voz da guarda fronteiriça, Andriï Demtchenko, citado pela agência de notícias francesa AFP.
No posto de passagem de Hrebenne, na Polónia, um dos três bloqueados, “a fila tem cerca de 40 quilómetros de comprimento”, segundo Malgorzata Pawlowska, uma porta-voz da polícia local.
“O tempo de espera para atravessar a fronteira é de cerca de 160 horas”, indicou.
No posto de passagem de Rava-Ruska, no oeste da Ucrânia, alguns camionistas ucranianos disseram estar à espera há vários dias.
“Estamos à espera há muito tempo”, disse Dmitro com impaciência, acrescentando que chegou há quatro dias e as suas reservas de água e comida estão quase a acabar.
Oleksandre, de 36 anos, descreveu condições difíceis: “Como vê, há uma vala e um campo, não há casas de banho, nada”, lamentou, dizendo que está ali retido há dois dias.
“Não é normal fechar a fronteira com a Ucrânia durante a guerra. É só mais pressão económica sobre a Ucrânia”, lamentou o motorista de veículos pesados.
Os polacos organizadores do protesto indicaram que poderão manter a sua ação “a longo prazo, pelo menos até ao fim do ano”, segundo Andriï Demtchenko, que precisou que os autocarros e as viaturas ligeiras podem circular.
Este incidente constitui um novo obstáculo nas relações entre Kiev e Varsóvia, que se tornaram tensas nos últimos meses, nomeadamente devido ao desacordo em torno da exportação de cereais ucranianos para a Europa através da Polónia.
A Polónia, que acolheu centenas de milhares de ucranianos em fuga da guerra, está, há mais de um ano e meio, entre os principais doadores de ajuda militar à Ucrânia, que se encontra a braços com uma guerra de agressão russa desde fevereiro de 2022.