“Sinais” de sessões legislativas deixam China de Xi próxima de Mao

O investigador de origem chinesa Fei-Ling Wang defende que a Assembleia Popular Nacional da China terminou com incertezas económicas, de gestão de pessoas e diplomáticas, “sinais” que tornam o Presidente Xi Jinping semelhante a Mao Tse Tung.

©Facebook/XiJinping

Na semana em que terminaram as duas sessões plenárias anuais do órgão legislativo da China, o professor do Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA) notou à agência Lusa em Lisboa como a economia no país asiático está a “abrandar, a arrefecer”: “após a pandemia da Covid-19, é a única grande economia não envolvida numa guerra que não está a recuperar bem”.

A nível da gestão de políticos, Wang sublinha as mudanças, num ano, dos ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, e das Finanças, algo “bastante singular” na China.

Wang indicou ser a “primeira vez desde a Revolução Cultural (1966-1976) que se vê uma muito brusca, muito rápida e inexplicável remodelação dos gabinetes da administração, pelo que os observadores têm sugerido que a liderança chinesa está a enfrentar algum tipo de problema”.

Entre as justificações podem estar dificuldades do Presidente Xi Jinping em gerir os líderes de topo ou que estes líderes “estejam a desenvolver algum tipo de ressentimento, algum tipo de vozes dissidentes”, segundo o autor do livro “The China Race: Global Competition for Alternative World Orders”, apresentado em Lisboa, no âmbito das Conferências da Primavera do Centro Científico e Cultural de Macau.

Na reunião anual do órgão máximo legislativo foi notada ainda a não realização da tradicional conferência de imprensa do primeiro-ministro.

“Era assim desde há 30 anos, mas pararam de repente, sem qualquer razão em especial”, segundo o investigador.

Isto, adianta, pode ter como fim evitar que a imprensa faça “perguntas críticas” ou porque o atual chefe de Governo, Li Qiang “é visto como extraordinariamente fraco em comparação” com os seus antecessores. Outra possível razão é evitar sobreposições ao Presidente, refere Wang.

O académico também recordou a recente deslocação de Li Qiang à Europa sem que tivesse havido declarações ou decisões relevantes.

Também por realizar está o terceiro plenário, desde o outono, dedicado à Economia, e novamente a explicação pode estar na incerteza sobre as respostas a dar nesta área, estando o Presidente Xi Jinping a defender a circulação interna e a menor dependência do exterior, o que parece “não estar a correr bem”, avaliou.

Neste contexto, Wang identificou, assim, sinais que sugerem que “Xi Jinping se está a comportar cada vez mais como Mao, Mao Tsé Tung, como um antigo poderoso líder”.

Segundo algumas opiniões, Xi Jinping “sente-se tão poderoso que já não precisa de se preocupar com o Plenário (económico)” ou com outros “rituais cerimoniais”, como a habitual conferência de imprensa, acrescentou.

À Lusa, o autor notou ainda que os legisladores também aprovaram um novo regulamento sobre a organização do Conselho de Estado, “sugerindo que um primeiro-ministro é mais secretário do Presidente Xi Jinping do que, digamos, chefe de governo” além de “subjugar” aquela entidade à vontade do partido, já que a autonomia “diminuiu muito”.

“Por isso, se combinarmos todos estes sinais ou regras, parecem sugerir que o poder pessoal está reforçado”, favorecendo “uma liderança autoritária e carismática, que o Presidente faça tudo de forma eficiente”, considera o investigador.

Num outro sentido mais perigoso, e a “julgar pela História”, também se aumenta a possibilidade de “cometer erros, grandes erros”, por não haver controlo, disse Wang.

Últimas de Política Internacional

O Presidente dos Estados Unidos está "muito descontente" com as compras de petróleo russo por parte de países da União Europeia (UE), disse hoje o líder da Ucrânia.
A reunião em Pequim dos dirigentes chinês, Xi Jinping, russo, Vladimir Putin, e norte-coreano, Kim Jong-un, é um "desafio direto" à ordem internacional, declarou, esta quarta-feira, a chefe da diplomacia da UE.
O ministro das Finanças alemão, Lars Klingbeil, afirmou que os preços mais baixos da energia contribuem para garantir empregos na Alemanha, o que constitui a "máxima prioridade".
Marine Le Pen, líder do partido Rassemblement National (RN), pediu hoje ao presidente Emmanuel Macron para convocar eleições ultra-rápidas depois da previsível queda do Governo do primeiro-ministro François Bayrou.
O Governo britânico começou a contactar diretamente os estudantes estrangeiros para os informar de que vão ser expulsos do Reino Unido caso os vistos ultrapassem o prazo de validade, noticiou hoje a BBC.
O deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro avisou hoje que prevê que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha novas sanções contra o Brasil, caso o seu pai, Jair Bolsonaro, seja condenado de tentativa de golpe de Estado.
No último fim de semana, a Austrália assistiu a uma das maiores mobilizações populares dos últimos anos em defesa de políticas migratórias mais rigorosas. A “Marcha pela Austrália” reuniu milhares de cidadãos em várias cidades, incluindo Sidney, Melbourne e Adelaide, numa demonstração clara da crescente preocupação da população com os efeitos da imigração massiva sobre o país.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, voltou hoje a defender "um pacto de Estado face à emergência climática" após os incêndios deste verão e revelou que vai propor um trabalho conjunto para esse objetivo a Portugal e França.
A Comissão Europeia vai apresentar na reunião informal do Conselho Europeu, em 01 de outubro, em Copenhaga, o plano para reforçar a defesa e segurança dos países da UE, anunciou hoje a presidente.
O Ministério das Finanças da África do Sul prepara-se para baixar o nível a partir do qual considera que um contribuinte é milionário, com o objetivo de aumentar a receita fiscal no país africano mais industrializado.