Von der Leyen avisa Xi Jinping que UE “não pode” continuar a aceitar concorrência desleal

A presidente da Comissão Europeia vai dizer ao Presidente chinês que a União Europeia (UE) “não pode” continuar a aceitar avultadas subvenções chinesas, que causam concorrência desleal face a empresas europeias, vincando que os desequilíbrios comerciais “têm de ser resolvidos”.

© Facebook/comissão europeia

 

“No que se refere às relações económicas com a China, deixei claro que os atuais desequilíbrios no acesso ao mercado não são sustentáveis e têm de ser resolvidos. A China está atualmente a produzir, com subvenções avultadas, mais do que vende, devido à sua fraca procura interna. Esta situação está a conduzir a um excesso de oferta de produtos chineses subsidiados, como os veículos elétricos e o aço, que está a conduzir a um comércio desleal”, afirma Ursula von der Leyen, numa declaração divulgada em Bruxelas.

A poucas horas de se encontrar em Paris com Xi Jinping, que inicia agora uma visita de Estado à Europa, a líder do executivo comunitário sublinha que a UE “não pode aceitar estas práticas de distorção do mercado que podem conduzir à desindustrialização na Europa”.

“Temos de atuar para garantir que a concorrência é justa e não distorcida”, salienta Ursula von der Leyen.

Por essa razão, a responsável adianta que incentivará “o Governo chinês a resolver, a curto prazo, a questão das capacidades excedentárias” e promoverá uma discussão sobre as “distorções de mercado da China” com os países do G7 e as economias emergentes.

A posição surge numa altura em que a UE realiza várias investigações a alegadas subvenções chinesas ilegais a empresas que operam no bloco comunitário.

Em causa está desde logo uma recente investigação a suspeitas de comércio desleal de biocombustível proveniente da China no mercado único, com Bruxelas a impor medidas retaliatórias, como tarifas aduaneiras, caso se verifique ‘dumping’.

Estão ainda a ser analisados alegados subsídios ilegais a fabricantes chineses de turbinas eólicas em Espanha, Grécia, França, Roménia e Bulgária.

Mais avançada está a investigação iniciada em outubro passado às subvenções estatais chinesas a fabricantes de automóveis elétricos, veículos que entraram rapidamente no mercado da UE e que são vendidos a um preço bastante menor que os dos concorrentes comunitários.

Segundo dados da Comissão Europeia, os carros elétricos chineses, que entraram recentemente na UE, já representam 8% do mercado total, sendo 20% mais baratos face à concorrência europeia.

Hoje mesmo, o Presidente chinês, Xi Jinping, chegou a França para uma visita de Estado na Europa.

Xi Jinping realiza esta viagem num momento em que o continente se divide quanto à forma de lidar com o crescente poder de Pequim e a rivalidade entre os Estados Unidos e a China, embora haja esforços para aprofundar as relações pós-pandemia do covid-19.

Na segunda-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, irá oferecer ao líder chinês as honras formais de uma visita de Estado e, depois, os dois reúnem-se com Ursula von der Leyen.

Dessa reunião deverão fazer parte apelos europeus a políticas comerciais mais justas e para que a China utilize a sua influência junto da Rússia para pôr termo à invasão da Ucrânia.

Em 2022, as trocas comerciais europeias com a China foram marcadas por um défice comercial de cerca de 396 mil milhões de euros, um máximo de pelo menos 10 anos, dadas as importações comunitárias de 626 mil milhões de euros e as exportações para o bloco chinês de 230 mil milhões.

Últimas de Política Internacional

O ministro das Finanças alemão, Lars Klingbeil, afirmou que os preços mais baixos da energia contribuem para garantir empregos na Alemanha, o que constitui a "máxima prioridade".
Marine Le Pen, líder do partido Rassemblement National (RN), pediu hoje ao presidente Emmanuel Macron para convocar eleições ultra-rápidas depois da previsível queda do Governo do primeiro-ministro François Bayrou.
O Governo britânico começou a contactar diretamente os estudantes estrangeiros para os informar de que vão ser expulsos do Reino Unido caso os vistos ultrapassem o prazo de validade, noticiou hoje a BBC.
O deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro avisou hoje que prevê que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha novas sanções contra o Brasil, caso o seu pai, Jair Bolsonaro, seja condenado de tentativa de golpe de Estado.
No último fim de semana, a Austrália assistiu a uma das maiores mobilizações populares dos últimos anos em defesa de políticas migratórias mais rigorosas. A “Marcha pela Austrália” reuniu milhares de cidadãos em várias cidades, incluindo Sidney, Melbourne e Adelaide, numa demonstração clara da crescente preocupação da população com os efeitos da imigração massiva sobre o país.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, voltou hoje a defender "um pacto de Estado face à emergência climática" após os incêndios deste verão e revelou que vai propor um trabalho conjunto para esse objetivo a Portugal e França.
A Comissão Europeia vai apresentar na reunião informal do Conselho Europeu, em 01 de outubro, em Copenhaga, o plano para reforçar a defesa e segurança dos países da UE, anunciou hoje a presidente.
O Ministério das Finanças da África do Sul prepara-se para baixar o nível a partir do qual considera que um contribuinte é milionário, com o objetivo de aumentar a receita fiscal no país africano mais industrializado.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou hoje que a Rússia se prepara para lançar uma nova ofensiva em grande escala na Ucrânia, de acordo com os meios de comunicação locais.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Dinamarca convocou hoje o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos devido a alegadas tentativas norte-americanas de interferência junto da opinião pública da Gronelândia.