Sindicato de médicos alerta para riscos de “política catastrófica” e exige outro ministro

A presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) exigiu hoje um ministro da Saúde “com competência para a função”, alertando para os riscos de a atual “política catastrófica” poder, em última análise, resultar em mortes de grávidas e bebés.

© Facebook/FNAM

“Em última análise, podem morrer grávidas, podem morrer bebés e isto só se deve à política catastrófica deste Ministério de Saúde da Saúde, de Ana Paula Martins, isto não se deve a mais ninguém, e nós entendemos que estas medidas destroem o SNS”, disse Joana Bordalo e Sá à agência Lusa.

Na véspera de um fim de semana em que está previsto o encerramento de 10 urgências de Obstretícia/Ginecologia e Pediatria, a sindicalista lembrou que a Fnam avisou e antecipou que “era inevitável o que está a acontecer agora”.

“Isto só tem um responsável, chama-se Ministério da Saúde. (A ministra) Ana Paula Martins não teve vontade política para reverter esta situação e isto acontece devido à falta de médicos”, acusou.

Questionada sobre se a falta de médicos para assegurar as escalas dos serviços de urgência se deve também ao facto de os profissionais estarem a apresentar minutas de escusa às horas extra além das obrigatórias, Joana Bordalo e Sá disse que tem “algumas entregues, mas nem é necessária a sua entrega para as urgências não funcionarem”.

Salientou que o problema também se passa nas urgências de Pediatria, além da Obstetrícia, “que não têm sido muito faladas” e que “também são um drama”.

“Esta ministra da Saúde o que está a fazer, no fundo, é encerrar as urgências de obstetrícia. Não é só na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas também em Leiria e nas Caldas da Rainha, onde ocorreu uma situação dramática que a Fnam lamenta”, disse, numa referência ao caso de uma mulher que após sofrer um aborto espontâneo viu alegadamente negada a assistência no hospital, cuja urgência obstétrica estava encerrada.

A líder sindical destacou também a situação do Hospital de Santo André, em Leiria, que vai ter a urgência ginecológica/obstétrica fechada até ao dia 19 e que, por isso, as grávidas com partos programados vão ter de escolher entre ser encaminhadas para Coimbra ou Porto.

“Isto é que parece ser o novo normal e esta ministra da Saúde está a obrigar as grávidas a fazer 200 quilómetros para irem ter os seus bebés”, acusou, alertando para o risco que esta situação acarreta.

Joana Bordalo e Sá sublinhou que a Fnam continua a defender e a exigir um SNS forte, mas “exige também um Ministério da Saúde, uma ministra da Saúde com competência para a sua função, ou seja, um ministro ou uma ministra que consiga de facto servir o SNS, porque isso não está a acontecer”.

“O Ministério da Saúde tem um problema nas mãos para o qual a Fnam alertou, antecipou, avisou e tinha as soluções para o resolver, mas a tutela não quis negociar com os médicos para ter mais profissionais neste momento no SNS”, disse.

“Se as coisas tivessem sido feitas logo a tempo e horas quando tomaram posse, se tivéssemos um processo negocial em curso, capaz de devolver e fixar médicos ao SNS, se calhar a situação não seria tão dramática e não havia tantos profissionais a deixarem o SNS”, afirmou Joana Bordalo e Sá, insistindo que é necessário ter neste momento “pessoas com competência para o cargo e para a função”.

“Se acontecer alguma coisa grave a um bebé, grávida ou uma criança só há um responsável e isto tem de ser invertido. Isto tem que ser uma prioridade para o próprio Governo”, declarou.

A dirigente sindical lamentou a “atitude de intransigência, inflexibilidade em relação aos médicos” e assegurou que a Fnam vai continuar a defender os 31.000 médicos do SNS, dos quais 10.000 são internos, e “têm que ser protegidos”.

“A escolha de não negociar com os médicos foi deste ministério de Ana Paula Martins. Isto é muito urgente resolver”, vincou.

Segundo a presidente da Fnam, grande parte dos médicos já ultrapassou as 150 horas extraordinárias obrigatórias por lei e as 250 para os profissionais que estão no regime de dedicação plena.

Últimas do País

A Polícia de Segurança Pública deteve hoje na região da Grande Lisboa seis pessoas que pertenciam a uma célula criminosa suspeita de vários furtos a ourivesarias em várias zonas do país.
A Proteção Civil alertou esta terça-feira para a possibilidade de inundações em zonas urbanas e cheias nos próximos dias devido às previsões de chuva e vento forte, pedindo à população que adote medidas preventivas.
O IPO de Lisboa vai recorrer à realização externa de exames de ressonância magnética da mama de vigilância para garantir a sua realização atempada, um processo que deverá ficar concluído esta semana, avançou hoje à Lusa a instituição.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve quatro pessoas por fraude com cartões bancários, que se terão apropriado de mais de meio milhão de euros e que serão ainda presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.
As exportações de bens caíram 0,1% no terceiro trimestre e as importações aumentaram 5,2%, em termos nominais e face ao período homólogo, segundo a estimativa rápida divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os distritos de Setúbal, Évora, Beja e Faro vão estar na quarta-feira sob aviso laranja, segundo nível mais grave, devido à chuva forte, além de trovoadas e vento, informou hoje o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A embarcação da GNR onde na segunda-feira, no rio Guadiana, morreu um militar foi abalroada por uma lancha rápida, presumivelmente relacionada com tráfico de droga, disse à Lusa fonte da Guarda.
A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) alertou o Governo para o possível "colapso" do aeroporto de Lisboa, devido ao impacto da entrada em funcionamento do novo Sistema Europeu de Controlo de Entradas e Saídas (EES).
Toldos instalados junto a arribas, o uso de postos de socorro como armazéns e sanitários encerrados são algumas das irregularidades detetadas durante uma fiscalização a praias concessionadas do Algarve, revelou esta segunda-feira a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Dois homens foram detidos, na sexta-feira, no Porto, por suspeita de violência doméstica contra as companheiras, sendo que em ambos os casos as agressões ocorreram dentro de viaturas na via pública, foi hoje anunciado.