Portugueses são dos mais preocupados com uso de armas nucleares e terceira guerra mundial

Um estudo de opinião abrangeu 12 países (Portugal, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Espanha, Suíça e Reino Unido) e 16.440 inquiridos com mais de 18 anos.

© D.R.

Os inquiridos portugueses foram os que demonstraram, num estudo de opinião realizado em 12 países europeus, ter mais receio sobre o uso de armas nucleares, uma eventual terceira guerra mundial e uma guerra europeia além da Ucrânia.

“A maioria dos europeus está a acordar para a realidade de que vive num mundo muito diferente. Embora o receio de um ataque russo ao território da NATO seja menos generalizado do que alguns analistas sugerem – embora seja sentido com intensidade em certos Estados fronteiriços, como a Polónia, a Estónia e a Roménia, bem como em Portugal – é o medo crescente de um conflito nuclear que capta mais claramente a nova ansiedade europeia”, indica o Conselho Europeu das Relações Externas (ECFR, na sigla inglesa) num estudo publicado esta segunda-feira.

Um dia antes do início da cimeira de dois dias da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) marcada por fortes tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia e pela necessidade de aumentar o investimento em defesa, o ECFR divulga um estudo de opinião que abrange 12 países (Portugal, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Espanha, Suíça e Reino Unido) e 16.440 inquiridos com mais de 18 anos.

Questionados sobre se estariam preocupados com potenciais acontecimentos, os inquiridos portugueses indicaram ter maior preocupação relativamente ao uso de armas nucleares (85%), a uma terceira guerra mundial (82%) e a uma guerra ainda maior em solo europeu além da Ucrânia (77%). Foram as percentagens mais altas entre os países ouvidos.

Em sentido inverso, os questionados portugueses demonstraram-se menos preocupados sobre uma eventual invasão russa do país (54%) e o desmembramento da União Europeia (UE) ou da NATO (65% e 66%, respetivamente).

Os inquiridos portugueses (que foram 1.010, ouvidos entre 16 e 28 de maio) também disseram estar mais inquietos que o Estado invista demasiado em defesa e descure outras políticas do que não invista o suficiente e isso ponha em causa a segurança do país.

Quando ao Presidente norte-americano, Donald Trump, a maioria dos questionados em Portugal (54%) considera que o republicado afetou a relação entre a Europa e os Estados Unidos, mas tal ligação melhorará quando ele sair.

Os 12 países selecionados pelo ECFR para este estudo de opinião têm por base critérios como equilíbrio geográfico e a dimensão.

Aliados da NATO reúnem-se em Haia

Os aliados da NATO reúnem-se na terça-feira e quarta-feira em cimeira na cidade holandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa, esperando que não haja guerra, mas preparando-se para o pior.

Esta reunião de líderes e de ministros da NATO servirá para debater os acontecimentos mundiais e o seu impacto na segurança euro-atlântica, com os aliados a preparem-se para a guerra sem esperar que realmente ocorra.

Fala-se de uma meta de atingir 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) com gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.

Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do PIB em defesa para 2025.

Na passada quarta-feira, Mark Rutte saudou este anúncio português, afirmando que esta é “uma ótima notícia”, que chegou ainda antes do arranque da cimeira.

Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar – abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo e da organização.

Portugal estará representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo.

Últimas do País

O incêndio que lavra no Fundão tem três frentes ativas que preocupam, uma proveniente do fogo da Covilhã em Silvares, uma frente que circundou Lavacolhos e outra, com progressão “mais devastadora”, em direção à Enxabarda, informou o vice-presidente.
Os incêndios rurais consumiram este ano, até hoje, mais de 172 mil hectares, 32 mil entre sábado e domingo, ultrapassando a área ardida de todo o ano de 2024, segundo dados provisórios do ICNF.
Um segundo bombeiro do Corpo de Bombeiros da Covilhã morreu hoje na sequência do acidente de viação ocorrido naquele concelho, a caminho de um incêndio rural, de acordo com a Liga dos Bombeiros.
Um grupo de advogados voluntários vai prestar aconselhamento e apoio jurídico gratuito a cidadãos e empresas afetados pelos incêndios rurais que têm devastado várias regiões do país, numa iniciativa da Ordem dos Advogados, hoje anunciada.
Os dois aviões Fire Boss cedidos pela Suécia para ajudar no combate aos incêndios rurais só devem chegar a Portugal na segunda-feira, devido a constrangimentos na entrega que estava programada para domingo, informou hoje a Proteção Civil.
Os nove maiores incêndios no continente mobilizavam às 08:00 mais de 3.200 operacionais no combate às chamas, com os de Arganil (Coimbra) e Satão (Viseu) a concentrarem o maior número de meios, segundo a Proteção Civil.
A Comissão Europeia indicou hoje que os dois aviões de combate a incêndios pedidos por Portugal, após a ativação na sexta-feira do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, chegam no domingo.
A Polícia Judiciária está a investigar o incêndio que ocorreu hoje de madrugada num lar da Misericórdia de Mirandela e provocou a morte de seis utentes.
Os incêndios florestais consumiram até hoje 139 mil hectares, metade dos quais em apenas dois dias, o que representa 17 vezes mais do que a área ardida no mesmo período do ano passado, segundo dados provisórios do ICNF.
Seis idosos morreram esta noite, num lar da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, na sequência de um incêndio, adiantou à agência Lusa o provedor da instituição.