Seca: Abate de animais pode ser inevitável e Governo ainda não adotou medidas

© D.R.

A Confederação dos Agricultores de Portugal adiantou hoje à Lusa que a produção cerealífera e a pecuária estão entre os setores mais afetados pela seca, notando que o abate de efetivos pode vir a ser inevitável.

“A produção cerealífera e a pecuária estão entre os setores mais afetados. No caso dos cereais, a escassez de água não permitiu o conveniente desenvolvimento das plantas e, para os animais, a falta de pastagens apenas pode encontrar solução na aquisição de palha e de rações, cada vez mais encarecidas, até porque Espanha se depara com o mesmo problema”, apontou, em resposta à Lusa, o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira.

Perante o agravamento do atual cenário, o abate de animais para evitar o encerramento das explorações “poderá tornar-se inevitável”, alertou.

O Ministério da Agricultura e da Alimentação, tutelado por Maria do Céu Antunes, reconheceu hoje a situação de seca severa e extrema em cerca de 40% do território nacional.

Num comunicado hoje divulgado, o ministério garantiu ter sinalizado a situação, na semana passada, junto da Comissão Europeia, acrescentando que a adoção de um conjunto de medidas está sempre dependente da “luz verde” de Bruxelas.

Luís Mira disse que o sul de Portugal é, neste momento, a região mais afetada, sobretudo, o litoral alentejano e o Algarve, devido à falta de chuva e de estruturas de aprovisionamento de água, problemas que assegurou que têm vindo a ser reportados.

“A pluviosidade acima da média que se verificou em novembro e dezembro foi demasiado concentrada no tempo, não permitindo uma progressiva infiltração de água nos solos e uma conveniente reposição dos recursos hídricos subterrâneos, de tal modo que nesse aspeto a situação este ano poderá, inclusivamente, ser mais grave do que no ano anterior”, sublinhou.

A CAP lamentou que, neste momento, ainda não estejam disponíveis quaisquer ajudas para os agricultores e criticou o facto de o Governo não ter pedido atempadamente a ativação do fundo de crise da Política Agrícola Comum (PAC), à semelhança do que Espanha fez.

“Tem sido recorrente, a falta de iniciativa e a subalternização dos agricultores portugueses face aos espanhóis por parte deste Governo”, assinalou.

O secretário-geral da CAP lembrou ainda que, sempre que os custos de produção sobem ou que os agricultores são forçados a reduzir a sua produção, “o aumento do preço dos produtos disponibilizados aos consumidores torna-se inevitável”.

No entanto, não prevê a escassez de bens alimentares, tendo em conta que Portugal integra o mercado comum da União Europeia.

De acordo com o índice ‘PDSI — Palmer Drought Severity Index’, citado pelo Governo, no final de abril, verificaram-se 40 municípios na classe de seca severa e 27 em seca extrema, o que corresponde a cerca de 40% do território.

Para isto contribuíram as temperaturas “acima do normal”, as ondas de calor e a reduzida precipitação em março e abril.

Em declarações hoje aos jornalistas, no Fundão, a ministra da Agricultura afirmou que os dados técnicos suportaram o despacho de declaração do estado de seca, o que torna possível “acionar um conjunto de medidas no âmbito dos apoios aos agricultores”.

Maria do Céu Antunes pormenorizou que essas ajudas tanto podem decorrer do pedido único do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), como “outro conjunto de medidas” para as quais se está a pedir autorização a Bruxelas, uma das quais as terras em pousio poderem ser utilizadas para a pastorícia.

A ministra admitiu que “a expectativa é que a situação tenda a piorar” e a tutela vai “acompanhar com grande proximidade”.

Segundo a governante, das 65 albufeiras hidroagrícolas acompanhadas, com planos de contingência aprovados, 60 têm a campanha de rega assegurada, fruto da chuva de dezembro e janeiro.

Últimas do País

A população residente em Portugal aumentou pelo sexto ano consecutivo em 2024, totalizando 10.749.635 pessoas, mas o envelhecimento demográfico acentuou-se, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgados.
Um polícia foi hoje agredido com uma arma branca no Prior Velho, no concelho de Loures, e encontra-se internado em estado “reservado”, disse à agência Lusa fonte do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP.
A presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, garantiu hoje que os municípios estão disponíveis para discutir a revisão da lei eleitoral para as autarquias, aguardando por uma proposta concreta do Governo.
O apagão de abril resultou de uma "combinação de fatores" que provocaram elevada sobrecarga de tensão que o sistema elétrico de Espanha foi incapaz de absorver por diversos motivos, incluindo "má planificação" do operador, revelou hoje o Governo espanhol.
A época de exames nacionais começa hoje com mais de 160 mil alunos do 11.º e 12.º anos inscritos para realizarem até ao final do mês as provas que permitem concluir o ensino secundário e concorrer ao superior.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) está a realizar buscas hoje de manhã em Lisboa, em Loures, Sintra, Amadora e Odemira, no âmbito de agressões ocorridas na Rua do Benformoso, na capital, anunciou aquela força de segurança.
Um sismo de magnitude 2,4 na escala de Richter foi hoje sentido no concelho de Peniche, no distrito de Leiria, sem causar danos pessoais ou materiais, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Treze doentes permanecem internados no serviço de urgência da Unidade Local de Saúde (ULS) de São José, em Lisboa, alguns já há muitos dias, apenas à espera de uma resposta social, alertou à Lusa o enfermeiro Paulo Barreiros.
O Tribunal de Braga aplicou hoje penas entre os oito e os 14 anos de prisão a um grupo internacional acusado de introduzir na Península Ibérica, por via marítima, grandes quantidades de cocaína dissimulada em contentores de fruta.
As farmácias podem a partir de hoje ter acesso imediato à informação sobre a disponibilidade dos medicamentos, permitindo saber se a quantidade disponível de determinado fármaco é limitada, se está em rutura ou até sem ‘stock’ no distribuidor.