A greve que hoje afeta a operação da CP, com especial incidência nos revisores e nas bilheteiras, levou à supressão de 715 comboios em 985 programados entre as 00:00 e as 18:00, de acordo com dados da operadora.
A transportadora revelou que se efetuaram apenas 270 comboios neste período, um nível de supressão de 72,6%.
No longo curso, foram suprimidos 43 comboios de um total de 58 estimados e, no regional, em 236 previstos não se realizaram 179.
Nos urbanos de Lisboa, dos 465 programados foram suprimidos 328 e, no Porto, de 199 estimados não circularam 145.
Nos urbanos de Coimbra, foram suprimidos 20 comboios em 27 previstos.
A greve foi convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), que resolveu manter a paralisação depois de uma reunião esta terça-feira com o Governo, apesar de outras três organizações terem desconvocado ações semelhantes.
“Fomos afetados com a questão da retirada dos revisores das marchas, vamos perder postos de trabalho e estamos a ser, na distribuição do aumento complementar, discriminados face a outros trabalhadores”, disse, Luís Bravo, do SFRCI, à Lusa, esta terça-feira.
Referindo-se à decisão do Estado de conceder um aumento intercalar de 1%, Luís Bravo disse que a CP, com a “urgência do acordo com o sindicato dos maquinistas”, acabou por “absorver grande parte desse orçamento”, ficando os outros trabalhadores “muitos lesados”.
“Há esta falta de equidade que está a gerar desigualdades incompreensíveis. E põe em causa os nossos postos de trabalho”, disse, indicando que “o secretário de Estado ouviu, está a avaliar as questões”, mas não deu ainda resposta.
Por sua vez, Bruno Martins, porta-voz da CP, em declarações por escrito hoje à Lusa garantiu que os postos de trabalho dos revisores “nunca estiveram em risco”.
“Pelo contrário, estamos em processo de recrutamento para aumentar a nossa equipa, com 70 novas vagas abertas para revisores”, assegurou.
Bruno Martins disse ainda que “todos os trabalhadores da CP irão receber um aumento intercalar médio de cerca de 50 euros”, salientando que “isso significa que, em média, cada trabalhador terá um aumento de cerca de 140 euros em 2023”.
A CP anunciou hoje que tinha chegado a acordo sobre a atualização intercalar de salários com a maioria dos sindicatos, com exceção do SFRCI.