Produtores de vinho esperam ano positivo mas reclamam mais apoios à internacionalização

Os produtores de vinhos acreditam que, apesar do impacto da guerra da Ucrânia nos custos de contexto, 2023 vai ser um ano positivo para o setor que, reclama, contudo, mais apoios à internacionalização.

“A maior parte das vendas do Vinho do Porto são para o estrangeiro, viajar para vender é caro, portanto acho que nesse sentido é importante haver mais apoios”, afirmou o enólogo da The Fladgate Patenership, David Guimaraens, que marcou presença na 19.ª edição da Essência do Vinho, que decorre no Palácio da Bolsa, no Porto.

Até domingo, o certame, que espera atrair cerca de 20 mil visitantes, terá à prova mais de 4.000 referências de vinho de 400 produtores, juntando nomes consagrados e novos autores num programa que combina provas comentadas e harmonizações, numa organização conjunta da Essência, Co. e da Associação Comercial do Porto, com o apoio da Câmara do Porto.

Em declarações à Lusa, o enólogo da holding que teve como fundador a Taylor’s e que detém o The Yeatman Hotel, em Vila Nova de Gaia, deixou ainda um apelo dirigido ao Ministério da Agricultura, reclamando uma alteração das regras existente para a região demarcada do Douro.

“Apelo a que de uma vez por todas se altere as suas regras para refletir a realidade e não continuarmos a viver a mentira em que estamos há demasiados anos. É um apelo muito direto ao Ministério da Agricultura na sua instituição reguladora que é o Instituto do Vinho do Porto para que por uma vez todas, altere a regra que a mesma videira não pode produzir duas denominações de origem com regras diferentes”, declarou, acrescentando que esta incapacidade de mudar “está a sufocar a atividade de viticultor”.

À Lusa, David Guimaraens, não escondeu ainda que, apesar da “boa performance” que o mercado português teve em 2022, com o prolongamento do conflito armado na Ucrânia, que os produtores de vinho terão de ser mais criativos.

“Estamos modestamente confiantes. Não há razões para dizer que não será um bom ano. Pode é não ser um ano excecional. Aquilo que estamos a observar no setor do Vinho do Porto é que estamos a vender mais em valor, mas menos em volume. Nós somos obrigados a procurar vendas de Vinho do Porto de valor porque as margens dos vinhos standards e a facilidade refletir os aumentos de custo nos vinhos de entrada é mais difícil”, explicou.

Também Antonina Barbosa, diretora de enologia da Falua, empresa produtora de vinhos da região do Tejo e Vinhos Verdes, considera que “os apoios podem ser mais e mais distribuídos”, contribuindo para a internacionalização de um setor que tem também ajudado a divulgar o nome de Portugal.

A responsável que descreve como “desafiante” o ano de 2022 – ano marcado pelos impactos decorrentes da guerra da Ucrânia – admite que o prolongamento deste conflito armado pode trazer desafios adicionais em 2023, mas acredita que tal como, o ano anterior, os resultados serão positivos.

“Vamos ter um ano economicamente mais difícil, mas ao mesmo tempo também temos indicadores de que podemos, de facto, melhorar o nosso desempenho e as nossas exportações”, afirmou.

Otimismo partilhado pela organização da Essência do Vinho que, apesar dos impactos causados pela guerra na Ucrânia no setor, vê como positivas as perspetivas para 2023, em linha com “os bons resultados” registados nos últimos.

“Penso que para já não há nenhum sinal que nos diga que não iremos continuar a subir. Obviamente que a questão da subida de preços dos materiais secos e das questões energéticas, se refletem sempre em alguns mercados, mas o vinho português tem um preço, na minha opinião, baixo relativamente aos nossos concorrentes como França, Espanha e alguns países da América do Sul. Portanto, penso que este ligeiro aumento de preço não irá afetar as nossas exportações”, explicou, Nuno Pires, responsável pela organização.

Tal como os produtores, reconhece, contudo, que são necessários mais apoios à internacionalização de forma a solidificar a estratégia de crescimento em que o setor tem apostado nos últimos anos.

“Infelizmente os valores para a promoção são demasiado baixos. É o que temos para trabalhar, mas há regiões do mundo em que só uma região tem quase tanto valor para promoção como o nosso país todo. São coisas que espero eu que, num futuro próximo, venham a melhorar”, defendeu, salientando a importância dos apoios à internacionalização para o setor dos vinhos.

Pela primeira vez a edição deste ano foi antecedida da estreia do Wine & Travel Week, que decorreu, na Alfândega, de 16 a 23 de fevereiro, um evento profissional que levou ao Porto a indústria mundial do enoturismo.

“Como fizemos com a Essência do Vinho em 2004, quisemos criar um evento de posicionamento para promover a imagem do nosso país e dos nossos produtos”, explicou Nuno Pires, fazendo um balanço “muito positiva” do evento que em conjunto com a Essência do Vinho contou com a presença de cerca de 300 convidados internacionais de 29 nacionalidades.

Últimas do País

O presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) anunciou hoje que o regulador vai analisar contratos de seguros de proteção ao crédito, onde vê sinais de “algum desequilíbrio” na relação contratual com os clientes.
O casal acusado de triplo homicídio em Donai, no concelho Bragança, em julho de 2022 foi hoje condenado a 25 anos de prisão e ao pagamento de uma indemnização à família das vítimas de 225 mil euros.
Um casal foi condenado a dois anos e nove meses de prisão, suspensa na sua execução, por enviar mensagens de telemóveis falsas a cobrar supostas dívidas em nome da EDP, revelou hoje a Procuradoria-Geral Regional do Porto.
“Vocês não respeitam nada. Uma cambada de racistas, um gangue de racistas.” Ataques e insultos dirigidos a líder parlamentar e deputados do CHEGA levaram comandante a intervir e a chamar a polícia.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição avisa: prepare a carteira. Carne, peixe, fruta e legumes poderão subir até 7% já no próximo ano. Custos de produção disparam, exigências europeias apertam e o retalho admite que, apesar dos esforços, não vai conseguir travar totalmente os aumentos.
O número de livros impressos editados em 2024 caiu 14,3% para um total de 11.615 e o preço aumentou 2,6% face a 2023, revelou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentam hoje de manhã tempos de espera de cerca de 12 horas para a primeira observação, segundo dados do portal do SNS.
A direção-executiva do SNS está hoje reunida com a ULS Amadora-Sintra para procurar soluções para reduzir os tempos de espera nas urgências neste hospital, que classificou como “o principal problema” do SNS neste momento.
A CP informou hoje que se preveem “perturbações na circulação de comboios” na quinta-feira e “possíveis impactos” na quarta e sexta-feira devido à greve geral convocada para dia 11 de dezembro.
Só no último ano letivo, chegaram às escolas mais 31 mil alunos estrangeiros, um salto de 22% que está a transformar por completo o mapa demográfico do ensino em Portugal.