Marcus Santos, Conselheiro Nacional do Partido CHEGA, nasceu no Rio de Janeiro em 1979 e aos 30 anos recebeu um convite para vir trabalhar em Portugal. Reside no Porto desde então onde é professor e empresário. O seu coração divide-se entre o Brasil e Portugal e, no que toca a futebol, entre o Flamengo e o FC Porto.
Enquanto cidadão de origem brasileira como vê a visita do Presidente do Brasil, Lula da Silva, a Portugal, ainda mais numa data tão simbólica para o nosso país como é o 25 de Abril?
Em primeiro lugar, como brasileiro, sinto-me envergonhado por, atualmente, o Chefe de Estado do Brasil ser Lula da Silva, um homem condenado a 12 anos de prisão pelo crime de corrupção. Depois, como português naturalizado, sinto uma profunda tristeza ao ver a imposição do nosso governo, com o aval do Presidente da República, ao fazer este convite numa data comemorativa tão importante para nós portugueses. Vejo toda esta situação como um total atropelo da separação de poderes, uma vez que o Presidente Marcelo (em conluio com o Governo), já haviam convidado Lula da Silva há algum tempo, desrespeitando assim, a nossa Assembleia da República. Este facto, veio confirmar o que muitos de nós já sabíamos: que o Partido Socialista, bem como os outros partidos de esquerda, se veem como os donos do 25 de Abril e da nossa liberdade!
Como pensa que esta visita vai ser recebida pela comunidade brasileira no nosso país?
Eu creio que os brasileiros que vivem no nosso país legalmente e que contribuem para o nosso crescimento se sentem envergonhados e acredito que muitos, de forma pacífica e ordeira, irão mostrar a sua insatisfação ao lado dos milhares de portugueses que consideram uma afronta e um absurdo a visita de Lula da Silva nesta data tão importante para Portugal.
Acredita que eventuais protestos contra a presença de Lula da Silva em Portugal podem manchar as relações entre os dois países?
Não acredito que os protestos possam manchar a relação entre os dois países, antes pelo contrário. Estes protestos, a existirem, vão mostrar que estamos solidários com os brasileiros no combate à corrupção, uma vez que tem sido um cancro nos dois países. Portugal e Brasil têm sido vítimas do socialismo há décadas e, consequentemente, da corrupção.
Relativamente ao tema do racismo e da xenofobia considera que Portugal é um país estruturalmente racista?
De forma nenhuma, não considero. Não existem países racistas, mas sim, pessoas racistas, e as mesmas podem ser negras ou brancas porque, ao contrário da narrativa que os partidos de esquerda e extrema-esquerda querem fazer passar, também há negros que são racistas.
Já foi vítima de alguma atitude racista ou xenófoba em relação a si?
Sim, já fui alvo de comentários preconceituosos, inclusivamente no Brasil. Comentários estes que me foram feitos por um negro, como eu. Mas não posso considerar o Brasil um país racista, pois factos isolados não podem classificar toda uma sociedade.
Como considera que Portugal recebe os seus imigrantes?
O povo português é um povo maravilhoso e acolhedor, mas também muito orgulhoso da sua história, tradição e cultura. Quem vem por bem, legalmente, e que procura integrar-se na nossa cultura e contribuir para o desenvolvimento do país, é sempre bem-vindo e bem acolhido, tal como eu fui.
Entende que Portugal, ou qualquer país, deve receber indiscriminadamente toda a gente, sem qualquer critério?
Não, não entendo, pois, o nosso país é a extensão da nossa casa. Posso dar o exemplo do Presidente da República e o do nosso primeiro-ministro que têm, cada um, a sua residência oficial que é sustentada por todos nós contribuintes. Isso dá-nos o direito de ter livre acesso às suas residências oficiais? Não, ninguém pode entrar sem ser convidado ou estar autorizado. A questão que se coloca é, se eles, que defendem uma política de fronteiras abertas têm restrições para a entrada nas suas residências oficiais – e pessoais também terão certamente –, por que razão não defendem o mesmo para o país? Por que razão nas suas casas não pode entrar quem quiser, mas no país já pode entrar qualquer pessoa?
Considera que a existência de uma política de imigração que acautele condições para receber quem procura o nosso país pode ser considerada racista ou xenófoba?
De forma alguma, antes pelo contrário. Implementar uma política de imigração que acautele condições para quem procura o nosso país é uma forma de segurança para quem recebe e para quem chega. Quem recebe precisa de saber controladamente quem entra no país e se existem condições para receber essas pessoa (contrato de trabalho, casa, etc) e quem chega precisa de ter a certeza que está a vir para um país que o irá acolher dignamente, que terá previamente um contrato de trabalho e que não correrá o risco, por exemplo, de cair em redes de exploração como se tem visto nas notícias das últimas semanas, dormindo às dezenas em pequenos quartos no centro das grandes cidades.