Aumento de 40% nos custos de produção da Maçã de Alcobaça preocupa setor

©Maçã de Alcobaça

Os custos de produção da Maçã de Alcobaça aumentaram 40% nos últimos dois anos, mas o preço médio de venda do fruto subiu apenas 8%, refletindo-se em prejuízos para o setor, divulgou a associação de produtores.

“O ligeiro aumento de preço verificado nestes dois anos coincide com a maior preocupação alguma vez vivida pela comunidade produtora da Maçã de Alcobaça IGP (Indicação Geográfica Protegida) e sua imagem coletiva”, sustentou hoje a Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA), considerando que o aumento médio de venda do fruto não está “minimamente em linha com o aumento dos custos de produção verificados no mesmo período”.

A APMA efetuou uma análise de valores de variações comparativos de várias organizações de produtores de Maçã de Alcobaça IGP, correspondente à ponderação das quantidades vendidas de todas as oito variedades que fazem parte da IGP e da evolução dos seus custos de produção nas duas últimas campanhas, demonstrando que nos últimos dois anos “o preço médio de venda aumentou apenas 8%”, enquanto a inflação dos custos de produção foi de 40%.

De acordo com a associação representativa do setor, os custos de produção no campo sofreram, nesse período, aumentos de 19,7% nos salários, 75% nos fertilizantes, 45,8% nos produtos fitofarmacêuticos e biotécnicos, 83,8% no gasóleo agrícola e 21% noutros custos diversos.

Estes valores “referem-se aos quatro principais fatores de produção frutícola que representam, no campo, cerca de 80% de todo o custo de produção”, refere a APMA num comunicado em que dá nota que a estes custos se juntam os custos administrativos, os de controle e certificações, de seguros e seguros colheitas, de manutenção de equipamento, de amortizações, energia e regas e custos financeiros, os quais “registaram ainda um aumento no período em análise de 21%”.

A ponderação da totalidade dos custos referidos “considerando a incidência de cada um, nas últimas duas campanhas proporcionaram um aumento médio de produção no campo da ordem dos 35%”, refere o comunicado que dá também nota do aumento dos custos registados pós-colheita em central fruteira.

No salários, o aumento foi de 19,7%, nas embalagens 35,0%, na energia elétrica 394,0%, no gasóleo rodoviário 36,5% e noutros custos diversos 28,0%.

Na ponderação das cinco rubricas pós-colheita a APMA constata “um aumento de custo vertiginoso e assustador próximo dos 50%, ainda superior aos custos de produção no campo”.

Contas feitas, “facilmente e tristemente se verifica que o aumento da totalidade dos custos de produção e processamento de maçã de Alcobaça IGP, nas duas etapas produtivas, oscila entre os 38 e os 44%”, esclareceu a APMA, reiterando que “o aumento dos preços médios de venda do fruto, nos últimos dois anos, foi de apenas 8% para todo o universo de variedades, de destinos e de diferentes níveis de qualidade”.

Números que a APMA considera que devem preocupar “a opinião pública e os consumidores que preferem a qualidade portuguesa”, já que “a não se recuperar o equilíbrio dos custos com o preço, a produção deste tipo de alimentos vive em regime de insustentabilidade, o que a continuar dificultará ainda mais a produção dos mesmos e a oferta para a alimentar os portugueses”.

A “inflação esperada dos preços ao consumidor para este tipo de produtos, não pode corresponder à inflação média nacional, mas deveria corresponder à inflação específica dos custos de produção dos fruticultores, o que não se está a verificar, para enorme prejuízo e desmotivação da produção”, pode ler-se no comunicado.

Assim, alerta a APMA, “quem ainda tem dúvidas de onde está a razão ou origem dos aumentos dos preços tenha em atenção esta realidade e esteja atento aos setores de atividade que irão registar maiores aumentos de lucros no fecho das contas do ano”.

Ao contrário desses setores, conclui a APMA, “as famílias e empresas produtoras e de processamento exclusivo de Maça de Alcobaça IGP vão apresentar os piores resultados dos últimos 20 anos” com a larga maioria a “ apresentar prejuízos e algumas delas prejuízos significativos”.

A APMA é a entidade gestora da Indicação Geográfica Protegida “Maçã de Alcobaça” tendo como associados, empresas e organizações de produtores que produzem este fruto entre Leiria e Torres Vedras. Os associados da APMA são responsáveis pela criação de cerca de 2.500 postos de trabalho e por um volume anual de negócios de cerca de 50 milhões de euros.

Últimas de Economia

O subsídio de apoio ao cuidador informal deixa de ser considerado rendimento, anunciou hoje o Governo, uma situação que fazia com que alguns cuidadores sofressem cortes noutras prestações sociais, como o abono de família.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter os juros inalterados, como era esperado pelos analistas e mercados, segundo foi hoje anunciado após a reunião de dois dias.
Os títulos de dívida emitidos por entidades residentes somavam 319.583 milhões de euros no final de novembro, mais 1.200 milhões de euros do que no mês anterior, segundo dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal (BdP).
A taxa de juro no crédito à habitação encontradau 4,7 pontos para 3,133% entre outubro e novembro, mas nos contratos celebrados nos últimos três meses a taxa levantada pela primeira vez desde abril, segundo o INE.
Sete em cada 10 jovens dizem não conseguir ser financeiramente autónomos e a maioria ganha abaixo do salário médio nacional, segundo um estudo que aponta o custo da habitação como um dos principais entraves à sua emancipação.
O Governo aprovou hoje o aumento do salário mínimo nacional em 50 euros em 2026, de 870 para 920 euros (brutos), anunciou hoje o ministro da Presidência após o Conselho de Ministros.
A Comissão Europeia estima que os preços da habitação em Portugal estejam sobrevalorizados em 25%, sendo esta a percentagem atual mais elevada na União Europeia (UE), sendo também um dos piores países nas variações no poder de compra.
A Comissão Europeia vai propor esta terça-feira um alívio nas regras de ajudas estatais da União Europeia e limites ao alojamento local para promover acesso à habitação acessível no espaço comunitário, sendo Lisboa uma das cidades comunitárias mais pressionadas.
Dez instituições sociais açorianas não vão pagar o subsídio de Natal aos trabalhadores por dificuldades financeiras devido a atrasos da República nas transferências e o Governo Regional disse hoje que está disponível para ajudar a ultrapassar o problema.
Metade dos pensionistas por velhice recebia uma pensão abaixo dos 462 euros, apesar de a média de 645 euros, segundo dados analisados por economistas do Banco de Portugal (BdP), que assinalam ainda as diferenças entre géneros.